quarta-feira, 6 de setembro de 2023

 

CARACÁRA – 10

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de setembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.957

 



Foi muito boa a viagem. Vegetação verde de Santana do Ipanema a Maceió. Neblina suave na estrada e o sol lutando para vencer as nuvens transparentes e esparsas. No trecho Cacimbinhas – Palmeira dos Índios, alegria na fauna. Encontramos 10 carcarás entre ambas as cidades. Individualmente, entre 1 km de um para o outro, esses predadores estavam em alerta, aguardando vítimas de atropelamentos na pista BR-316, principalmente no trajeto Cacimbinhas – povoado Minador do Lúcio. Coincidentemente, na mesma latitude em linha reta para a AL-??/ Batalha – Jaramataia, onde essas presenças são costumazes.  Mas agora não eram apenas dois ou três carcarás, na pista, mas sim 10 indivíduos muito bem contados por nós.

Esse claro sinal de tantos carcarás no ambiente de origem  representa a resistência que está sendo vitoriosa. O carcará é uma espécie de ave de rapina, família dos falcões, mede 50 a 60 centímetros de comprimento e sua envergadura fica em torno de 123 centímetros. O carcará come carcaças, répteis, anfíbios, aves, restos de lixo, frutos e grãos. Ataca bezerros e borregos novos. A denominação vem do tupi, caracará, por causa do som parecido cuja ave, emite. De qualquer maneira, é prazeroso saber que a espécie ameaçadas de extinção, voltou a povoar o espaço sertanejo.

O carcará ficou melhor conhecido No Brasil, quando o escritor e compositor santanense José Cândido, lançou a música “Carcará”, com letra sua e musica de João do Vale, causando grande sucesso no país e cantada por vários astros de primeira magnitude da música popular brasileira. Quem não se lembra da estrofe: “Carcará... Pega, mata e come...”? Carcará é bicho malvado e temido, porém, ao mesmo tempo amado por ser bicho da nossa fauna e lutador tal qual o homem do semiárido.  Fica, portanto, registrado a boa notícia de expansão de um bicho do bioma Caatinga, tão maltratada quanto a própria sofrença do bioma.

Eles, os carcarás, apareceram tanto que chegou a vontade de jogar no bicho, mas no jogo proibido não existe o carcará. O que fazer? Jogue na águia que também é parente do matador de borregos. Mas, jogar nos bichos é tão proibido quanto o tiro matador. Deixemos viver também o Carcará.

CARCARÁ (AUTOR NÃO IDENTIFICADO)


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sábado, 2 de setembro de 2023

 

PIRANHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 3/4/5 de agosto de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.956

 



Piranha remonta ao século XVII quando o lugar era chamado “Tapera”, naturalmente pela existência de um rancho pobre na beira do rio. Conta a tradição que um caboclo pescou uma piranha grande num riacho, próximo, mas chegando em casa havia esquecido o cutelo. Mandou buscar o cutelo no riacho da Piranha e assim a denominação ganhou corpo com o tempo. Houve muitas marchas e contramarchas, mas o nome Piranhas firmou-se definitivamente na cidade e novo município. Piranhas cresceu e se emancipou de Pão de Açúcar. Possui uma população de mais de 25.000 habitantes chamados piranhenses. A padroeira da cidade é Nossa senhora da Saúde comemorada em 2 de fevereiro. Piranhas, situada à margem esquerda do Rio São Francisco está a 88 metros de altitude e a 269 quilômetros de Maceió.

A cidade tem relevo ladeiroso em afastamento do rio, casas coloridas e distribuição como um presépio. Essa expressão cidade-presépio foi dita por mim, na penúltima vez que ali estive e nunca tinha ouvido essa expressão antes. Piranhas vive do comércio, da agropecuária, da pesca e, atualmente, do turismo paisagístico e do turismo do cangaço, pela proximidade do lugar sergipano onde morreu Lampião.  Vale salientar que a hidrelétrica de Xingó, representa também um atrativo turístico durante o ano todo. Ali, o saudoso cantor Altemar Dutra, sempre estava a visitar e cantar pelas noites românticas e enluaradas da cidade-presépio. Uma visita, vinda de Maceió, mesmo que seja de apenas um dia, vale à pena e fica sempre com o gosto de “quero mais”.

 A cidade já possuiu estrada-de-ferro com a linha Piranhas Jatobá-PE e que também foi utilizada por forças volantes de combate ao cangaço. Pode-se alugar canoa e guia para uma viagem até a Grota dos Angicos, Sergipe, onde foi assassinado o cangaceiro maior. Modestas pousadas, banho no rio, mirantes espetaculares, visita a hidrelétrica de Xingó, passeio nos cânions e culinária do São Francisco podem lhe deixar apaixonado.  Depois da primeira novela da Globo, no lugar, Piranhas passou a ser conhecida e cobiçada no Brasil inteiro.  Se eu fosse você, reuniria à família e mandava ver pneu na estrada.

PIRANHAS (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 

 


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