domingo, 22 de setembro de 2019

CHAPÉU, CHAPEUZINHO, CHAPELÃO


CHAPÉU, CHAPEUZINHO, CHAPELÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.185

CHAPÉU DE COURO. FOTO/DIVULGAÇÃO
Numa sociedade do couro onde proliferava a caatinga, havia a necessidade do uso de um chapéu forte. Assim, o vaqueiro, o carreiro e o tirador de leite, sempre usaram o chapéu de couro no cotidiano. Ele fica velho, mas nunca tem fim. Protegia e protege o homem contra espinhos e garranchos da vegetação agressiva, principalmente o vaqueiro. No geral, todos usavam chapéus contra o sol robusto do Sertão. O uso do chapéu de palha (do coqueiro ouricuri) acontecia mais entre os agricultores, os que trabalhavam com a enxada e instrumentos similares. É leve, não esquenta em situação alguma, mas não dura muito em época de chuvas. Já o chapéu de couro, era mais sofisticado quando feito de couro de veado, assim como algumas alpercatas, couro nobre e macio. Extinto o bicho, o couro do bode ocupou o seu lugar.
A classe média do Sertão e os coronéis usavam o chapéu de baeta ou de massa. As abas enormes pertenciam aos coronéis e aos ciganos que percorriam os sertões. As abas menores e curtas eram usadas pela classe média. Raramente se avistava um boné. Este pareceu surgir com o automóvel, quando o sertanejo dizia: “homem de boné, ou é corno ou chofer”. Os chapéus de palha eram vendidos nas feiras, amontoados no chão. Os chapéus de massa, nas lojas das cidades, vilas e povoados. Quanto ao chapéu de couro podia ser encontrado nas feiras ou feitos de encomenda pelos inúmeros artesãos de sítios e povoados. Nem faltava o couro nem a palha, matérias abundantes na região. Os modelos de chapéu de couro, ainda hoje variam de acordo com o estado de origem.
Os chapéus de couro dos cangaceiros foram uma evolução e modismo do cangaço com: aumento de tamanho das abas e enfeites diversos. A confecção era praticamente a mesma, sempre encomendada a grandes mestres do couro. Nem todo cangaceiro, usava o típico chapéu do cangaço. São várias as fotos apresentadas com chapéus comuns de vaqueiro, abas curtas, pelos bandidos. O chapéu cangaceiro elevava a estima do usuário e metia medo na população desarvorada.
Quanto à compra do chapéu na feira, não existe número. É como na casa do chinês, deu na cabeça, leva.
E o sujeito sai todo ancho, peito erguido feito pavão, de chapéu novo.

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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

JUAZEIRO



JUAZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.184

MUSEU DO HORTO
Em Juazeiro do Norte, existe um monumento construído em homenagem ao padre Cícero Romão Batista. A estátua está locali zada na Colina do Horto onde há uma pequena igreja e um museu. Foi esculpida por Armando Lacerda em 1969. O engenheiro responsável pelos cálculos de engenharia da base da estátua foi Rômulo Ayres Montenegro. Antes, projetada com sete metros, foi redimensionada para 27 metros de altura. Padre Cícero nasceu no dia 24 de março de 1844 (no Crato), e faleceu em 20 de julho de 1934, com 90 anos de idade. Foi escolhido o “Cearense do Século”, em março de 2001. Em julho de 2012 foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos. Juazeiro ganha milhões de visitantes durante o ano todo com o movimento da religiosidade.
A paisagem vista do Horto para os arredores, não deixa de ser bonita, embora os pontos procurados fiquem muito distantes. Muita gente, apesar de ser dia comum, comércio ambulante de pequi e do seu óleo, chamava atenção. Dificilmente o romeiro não trás óleo de pequi do Juazeiro. Comprovadamente bom contra pancada e torcicolo. O movimento é continuado entre a estátua, à igreja e o museu. Várias pessoas circulando de joelhos o sopé da imagem, pagando promessas difíceis alcançadas. Ao deixarmos o Horto, chuva forte começa e arrasta uma das pontes da região.
Na cidade, uma das ruas estreitas do comércio parece um formigueiro de tanta gente. Defronte a Igreja de Nossa Senhora das Dores, amontoado de roupa vendido a preço ínfimo e inacreditável. Vários ourives no pátio vendendo ouro à moda antiga. Missa de hora em hora e padres galegos empurrando livretos de cordéis na venta dos presentes. Comércio de santo quase de graça, sem sentimento religioso nenhum. Cada quintal uma pequena indústria e o território inteiro cheio de histórias e misticismo.
Chega uma chuva forte de repente e a praça central se esvazia.  Ninguém sabe onde entraram os ourives. A chuva prolonga-se pela noite adentro. Notícia de morte em enxurrada. Juntam-se os panos, micro-ônibus lotado de mercadorias deixando o Juazeiro.
A chuva vem terminar em Poço das Trincheiras, Alagoas.































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