domingo, 17 de novembro de 2024

 

O CALUNGA

Clerisvaldo b. Chagas, 18 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 147



 

Após o carro de boi que carregou esse Brasil pesado em sua mesa, surgiu o caminhão que entrava pelas trilhas alargadas pelo carro de boi e chorava na rampa de terrenos brutos. O motorista, na época chamado chofer, precisava entender um pouco de motor para eventuais problemas pelos esquisitos caminhos. Tinha prestígio sim, por todos os lugares aonde rodava. Mas, o que chamava atenção mesmo era o seu inseparável ajudante, chamado pelo próprio chofer e pelo povo de “calunga”. O calunga servia para carregar nas costas as mercadorias do caminhão, carregar e descarregar, era essa a função principal.  Mas também servia para colocar o cepo na roda traseira do veículo quando este parava nas ladeiras. Cepo de madeira com três quinas e um cabo que evitava uma possível pulada de marcha e uma descida surpresa com prováveis acidentes.

Pois bem, no meu romance” Fazenda Lajeado”, apresentamos uma cena em que um caminhão carregado de couros e peles é parado por cangaceiros perto de Pão de Açúcar. O episódio é muito forte e realista. É ali onde se vê a frieza do chofer e o pavor do calunga. Mas isso o leitor viverá quando adquirir Fazenda Lajeado que ainda não foi lançado oficialmente. E por falar nisso, quem conheceu em Santana o famosos Miguel Mão-de-onça, tem dele o relato da falta de um calunga quando fora pegar uma carga no estado do Maranhão. Nenhum dos presentes quis ajudá-lo a carregar o caminhão e ele teve que sozinho, fazer às vezes de calunga. Amaldiçoava o lugar chamando aquele povo de preguiçoso. Mas... Isso era opinião dele.

Atualmente, meus prezados e prezadas, um caminhão, por mais simples que seja, só falta falar de tanta tecnologia. Mesmo assim, o atrativo, a sedução pela máquina do momento, continua dentro dos que acham romântico um caminhão na estrada. E como tem gente pelos quatro cantos desse Brasil, a figura musculosa do calunga perdeu o passo do progresso e sumiu. Como já estão colocando asas nos automóveis, não duvidamos de futuras asas em caminhões para que eles pareçam nos ares com besouro mangangá. Assim o tempo vai acabando profissões antigas e modernas e apontando novas que você jamais ouviu falar. Mas, depois do sumiço do calunga será que vai na mesma trilha, o chofer, o motorista?

Como estamos viajando no tempo, logo, logo descobriremos. De calunga ao Século XXII.

CAMINHÃO FORD ANTIGO.

                                                                    


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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

 

RECORDANDO OS FERAS

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.146

 



O ano de 1986 trouxe uma novidade para Santana do Ipanema e para toda a zona sertaneja. Era fundado na cidade, o Jornal do Sertão, como encarte do fantasticamente famoso, Jornal de Alagoas, este último com sede em Maceió. Ainda no início do seu desempenho, o Jornal do Sertão, registrou o futuro lançamento de um compacto duplo por quatro jovens cantores, amigos e unidos pela música. Exatamente no dia 7 de maio, foi lançado o disco dos músicos santanenses: “Pangaré”, “Dotinha”, “Dênis Marques” e “Adeilson Dantas”. O compacto duplo saiu pelo selo Beverly (Copacabana) com as músicas: “Você chegou” de Pangaré, “Novo Horizonte”, de Dotinha (lado A, interpretadas cada uma por seus respectivos autores).

“Galopando em Emoções” de Clerisvaldo B. Chagas e Dênis, interpretada por Dênis e “Colorida”, de Adeilson Dantas, com o próprio (lado B).

“O lançamento do compacto está previsto para este mês, segundo os membros do “Som em Quatro Tempos”. Na ocasião, disse ao Jornal do Sertão um dos quatro componentes: Foram muitos anos de luta, esforços, fé e esperança para realizarmos este magnífico trabalho que sonhávamos em concretizar; podendo mostrar aos alagoanos que Santana do Ipanema, apesar de ser uma cidade do interior, tem grandes talentos da MPB.

Muito sucesso foi o trabalho dos quatro talentos de Santana. Lá na mais na frente, Dotinha mudou-se para a cidade de Arapiraca. Adeilson Dantas foi morar na vizinha cidade de Olho d´Água das Flores e faleceu no acidente anos depois numa viagem de negócios à cidade de Maravilha. Pangaré, nome do músico adotado no início de sua carreira, passou a ser Valdo Santana e, continua cantando assim como Dênis Marques, especialista em shows noturnos e muito amados e admirados pelo povo sertanejo. Mesmo tendo sido registrado pelo Jornal do Sertão, já extinto, bem como o Diário Jornal de Alagoas, mas consta o registro na página 354 do nosso livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”.

Dênis Marques segue a tradição de sempre nos encantar com suas páginas musicais em todas as ocasiões que existam lançamento de livros de Clerisvaldo B. Chagas.

Muita honra, muita honra, muita honra.

FOTO DO JORNAL DO SERTÃO, 1986.

 

 


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