quarta-feira, 12 de maio de 2021

 

AIVECA

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.532


 

O amanhecer em Santana do Ipanema e em todo Sertão alagoano, ultimamente tem mostrado umidade de inverno. Dias quentes, nublados, madrugadas frias, quase sempre com amostras de chuvas de pouca monta. A Natureza anima-se bastante. Entre quatro horas da madrugada até o amanhecer espanta-boiadas fazem alaridos sobrevoando rio, riachos e açudes. Formigas de asas chegam à noite pela cidade anunciando a mudança. Ou pela Covid ou pelo tempo, ruas de bairros ficam completamente desertas e não se vê nem gatos circulando para suas caçadas costumeiras.

Várias prefeituras sertanejas vão ajudando o homem do campo com tratores para aração de terras. Agricultor pobre não pode comprar máquina possante e decisiva. Ara sua terra à base de arado puxado por junta de bois, de cavalos, jumentos, numa dificuldade grande abrindo mão da velocidade que o tempo exige.

O primeiro arado do sertão alagoano, foi o arado de aiveca, introduzido na lavoura pelo, então Dr. Otávio Cabral, agrônomo do governo estadual na década de 20 que ainda trouxe várias outras novidades para o campo, inclusive a cerca de arame farpado e a criação da sementeira, estação experimental no sítio Curral do Meio II, em Santana do Ipanema. Mais de cem cavaleiros de Pernambuco vieram observar de perto as novidades rurais trazidas pelo homem que modernizou a agricultura regional. No caso, o arado de aiveca, foi a grande surpresa daquele momento. Quanto a denominação, vejamos o “Pai Véi”: Cada uma das duas peças do arado que alargam o sulco, afastando e acamando a terra dos lados.

Não vemos em nossa região aquelas grandes máquinas agrícolas mais modernas do mundo, mas para a agricultura de roça, o trator básico é sempre bem-vindo e, ofertado gratuitamente pelas prefeituras, melhor ainda. Dizia Padre Cícero ao sertanejo que perguntava quando deveria plantar: “Choveu, plantou”. É assim que estão fazendo os sertanejos alagoanos. O tempo estar parecendo inverno e a nossa mesa precisa de feijão-de corda e de arranca, milho, macaxeira, abóbora, melancia, fava e muitas outras culturas cujos produtos vão ser encontrados na feira camponesa, ao contrário da Agricultura de Plantation que exporta seus produtos. Com fé em Deus vamos aguardar para breve a fartura no campo.

E que o arado de aiveca seja um grande inspirador na produção dos campos nordestinos.

ARADO NO MUSEU DARRAS NOYA,   (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/05/aiveca-clerisvaldob.html

terça-feira, 11 de maio de 2021

 

A AVENIDA DAS ELITES

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.531



         A Avenida Coronel Lucena é a principal de Santana do Ipanema. Coronel Lucena foi o comandante de um batalhão de polícia sediado na Rainha do Sertão para combater os cangaceiros. Três das suas forças volantes acabaram o cangaço no Nordeste trucidando Lampião, Maria Bonita e mais nove sequazes (1938). Lucena foi ainda prefeito de Santana, deputado e prefeito de Maceió. Acreditamos que a Avenida em sua homenagem tenha ocorrido na década de 40. Os ricos da cidade moravam espalhados pela urbe. Quando surgiu a estrada de rodagem que hoje é representada pela BR-316, a Avenida Coronel Lucena valorizou-se muito, a ponto de atrair as elites do município.

Era ali o corredor entre o Centro Comercial e a rodagem rumo ao alto Sertão e à capital Maceió. A avenida era uma espécie de galeria para os grandes espetáculos: desfilavam os primeiros automóveis, as procissões da Padroeira, as paradas escolares, as bandas de música... Via em primeira mão as novidades que chegavam da capital. Ali moravam o padre, o prefeito, o comandante, o alto fazendeiro, o médico, o advogado, o comerciante, o juiz, o promotor... Além do funcionamento de Fórum, cinema, prefeitura e cartório. As residências eram compridas e seus quintais com portões, atingiam as ruas dos fundos.

Santana progrediu, os cabeças das elites da Avenida, faleceram gradativamente e as residências, pouco a pouco foi sendo vendidas pelos descendentes e transformadas em comércio e prestadoras de serviços. Com as sucessivas vendas de terras do seu entorno, formaram-se muitos conjuntos residenciais, condomínios... Que muito ajudaram a recolher os remanescentes da via antes cobiçada. Fica a Avenida Coronel Lucena cada vez mais bonita e brilhante com tantas lojas modernas de fachadas e interiores convidativos.

O movimento na cidade triplicou e a avenida passou a funcionar com mão única. Mesmo assim, o trânsito, principalmente, pelas manhãs, mostra toda a dinamicidade de uma cidade polo. Está para ser inaugurada mais uma clínica de alto nível, justamente defronte ao Banco do Brasil. Embora várias ruas tenham movimentos impressionantes de automóveis e pedestres, a Avenida Coronel Lucena não deixa de ser a grande reveladora das novidades, transformando-se De Crisálida em Borboleta. Tiro o chapéu.

TRECHOS DIFERENTES E DOIS MOMENTOS DA AVENIDA (FOTOS: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/05/aavenida-das-elites-clerisvaldob.html