quinta-feira, 8 de novembro de 2018

SILOÉ E A IGREJINHA


SILOÉ E A IGREJINHA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.002
 
Primeira igrejinha. Foto: Livro 230.
Em Santana do Ipanema, a segunda igrejinha do serrote do Cruzeiro, foi construída sobre as ruínas da primeira. Isso aconteceu em torno dos anos 60, através do, então, deputado Siloé Tavares.  Deve ter sido motivo de promessa assim como a igrejinha do Padre Cícero no Lajeiro Grande e mesmo a primeira do serrote. Houve muita festa nas faldas do monte.  Todo dia tinha feijoada para os trabalhadores e para a bandinha de pífanos que acompanhava os trabalhos, animando o povo. Muita gente subia o serrote carregando tijolos à cabeça. Era um sobe e desce de formiguinhas ao som do zabumba, cujo movimento era visto e ouvido pela parte sul da cidade.
Na passagem do século XIX para o século XX, foi colocado no chamado Morro da Goiabeira, um cruzeiro de pau para marcar a importante data. O lugar passou a ser denominado serrote do Cruzeiro. Na mesma data também foi construída a igrejinha/monumento dedicada a Nossa Senhora da Assunção. Em torno de 1915, foi edificada a primeira igrejinha do Cruzeiro, através do sargento Antides, como motivo de promessa. Como essa capela não resistiu ao tempo, veio à segunda construção através do deputado. O alto passou desde cedo a ser visitado pelos santanenses, caracterizando-se como o monte sagrado da cidade.
Mas a segunda capela – dedicada a Santa Terezinha – também ruiu. Depois de anos de intervalo, pessoas abnegadas construíram a terceira capela sobre as ruínas das anteriores. Isto aconteceu nos anos 90, cuja igrejinha saiu com estilo diferente. Felizmente esta terceira capela ainda resiste. Vez em quando pessoas sobem o morro para pagamento de promessa, mas as visitas mais frequentes acontecem durante a Semana Santa. A paisagem das cercanias vista do serrote do Cruzeiro mostra beleza e uma paz infinita. Difícil afirmar ser santanense e não conhecer o monte santo da Rainha do Sertão.
Um recolhimento espiritual significativo.

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terça-feira, 6 de novembro de 2018

SANTANA TINHA CARTAZ



SANTANA TINHA CARTAZ
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2001
 
CARTAZ NO POSTE. (FOTO: LIVRO 230).
Fazendo leitura de fotografia antiga, notamos a figura discreta do cartaz. O cartaz era uma superfície de madeira de, aproximadamente, dois metros de comprimento por oitenta centímetros de largura. Possuía dois pés para se apoiar em qualquer tipo de solo e uma corda para abraçá-lo ao poste determinado. No máximo era afixado em dois lugares, mas tinha o seu ponto preferido na esquina do casarão à esquerda da Matriz de Senhora Santana. Ali era o famoso Hotel Central de Maria Sabão, como  central também era o poste de luz diferenciado. O cartaz anunciava o filme do dia, primeiramente, do Cine Glória, cinema situado à Rua Coronel Lucena. Mas também anunciava os embates dos times de futebol Ipanema X Ipiranga, agremiações locais que causavam frenesi na multidão.
O cartaz ficava mais chamativo quando surgia nitidamente pintado de branco ao fundo, destacando o anúncio. Não temos lembrança de quem o colocava no ponto, mas havia um funcionário chamado Roque, no cinema, que parecia ser o transportador. O próprio Cine Glória também possuía o seu painel de anúncios de filmes, distribuídos na parede interna. Pelas grades vazadas que serviam de porta, dava muito bem para que os transeuntes ficassem bem informados das novidades. No dia em que o cartaz faltava no ponto central, criava expectativa.
Outras formas de anúncios eram realizadas na época, como por exemplo, através do sistema de autofalantes distribuídos na cidade, tanto em postes quanto no alto dos prédios. Posteriormente, o cartaz passou a servir ao Cine Alvorada, construído no Centro para substituir o Cine Glória. Nunca soubemos de nenhum vandalismo praticado nos anúncios. O cartaz era ponto de encontro de todos e por isso mesmo bastante respeitado.
Houve época em que apelidamos o lugar como A Esquina do Pecado, em alusão ao filme. Ali nos degraus das casas comerciais se reuniam naturalmente a juventude para discutir os problemas do mundo.
E a vida continua.

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