quinta-feira, 27 de agosto de 2020

 

APOSENTADORIAS DOS JEGUES

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.374

JEGUE EM CACIMBA DO RIO SECO IPANEMA, APROXIMADAMENTE EM 1966. (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).

  Os mais de cem jumentos que abasteciam Santana com água salobra das cacimbas do rio Ipanema, alcançaram alforria. A partir do dia 31 de março de 1966, os asininos iniciaram seus descansos daquele mister com a inauguração da água encanada vinda do rio São Francisco. Com a chegada da Adutora de Belo Monte, houve uma grande euforia e festividade nas ruas de Santana do Ipanema. A comemoração, os discursos políticos aconteceram em cima do palanque da “Sorveteria Pinguim”, situada no Bairro Monumento. Presente o governador Major Luís soltando piadas e mandando o povo quebrar as cisternas da cidade com a chegada da água nas torneiras. Isso, três anos após a o triunfo da luz elétrica de Paulo Afonso.

Para ser agradável, o governador enviou um ônibus para os alunos do Ginásio Santana conhecerem a captação de água na Adutora de Belo Monte. Fui um dos estudantes que acompanharam esse passeio, mas algumas pessoas que não eram alunas, também aproveitaram a oferta governamental. Assim saímos conhecendo as pequenas cidades do trajeto: Olho d’Água das Flores, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha e Belo Monte. Estava em voga as primeiras canções do cantor Agnaldo Timóteo, sucesso absoluto nessas cidades por onde passávamos. Conhecemos tudo e fomos comprar lanche numa mercearia quando um dos nossos acompanhantes se desentendeu com o merceeiro. Houve discussões brutas, o comerciante apresentou-se como militar, o nosso acompanhante respondeu que também era militar. Algumas pessoas apaziguaram os ânimos dos dois arrogantes valentões.

Voltamos de Belo Monte enfadados, mas felizes com o conhecimento adquirido. Já pensou, sair para passear e voltar com uma tragédia! Esses dois acontecimentos, luz e água em Santana, foram verdadeira catapulta para o seu desenvolvimento que continua em 2020 com todo vapor. As aventuras do passeio estudantil logo se espalharam pela cidade como um privilégio secundarista.

Após a água encanada, o jerico, merecidamente, ganhou estátua em praça pública. E nós, mais do que adolescentes, continuamos estudando no Ginásio Santana para não virarmos jumentos.


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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

 

A SEDE DOS ARTISTAS

Clerisvaldo B, Chagas, 27 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.372

           A sede ficava defronte o Tênis Club (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)
Pedi ao poeta e compositor Remi Bastos, famoso santanense, que me enviasse um seu artigo publicado na Internet: “A Sede dos Artistas e os óculos de Benedito”. O artigo é humorístico, mas tem sua parte séria, um documentário que faltava na história de Santana do Ipanema. Extraí apenas a parte séria e pediria até pelo amor de Deus que o Departamento de Cultura da nossa cidade, acolha essa crônica e a coloque em uma pasta específica e bem identificável da nossa história. É que nada tem escrito sobre aquele tão importante clube santanense. O artigo de Remi torna-se um documento/ testemunho extremamente raro. Resgata a memória apagada de arquivo morto ou que não existe nem morto nem vivo. O prédio já demolido. Afora a parte humorística, vejamos na íntegra o que escreveu Remi:

“Muitos conheceram a Sede dos Artistas, porém, poucos tiveram o prazer de desfrutar dos seus recreios festivos. A sua fundação teve início nos meados da década de 50 e, provavelmente concluída, no entardecer desta mesma década. Artistas, tais como, marceneiros, pedreiros, pintores, sapateiros e alguns comerciantes santanenses, de mãos dadas ergueram aquele prédio na Avenida Prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, onde durante muitos anos conseguiu fazer felizes as famílias humildes com as suas programações festivas. Ainda me lembro dos nomes de alguns dos seus fundadores: Oscar Silva, Antônio D’arca, Tributino, Seu Duca, Evilásio, Luiz Benvindo, Antônio Dantas, José Cirilo, o sapateiro Bié, etc. A Sede dos Artistas ficava em frente ao clube social da cidade, Tênis Clube Santanense. Existia um preconceito, quanto ao acesso dos sócios da Sede ao Tênis Clube em dias de festa, sobretudo, durante o carnaval, o que não acontecia o contrário. Naquela época, este último, ostentava o conceito de clube da aristocracia, onde alguns elementos diziam ser a Sede o clube das peniqueiras (empregadas domésticas), o que não tinha procedimento, uma vez que este simples clube era frequentado por famílias decentes, honestas e humildes, ou até mesmo por meia dúzia dos ditos aristocratas”.

*Baseado no artigo de Remi Bastos “a Sede dos Artistas e os Óculos de Benedito.

Obs. O artigo completo de Remi está na Internet.

 

 

 


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