terça-feira, 28 de junho de 2022

 

ESPIANDO O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.724

 

Continuam nossas chuvas mansas todos os dias; raramente o Sol tem aparecido para tirar o mofo das coisas, deixar os varais mais animados, esquentar os tiús e os preás nos lajeiros e nos fornecer mais Vitamina D. Assim anda nosso inverno sertanejo, verde, bem chuvoso e frio que chega aos l9 graus. Quem caminha pelas nossas estradas vicinais, estradas de terra, até se surpreende com lugares de muita lama. Vez em quando está arregaçando as calças, tirando os sapatos para vadear pequenos riachos da exuberante caatinga. Tem água agora por todos os lugares, o que faz entristecer dono de caminhão-pipa sem outra profissão. É o mês de junho entregando o tempo ao parceiro julho em condições claras de boa economia rural. Os santos juninos foram generosos com os sertanejos alagoanos, muito embora os festejos estivessem sem a força robusta da tradição.

E por falar nisso, continuam as visitas e mais visitas à represa do riacho João Gomes, o novo ponto turístico do município. Um verdadeiro mar d’água, amigo (a). E ainda na represa, paredão/ ponte com asfalto por cima, benefício duplo para a região. E para quem interessa o tema, junto ao Secretário Jorge Santana, conseguimos saber onde estão localizadas as nascentes do riacho que hoje é a sensação da terrinha. Aqui vai ao público em primeira   mão: o riacho João Gomes possui duas nascentes principais. O sítio serrote dos Angicos é uma delas e está localizada dentro do próprio município santanense. A outra cabeceira fica no sítio Serrote da Furna, já município de Carneiros.

 Enquanto um braço corre para os fundos da represa, outro chega à barragem mais pelo meio, mas ambas as nascentes fazem parte da mesma vertente da margem direita do riacho João Gomes. A esperança de todo homem da roça, é que as águas acumuladas de um bom inverno (chuvoso) cheguem até às prováveis trovoadas, três ou quatro meses depois. É certo que barragens importantes já estão fazendo esse papel, mas, nem todos os lugares possuem esses reservatórios. Entretanto, disse o Mestre: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”. Isso tanto vale para o homem da cidade quanto para os que habitam os campos.

Fé, é a palavra-chave.

O ETERNO DRAMA DA ÁGUA (FOTO: B. CHAGAS).


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domingo, 26 de junho de 2022

 

 

SEBASTIÃO DE NARBONNE

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.723

 


Originário de Narbonne (França) 256-288 e cidadão de Milão, Itália, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável.

Com o nome de São Sebastião foi construída no antigo Comércio de Santana Vila a Igreja particular com esse padroeiro. Aproximadamente, em 1915, a poderosa família Rocha escolheu a esquina de um beco para edificar a obra e, o beco também passou a ser conhecido como o Beco de São Sebastião. Essa via é passagem obrigatória do comércio para a Rua Prof. Enéas ou Rua de Zé Quirino e pode chegar, após, ao rio Ipanema, justamente por trás do Comércio.

Portanto, a Igrejinha de São Sebastião, em Santana do Ipanema, aniversaria este ano com suas 107 velinhas. É um templo discreto, pouco notado por quem passa e quase sempre se encontra fechado. Já foi motivo de embate com a Paróquia no final do século passado quando um remanescente daquela família se movimentou para tomá-la e transformar a capela em ponto comercial à venda. Não conseguiu devido à forte reação popular.  Quando o templo de São Sebastião se encontra raramente aberto, causa admiração ao transeunte que não perde tempo para ali adentrar e fazer suas orações ao mártir tão conhecido e amado do catolicismo brasileiro.  Embora pareça nem existir, quando fechado, é um dos edifícios históricos mais importantes do Comércio santanense.

O Beco São Sebastião marcou muito nas festas de Senhora Santana. Por ali desciam para o rio Ipanema muitos casais clandestinos. Ponto certo de soltar foguetes e bombas durante os festejos à santa. Já a igrejinha de São Sebastião foi palco de muitas missas, lugar de entrega nos Domingos de Ramos e cenário para o Terço dos Homens. Muito querido do sertanejo, o chamado Mártir   São Sebastião é padroeiro em lugares como Monteirópolis, povoado Areias Brancas e Poço das Trincheiras. Suas festas atraem multidões de fervorosos devotos, munícipes e visitantes. Mas a igrejinha fechada é como se não existisse, uma pessoa de cabeça baixa de tristeza no meio da multidão.

Parabéns Igrejinha pela sua história e seus 107 anos de existência!!!

Viva São Sebastião!!! Viva a Igrejinha!

 

IGREJA E BECO SÃO SEBASTIÃO. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 

 

 


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