domingo, 5 de agosto de 2018

VOLTANDO À CALÇADA ALTA DA PONTE, CRIANDO TEORIAS, DEFENDENDO TESES


VOLTANDO À CALÇADA ALTA DA PONTE
CRIANDO TEORIAS, DEFENDENDO TESES.
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
     Crônica: 1.957

Colégio construído no entulho do riacho. (Foto: B. Chagas).
Há muito tempo tive curiosidade sobre a região onde está assentado o Colégio Estadual professor Mileno Ferreira, em Santana do Ipanema. Para os profissionais da Geografia coisas diferentes no espaço chamam atenção. Criei para mim mesmo a tese de que o riacho Camoxinga, antigamente, foi bastante represado pelo rio Ipanema e, seus sedimentos trazidos formou a região do Colégio. Antes ali era a fazenda do senhor Frederico Rocha, cujo terreno sempre pareceu formado das areias do riacho Camoxinga. Com o tempo, após haver formado a pequena planície de aluvião, o riacho teve seu curso desviado e formou outro percurso até o rio Ipanema que é o percurso atual. Não havendo ninguém na cidade que discuta essas coisas, a tese ficou adormecida.
Sábado, ao retornar à missa na Matriz de Senhora Santana, encontrei-me com o senhor Manoel Fontes (85 anos) e ele, sem ser geógrafo, apenas um observador das coisas como eu, confirmou a minha segunda tese. Disse-me ele que toda aquela parte da calçada alta da ponte, foi construída pela natureza pelo represamento das águas do riacho Camoxinga. Formou-se ali uma região de detritos trazidos pelo riacho, represados pelo remanso do rio Ipanema que envolve a Rua da Calçada Alta da Ponte que precisou de muito alicerce para sua formação naquela altura, em cima da areia do riacho Camoxinga. A altura foi para não ser surpreendido pelas cheias do rio e do riacho que eram mais altos e não havia barragem no leito de toda a região. Disse-me ainda seu Manoel que demolir as casas da rua para nivelar por baixo, volta-se ao nível do riacho Camoxinga antes da formação da pequena planície de areia e que representaria o mesmo perigo das construções que fizeram no leito do Ipanema e do riacho. Esse foi o segundo entulhamento do riacho Camoxinga, envolvendo toda a região da chamada Ponte do Urubu, após entulhar a região do Colégio Estadual. Sendo que aí o riacho não se desviou e sim, criou uma ravina como saída.
O rio Ipanema e o riacho Camoxinga eram altos e foram escavados pelas águas até o nível atual. Divido com o senhor Manoel Fontes as duas teses sobre o riacho Camoxinga, entregando a Santana esse documento virtual que indica a falta de planejamento para expandir a cidade há muito. Este é o único documento em que se fala deste assunto. Deveria ser guardado como relíquia histórica e geográfica do riacho Camoxinga, pelos registros do patrimônio de Santana do Ipanema.
E sobre o ato de demolir ruas e alicerces, não é problema nosso.


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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

SEU FRANCELINO


SEU FRANCELINO
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.956
 
Vassourinha-de-botão. (Foto: Reprodução/Flor de Lis).
No Sertão, todo mato serve para alguma coisa. Para comer, para medicamento, para males físicos via espiritual. Podemos afirmar com toda ênfase que a vegetação sertaneja é uma grande farmácia ao ar livre. Desde a raiz da perigosa urtiga até árvores frondosas como a quixabeira. Desde quando os indígenas sertanejos da colonização passaram para os nossos antepassados brancos seus conhecimentos medicinais que a flora vem sendo utilizada. Mesmo nos tempos atuais, as pessoas sertanejas continuam recorrendo aos conhecimentos dos nossos avós. Aliás, os próprios remédios de farmácia vieram das plantas, primeiros socorros naturais da humanidade. O que se exige hoje é um maior cuidado ao usar a fitoterapia.
Como criança, o mais antigo rezador que cheguei a conhecer e precisar dos seus serviços foi o senhor Francelino. Já em torno dos sessenta anos, morava o homem no lado de baixo da Rua São Pedro. Franzino, educado, paciente e solícito, bastava mandar chamá-lo para o seu comparecimento. Identificado o incômodo, seu Francelino ia até o outro lado da rua sem calçamento e apanhava três pés de “vassourinha”, entre as pequenas plantas da via. Mandava o paciente sentar perto da porta aberta e passava o ramo murmurando as suas orações. Ao final da reza – que nem demorava muito – as plantinhas murchavam e eram jogadas por ele no meio da rua. Em pouco tempo o doente ficava curado e até saía pulando igual a cabrito.
Não queremos fazer propaganda da vassourinha-de-botão (família das Rubiaceae) dizendo que ela é utilizada em chás contra asma, diabete, hemorroidas, varizes, ameba, dermatoses, erisipela, febre, vômitos e tosse. Estamos apenas dando um balanço na vida com tantos males chegando da alma, do interior, da consciência e da boca do Homem. E nas circunstâncias buliçosas da vida moderna, às vezes nos encolhemos e nos acovardamos diante de forças que não sabemos combater. Colocando fogo no cachimbo – igualmente aos pajés das tabas selvagens – deixamos subir a fumaça do espiritualismo alentador...
Ah! Quanta falta faz SEU FRANCELINO.







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