quinta-feira, 28 de maio de 2020

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NAMORANDO NA FEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.
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 FOTO: B, CHAGAS/ARQUIVO
(FOTO: DIVULGAÇÃO)



Não sabemos os critérios de espaçamento de pessoas e outras providências, mas amanhã, sexta-feira, haverá mais uma edição da Feira da Agricultura Familiar, em Santana do Ipanema, no Bairro Monumento, defronte a Secretaria da Agricultura e vizinha à Caixa Econômica. Já conhecida popularmente como “Feirinha”, o movimento antecede a grande feira do sábado, quando expõe ali produtos da terra sem nenhum tipo de veneno. A feirinha já conquistou espaço e gente para a compra dos seus produtos da terra, do criatório, das artes e da culinária campesina. Um dos  ítens da “Feirinha” que conquista a clientela exigente, é a sua limpeza no chão, nas bancas e no entorno, coisa não observada na feira grande dos sábados. Aliás, as barracas são padronizadas e atrativas. O que você espera encontrar? Raízes, hortaliças, frutas e legumes, galináceos, doces diversos diretamente do campo, não faltam.
Sempre aparecem aqueles produtos que quebram a rotina como a castanha assada, mel de abelha de flores da caatinga, coco verde, feijão-de -corda, ovos de capoeira e ovos caipiras da Associação local. Encontramos ainda artesanato de tecidos e sucatas. Os produtos não possuem atravessadores, são vendidos diretamente ao consumidor, melhorando assim a renda dos agricultores familiares que praticam a chamada agricultura de roça. O cliente também é beneficiado pois o compromisso é ofertar produtos se agrotóxicos e de qualidade. O cliente fiel da “Feirinha“ ainda pode fazer encomenda para a próxima sexta, dos produtos do campo: um pavão, um peru, ovos de guiné ou mesmo ervas medicinais que não faltam nas diversas comunidades.
As feiras em geral, iniciaram na Idade Média, quando os camponeses levavam seus produtos para a parte externa dos castelos, conseguindo chegar aos dias atuais. Lamentavelmente, os aglomerados sem critérios de organização e higiene fazem desses encontros semanais, também um foco de imundície que tange muita gente para os supermercados. Estamos falando das feiras grandes e gerais, que não conhecem regras de civilidade nem freios.  Mas a Feira da Agricultura Familiar em todas as cidades do estado, traz uma organização estudada desde o início.
Fui procurar um amigo e o encontrei na “Feirinha”. Achei estranho pois o amigo nunca foi de fazer feira, mas a resposta estava exposta: “Estava namorando cara”. Essa você não compra, conquista. Sei não... Só sei que será amanhã no Bairro Monumento.

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quarta-feira, 27 de maio de 2020

AINDA A MINHA RUA


AINDA A MINHA RUA
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.312
Rua Antônio Tavares, revolvendo a terra para calçamento, anos 70. (FOTO:DOMÍNIO PÚBLICO). 

Rua Antônio Tavares, mesmo sendo a primeira rua de Santana, fora o quadro comercial, levou décadas e décadas para receber algum tipo de benefício. Rua de passagens de boiadas, carros de boi e cavaleiros, rua de ximbras, bolas, pinhões...  Rua de comerciantes e artífices, Corredor de fogo das fogueiras de São João, dos desfiles de bandas de música e procissões da Padroeira. Ignorada pelo poder público, somente dominou o solo de terra em torno dos anos 70. Não havia essa coisa de “gestor” e, sua metade, salvo engano, foi calçada com paralelepípedos pelo prefeito Henaldo Bulhões e a outra metade, pelo prefeito em exercício, Jaime Chagas. As varandas de fundos do seu casario contemplam do alto o rio Ipanema, os serrotes Gonçalinho e Cruzeiro e as habitações da área da Rua Santa Quitéria e Conjunto Eduardo Rita, além do rio Ipanema.
Como toda a Santana, abandonada pela gestão de certo prefeito,  acumulou o lixo na via, metralha e mais, num serviço estúpido de demérito para tudo que já havia sido. Somente a poucas semanas foi louvada com cobertura asfáltica, vestindo-se a rigor e recebendo uma crescente movimentação de veículos e sendo valorizada no seu lado físico e na  tradição. Antes, parte da estrada do coronel Delmiro Gouveia, para Palmeira dos Índios, Quebrangulo e Garanhuns, depois, roteiro para Maceió  via Bebedouro/Maniçoba. Rua que mantinha o equilíbrio social e alimentava o progresso crescente da urbe.  Rua que registrava todo o movimento da AL- 130, visto das suas varandas privilegiadas.
Foi ali construída a Cadeia da vila, sinal na época de bastante prestígio. Rua da primeira Salgadeira de carne-de-sol, da primeira tipografia, do primeiro Sindicato Patronal, da primeira gráfica, da primeira delegacia, do primeiro Quartel de combate a cangaceiros e talvez da primeira fábrica de sabão e de vinagre. Era a rua que avistava primeiro a chegada do transporte Neusa na AL-130; espécie de vã que abastecia as bodegas com guloseimas marcas Neusa, loucura da criançada. Vamos aguardar a liberação da quarentena para uma visita formal à rua que me criou e as irmãs que ainda por ali moram.
Abençoadas raízes.
Orgulho Sertão.




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