quinta-feira, 24 de agosto de 2017

SERRA DO POÇO

 SERRA DO POÇO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.721

SERRA DO POÇO. Foto (Clerisvaldo B. Chagas).
A serra do Poço faz parte do Maciço de Santana do Ipanema, Médio Sertão de Alagoas. Possui um pouco mais de 500 metros de altura. Embora esteja distante da cidade em cerca de seis quilômetros, faz parte dos montes que circundam a urbe. É majestosamente avistada de quase todos os pontos urbanos e parece ter sido uma das primeiras áreas a ser habitadas na história do município, mesmo sem habitações contínuas. Já foi celeiro de frutas, andu, fava e plantas medicinais da região sertaneja. Com o esvaziamento do espaço – cujas novas gerações preferiram viver na cidade – falta de mão de obra, não renovação dos pomares, desmatamento e exaustão das terras, a serra do Poço empobreceu.
 Houve tempo, quando a serra ainda era o Jardim do Éder, em que vários rapazes quiseram comprar terras no topo. A ideia  era construir cabanas para usá-las durante as neblinas de inverno e as aragens do verão; refúgio de férias e fins de semana. Mas os projetos de arranque ficaram apenas nas mesas do “Biu’s Bar” da Rua Delmiro Gouveia. E se todos os produtos apresentados como sendo da serra do Poço eram garantidos, garantida continua sua altitude, aragens, frieza e neblina das estações. O Gugi, a Camonga, Caracol (citada no primeiro documento sobre Santana) Remetedeira, são serras que ainda hoje aguardam o incentivo do turismo no sertão na forma de paisagismo, trilhas, chalés e escaladas.
A serra do Poço divide-se pela metade em terras de Santana do Ipanema e do Poço das Trincheiras, município vizinho, daí a sua denominação. Os dois principais acessos à montanha, saindo do centro de Santana, é pelo sítio Água Fria. O outro é pelo sítio Salgado no lugar conhecido como “Fazenda de Seu Didi”. Essa é a antiga estrada de terra que passa por outros sítios como Camoxinga dos Teodósios e Pinhãozeiro em direção a Águas Belas, Pernambuco. Foi aberta pelo prefeito Pedro Gaia em 1938, o mesmo prefeito que fez a primeira reforma física da prefeitura.

Ambos os acessos foram sempre péssimos e nem é preciso bater nessa velha tecla enferrujada. Mas a paisagem que você vai contemplar do cimo, compensará a língua de fora se a subida for a pé.

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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

FERREIRINHA

FERREIRINHA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.722

MARCELLO, FERREIRINHA, CLERISVALDO. Foto: (Arquivo Clerisvaldo).
A contribuição de artistas para o próprio município continua com a máxima de Jesus de que “ninguém é profeta em sua terra”. Na sua contribuição versátil à cultura popular, o poeta, compositor e cantor Ferreirinha iniciou sua vida artística abrindo caminho no sertão para a música sertaneja, ainda tabu nessa região interiorana. Tabu porque só se ouvia o forró sem vez para a música de raiz do distante Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Foi ele quem enfrentou a indiferença pela chamada atualmente de “música sertaneja” daquelas regiões, formando dupla com Ferreira. A dupla cresceu e passou a ser convidada para espetáculos nos mais diferentes lugares em Alagoas, Pernambuco e Bahia. Ganhou muitos aplausos de multidões em praças públicas, notadamente em festas de vaquejadas e de política. Com o passar do tempo, a única dupla sertaneja de Santana do Ipanema se desfez. José Cícero Barbosa, o Ferreirinha, então, passou a cantar sozinho pelos mesmos espaços já conquistados com o colega.
Talvez pela sua humildade Ferreirinha ainda não tenha sido reconhecido como o artista mais mutável da terrinha: canta sertanejo, toca viola, declama poesias matutas, improvisa, canta serestas e compõe. Faz parte do coral da Igreja Matriz de São Cristóvão, da AGRIPA e do nosso círculo de amizade. Acometido por um mal muito difícil, Ferreirinha venceu mais essa etapa. Após a cirurgia realizada na cidade de Arapiraca, o artista repousa em sua residência sob os cuidados e carinho dos seus familiares. Graças a Deus vai se recuperando bem do abalo que veio para sua provação.
Terça-feira passada, eu e o escritor Marcello Fausto estivemos com o valoroso Ferreirinha, com os mimos de amizade e respeito profundo, tanto pelo homem quanto pelo artista. Repetimos para ele o que nos disse o forrozeiro Manoel Messias, o Imperador do Forró: “Quebrou uma peça da gráfica para que lhe desse tempo de recuperação para o lançamento do livro 230”. E Ferreirinha, lépido, passou a cantar meu cordel presenteado “A Igrejinha das Tocaias; sua história”.

Esta semana voltaremos lá novamente quando ouviremos sua viola que só falta falar.

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