terça-feira, 12 de novembro de 2019

CAMINHADA, ZÉ


CAMINHADA, ZÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 1019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.215
PROFa. DIVA  NO RIO IPANEMA EM CAPELINHA.(FOTO: B. CHAGAS)

Para quem gosta de natureza e aventura, nada como caminhar pelas trilhas sertanejas. Quem tem força nas pernas pode escolher as serranias onde as paisagens compensam qualquer esforço físico. Em caminhadas mais leves os terrenos planos e ondulados também oferecem seus encantos. Os rios periódicos ou intermitentes, quando secos deixam lugares exuberantes: Poços grandes e pequenos; vegetação variadíssima adaptada ao sal das areias grossas; animais como teiú, cobras, besouros, formigas, raposas e passarinhos nos lugares de maior umidade. No Sertão alagoano pode ser através dos leitos de rios como o Traipu, Ipanema, Capiá e seus afluentes que sempre oferecem lugares aprazíveis nos pedregulhos.
E foi assim que subindo o leito do Ipanema desde o local urbano Barragem fui encontrando surpresa pelas veredas. Sim, pelas veredas marginais, pois ninguém suporta caminhar por dentro da calha arenosa. Num lugar mais estreito, verde e solitário, deparei-me com a estátua do padre Cícero dentro de um pequeno oratório gradeado sob uma pedra escura. E mais na frente chego à pirâmide santanense em pleno leito do rio dividido em dois braços. O lugar é apontado pela sociedade Rosa-Cruz, como pirâmide construída por alienígenas. Vou ao cimo, vou à loca enfrentando urtigas e marimbondos. À frente encaro o Poço Grande ou Poço do Boi (já aterrado), mas não consigo enxergar o desenho natural da cara do ruminante no enorme lajeiro, como outros enxergam.
E após quilômetros rio acima, encontro muita solidão e silêncio no campo. Tentando desviar uma trilha maior, entro por uma vereda para cortar caminho e levo mais um susto dentro do mato. Uma imagem de Nossa Senhora colada sobre uma pedra cercada de vegetação. Calculo rapidamente o tamanho da imagem em trinta centímetros, ornando aquele esquisito de caatinga.
E sem encontrar “um único pé de pessoa” até ali, ajeito o malote, contemplo o ambiente e rapidamente retorno às bases.
A impressão é que você está sozinho no mundo.
Valeu. “Valeu o boi”.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/11/caminhada-ze.html

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

SANTANA: DOIS FATOS HUMORÍSTICOS



SANTANA: dois fatos humorísticos
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.214
COMÉRCIO DE SANTANA. (CRÉDITO: B. CHAGAS).

O senhor Pedro Cristino, conhecido por Seu Piduca, possuía casa comercial enormemente sortida. Só não vendia gêneros alimentícios. Também era dono de olaria que prestou inestimáveis serviços a Santana do Ipanema. Atualmente seus descendentes ainda estão no mesmo ponto do comércio com o título de Casas das Tintas. Um homem de bem de alta qualidade. Ali, nós, os meninos, comprávamos ximbras coloridas, pinhão, faca salva-vidas, canivete, ponteira, linha de náilon e anzol. Certa vez chegou um esperto viajante e foi tentar vender apitos a Seu Piduca. Ele recusou. O viajante foi até à praça do centro convocou uma porção de garotos, deu dinheiro a cada um e mando-os de cinco em cinco minutos comprarem apito.
O garoto chegava pedia um apito e Seu Piduca dizia que estava em falta. Após umas dez procuras, o comerciante mandou um empregado procurar com urgência o vendedor de apitos. Comprou todo o estoque do cidadão e nunca mais vendeu o primeiro bichinho de soprar.

Seu Carola (ô) ou Caroula, o dono de farmácia, Cariolando Amaral, vendia maná armazenado num frasco grande na última prateleira, a mais alta de todas. Dava um trabalho danado, tirar o vidro, pegar o produto, embrulhar e deixar o frasco novamente na última prateleira.
A molecada combinou fazer uma presepada com o homem. Reuniram-se alguns “maloqueiros” e dando certo tempo de um para o outro, chegavam e pediam: “Seu Carola quero quinhentos réis de maná”. Quando chegou ao sexto freguês, não suportando mais o tranco por tão pouco, seu Carola, respondeu ao cliente mirim: “Vá comprar maná na casa da gota serena, seu fio da peste!”.
E foi assim que o galegão Cariolando Amaral, com sua gravatinha borboleta, nunca mais vendeu maná em Santana do Ipanema.



                                                                                     

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/11/santana-dois-fatos-humoristicos.html