SANTANA:
dois fatos humorísticos
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
O senhor Pedro
Cristino, conhecido por Seu Piduca, possuía casa comercial enormemente sortida.
Só não vendia gêneros alimentícios. Também era dono de olaria que prestou
inestimáveis serviços a Santana do Ipanema. Atualmente seus descendentes ainda
estão no mesmo ponto do comércio com o título de Casas das Tintas. Um homem de
bem de alta qualidade. Ali, nós, os meninos, comprávamos ximbras coloridas,
pinhão, faca salva-vidas, canivete, ponteira, linha de náilon e anzol. Certa
vez chegou um esperto viajante e foi tentar vender apitos a Seu Piduca. Ele
recusou. O viajante foi até à praça do centro convocou uma porção de garotos,
deu dinheiro a cada um e mando-os de cinco em cinco minutos comprarem apito.
O garoto chegava
pedia um apito e Seu Piduca dizia que estava em falta. Após umas dez procuras,
o comerciante mandou um empregado procurar com urgência o vendedor de apitos. Comprou
todo o estoque do cidadão e nunca mais vendeu o primeiro bichinho de soprar.
Seu Carola (ô) ou
Caroula, o dono de farmácia, Cariolando Amaral, vendia maná armazenado num
frasco grande na última prateleira, a mais alta de todas. Dava um trabalho danado,
tirar o vidro, pegar o produto, embrulhar e deixar o frasco novamente na última
prateleira.
A molecada combinou
fazer uma presepada com o homem. Reuniram-se alguns “maloqueiros” e dando certo
tempo de um para o outro, chegavam e pediam: “Seu Carola quero quinhentos réis
de maná”. Quando chegou ao sexto freguês, não suportando mais o tranco por tão
pouco, seu Carola, respondeu ao cliente mirim: “Vá comprar maná na casa da gota
serena, seu fio da peste!”.
E foi assim que o
galegão Cariolando Amaral, com sua gravatinha borboleta, nunca mais vendeu maná
em Santana do Ipanema.
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