VOLTANDO À CALÇADA ALTA DA PONTE
CRIANDO TEORIAS, DEFENDENDO TESES.
Clerisvaldo B.
Chagas, 6 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.957
Colégio construído no entulho do riacho. (Foto: B. Chagas). |
Há muito tempo tive
curiosidade sobre a região onde está assentado o Colégio Estadual professor
Mileno Ferreira, em Santana do Ipanema. Para os profissionais da Geografia
coisas diferentes no espaço chamam atenção. Criei para mim mesmo a tese de que
o riacho Camoxinga, antigamente, foi bastante represado pelo rio Ipanema e,
seus sedimentos trazidos formou a região do Colégio. Antes ali era a fazenda do
senhor Frederico Rocha, cujo terreno sempre pareceu formado das areias do
riacho Camoxinga. Com o tempo, após haver formado a pequena planície de aluvião,
o riacho teve seu curso desviado e formou outro percurso até o rio Ipanema que
é o percurso atual. Não havendo ninguém na cidade que discuta essas coisas, a
tese ficou adormecida.
Sábado, ao retornar à
missa na Matriz de Senhora Santana, encontrei-me com o senhor Manoel Fontes (85
anos) e ele, sem ser geógrafo, apenas um observador das coisas como eu, confirmou
a minha segunda tese. Disse-me ele que toda aquela parte da calçada alta da
ponte, foi construída pela natureza pelo represamento das águas do riacho
Camoxinga. Formou-se ali uma região de detritos trazidos pelo riacho, represados
pelo remanso do rio Ipanema que envolve a Rua da Calçada Alta da Ponte que
precisou de muito alicerce para sua formação naquela altura, em cima da areia
do riacho Camoxinga. A altura foi para não ser surpreendido pelas cheias do rio
e do riacho que eram mais altos e não havia barragem no leito de toda a região.
Disse-me ainda seu Manoel que demolir as casas da rua para nivelar por baixo,
volta-se ao nível do riacho Camoxinga antes da formação da pequena planície de
areia e que representaria o mesmo perigo das construções que fizeram no leito
do Ipanema e do riacho. Esse foi o segundo entulhamento do riacho Camoxinga,
envolvendo toda a região da chamada Ponte do Urubu, após entulhar a região do
Colégio Estadual. Sendo que aí o riacho não se desviou e sim, criou uma ravina
como saída.
O rio Ipanema e o
riacho Camoxinga eram altos e foram escavados pelas águas até o nível atual. Divido
com o senhor Manoel Fontes as duas teses sobre o riacho Camoxinga, entregando a
Santana esse documento virtual que indica a falta de planejamento para expandir
a cidade há muito. Este é o único documento em que se fala deste assunto.
Deveria ser guardado como relíquia histórica e geográfica do riacho Camoxinga,
pelos registros do patrimônio de Santana do Ipanema.
E sobre o ato de
demolir ruas e alicerces, não é problema nosso.
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