domingo, 28 de março de 2021

 

VACINA, SIM

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.499

 







     E vamos nós para o Bairro e Rua São Pedro onde estava havendo vacinação, 24 de março. Chegada a nossa vez, não podíamos vacilar na bênção da Ciência, embora encarando tudo com normalidade. No sistema drive-thru, a Saúde bem organizou o lugar e o trânsito. Os automóveis seguiam pela Rua Antônio Tavares, atingiam a Rua São Pedro, abaixo da praça onde se encontrava a equipe da Saúde, vacinavam seus idosos e seguiam em frente até o final da do trajeto onde subiam pela primeira ladeira e escolhiam suas opções. 15 horas, o movimento estava fraco e apenas pegamos um automóvel na frente, nenhum atrás de nós. Uma tranquilidade.  Documentos à mão, rapidamente atendidos e a expectativa da agulhada. Sorte de encontrar alguém da mão de seda. Apenas uma picada de mosquito, nenhuma reação, como se não tivéssemos sido vacinados. Agradecimentos ao pessoal da Saúde, ao santo do bairro; dever e direito cumpridos, retorno a casa e espera da segunda dose.

Tudo isso fazia lembrar a vacinação contra a varíola, acontecida no tempo de criança no Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Naquela ocasião, nós, os alunos, fomos vacinados por uma equipe volante da Saúde e que era usada para “arranhar” o nosso braço, uma espécie de pena de escrever (ainda hoje carrego a cicatriz). Lembro-me ainda de uma única pessoa da equipe de Vacina que era o primo Zé Chagas. A epidemia da varíola foi tão aterrorizante quanto o Covid de hoje. No rio Ipanema já havia uma loca natural para onde eram conduzidos os infectados. Ali, ou escapavam ou morriam.

Tempos difíceis aqueles. Vi muitas pessoas pintadas com as manchas na pele. Cenas desagradáveis, principalmente quando se tratava de pessoas da pele negra quando se acentuavam as marcas terríveis da doença. Há alguns anos atrás, subi o rio Ipanema e fui até o lugar denominado Poço Grande, onde havia “a loca dos bexiguentos”. Fica numa ilha do rio onde o Ipanema se divide em dois braços. Afirma um místico santanense que aquilo é uma pirâmide construída por alienígenas e que até já recebera equipe da Sociedade Rosa-Cruz do Paraná que atestaram às rochas místicas.

Nunca mais andei por aquelas bandas.

Xô, xô... Epidemias!

SÃO PEDRO, PRAÇA DA VACINA (FOTO: ACERVO B. CHAGAS)

 

 


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sexta-feira, 26 de março de 2021

 

PERGUNTA NO AR

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.498

 



 

Pergunta-me o escritor João Neto Félix se eu tenho algum registro oficial de quem construiu o prédio que hoje representa o Museu Darras Noya. Não tenho e nunca ouvi falar quem teria sido o construtor do edifício, um casarão piso de tábuas, inúmeras janelas e duas entradas/saídas. Localizado em pleno Centro Comercial o magnífico prédio faz lembrar os últimos anos de Santana/vila ocasião em que surgiram as grandes construções tanto para moradias quanto para o aluguel comercial.  Ouvi dizer que ali já foi a moradia do Maestro fundador da primeira banda de Santana, Manoel Queirós, conhecido como Seu Queirós. O homem também era coletor federal e fazia parte do primeiro teatro santanense. Fica a dúvida se foi ou não o próprio Queirós o construtor da casa grande com um sótão sob a madeira.

É sabido também que ali morou gente famosa com o Dr. Arsênio Moreira, o médico do 70 Batalhão de Polícia, o primeiro clínico de fora a atuar em Santana.

Da minha parte, o morador mais antigo que eu conheci morando naquela enorme residência, foi a filha do Maestro Queirós. Salvo engano, Antéa era solteira e habitava o casarão já em idade avançada quando a conheci. Branca, alta, educada e prestativa Antéa era intelectual. Quando o museu foi transferido para aquele casarão, a própria filha de Seu Queirós passou a tomar conta daquele patrimônio a si confiado. Recebia e explicava as peças com a maior deferência, pois vivenciara o tempo de quase todo o mostruário do museu.

Lembro-me muito bem quando a filha do maestro dissertava para nós a queda da ponte de madeira sob o riacho Camoxinga, em 1915.  A casa de Antéa possuía um longo jardim que tomava todo o oitão direito da Igreja Matriz, limitado por muro de alvenaria. A construção do Salão Paroquial, pelo padre Luís Cirilo Silva, avançou sobre o jardim que atualmente não mais existe. Também não sei dizer ao certo se a filha de Seu Queirós tinha o “I” de Anteia ou não. O que dava para notar, era apenas a dedicação daquela pessoa simpática que parecia também fazer parte das peças do museu.

O que acho engraçado é que o prédio do museu falava de tanta coisa da nossa antiga sociedade, porém calava a respeito da sua própria construção... Quem sabe! Talvez nunca tenham perguntado sobre isso.

MUSEU DARRAS NOYA. Livro 230/B. CHAGAS).


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