quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

 

QUIXABEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.169

 



Uma das árvores mais respeitadas do Sertão é a Quixabeira. Ela é querida por uma porção de benefícios ao homem. Pode crescer até 15 metros de altura, porém, gosta muito de se esgalhar para as laterais. Isso faz com que sua copa, repleta de garranchos – sobretudo na estiagem – forme lugar para abrigo de pessoas e de animais. Produz frutos pequenos de forma grosseiramente oval, adocicados e leitosos. Verdes, arroxeados e pretinhos, são bastante apreciados pelos caprinos. Esses frutos são chamados de quixabas, comestíveis e enjoativos. Em nossa aventura a pé das nascentes à foz do rio Ipanema – o que gerou o livro IPANEMA UM RIO MACHO – e existe uma foto com a equipe acampada sob uma quixabeira, lugar onde foi preparado um almoço.

Sua casca é usada para dores em geral. Ulcera duodenal, gastrite, azia, inflamação crônica, lesão genital, inflamação ovariana, anexite, cólica, problemas renais, problemas cardíacos, diabetes, cicatrização e como expectorante. Essas são informações encontradas em fonte de redes sociais, confirmadas pelos matutos do Sertão que convivem com a árvore. Sempre ouvimos os mais velhos repetirem que quando os soldados, na cadeia, batiam muito nos presos, procuravam depois esconder as marcas das torturas com o uso de jurubeba e cascas de quixabeira. Como falamos no primeiro parágrafo, faz gosto o amigo, a amiga, se deparar com um rebanho de bovinos ou caprinos descansando à sombra da Quixabeira. Parecem um idoso numa cadeira de balança no alpendre de casa.

E para quem não sabe, a vara-de-ferrão, usada pelo carreiro – condutor do carro de boi – é feita de quixabeira, sapecada no fogo. Certamente o caso de “Quixabeira Amargosa”, nome antigo do atual povoado São Félix, município de Santana do Ipanema, tenha sido de alguma anomalia da Natureza, em que os frutos da árvore referência tenham nascidos amargos. Informamos ainda que sua madeira é usada em carpintaria e confecções artesanais. E como você viu, pode ser até que a Quixabeira não seja tão famosa quanto o Mandacaru, quanto o Juazeiro, imortalizados por diversas canções e literaturas nordestinas, mas é mesmo uma das mais queridas árvores da flora da caatinga.

Ainda duvida?

QUIXABEIRA

 

 

 


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TARDE CINZENTA

 Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.168



 

Ontem, cedo da tarde começou o ajuntamento de nuvens no céu de Santana e, como sempre, as nossas chuvas sempre acontecem a partir das 17 horas, apostamos que elas viriam às cinco. Ao se aproximar às 16, o tempo foi começando a escurecer e na hora costumeira, invernou. Toda a abóboda celeste às vistas, virou cinza, escuro, e a chuva veio mansa igual à todas chuvaradas do ano passado. É nessa circunstância que o matuto exclama espontaneamente: Tempo rico! E esse tempo rico entrou pela noitinha com uma temperatura agradável e se prolongou numa pingadeira bem compassada, diga-se à verdade. E um meu companheiro dizia no momento sobre a rapidez com que a vegetação esturricada se recupera e vira um time do Palmeiras.

E se o espaço era cinza, escuro, mas, no Restaurante ARMAZÉM, era dourado na entrevista de Risomar e sua equipe com uma bela filmagem da nossa movimentação. E com o local da entrevista sendo em restaurante, pensam-se nas bênçãos hídricas que trarão fartura para os que vivem da Agricultura, do comércio agrícola, da mesa farta que traz alegria de viver e inspiração para esvoaçar. Vamos, então, de semiárido afora assim como o tempo navega no tempo, porque certeza mesmo de futuro ninguém de fato sabe.  Esse radicalismo do Universo, dos últimos anos tem quebrado nossa própria confiança no que antes era chamada de certeza, Só assim surge com muito maior força uma coisa chamada fé ou não surge nada.

Mas, continuemos descrevendo o tempo nesta manhã do meio do mês, em Santana. Dia belíssimo, parcialmente nublado e de desenhos de nuvens em parte do céu que nos parecem inéditos. É aquele dia que você tem vontade grande de pegar a estrada e sair por aí sem destino certo. Passeando, passeando, passeando... Pelo Sertão talvez o impulso levasse até Pão de Açúcar, Piranhas... Olho d’Água do Casado. O importante mesmo seria aproveitar o dia indo seja para onde fosse, vendo montanhas, vegetação, céu desenhado,  sentindo a magia desse dia diferente. E se tristeza não traz mesmo a felicidade para ninguém. Vamos procurar a alegria interna visitando os campos, os montes, as colinas.

Contemplando as paisagens maravilhosas que têm dentro da gente.

PRAÇA FREI DAMIÃO E O TEMPO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


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