sábado, 5 de junho de 2021

 

O SERTÃO E O CANAL

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.547


 

Pesquisando e escrevendo o livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, fomos parar no Alto Sertão alagoano no município de Delmiro Gouveia buscando o ponto extremo Oeste, hoje coberto pelas águas de grande barragem. Atravessamos para Pernambuco e fomos almoçar no lugar Volta do Moxotó. Tiramos belíssimas fotos dos municípios de Maravilha, Canapi, Delmiro Gouveia e mesmo do Alto Sertão de Pernambuco. O livro de alto nível encontra-se pronto, porém, engavetado. Não houve da nossa parte nenhuma tentativa de publicá-lo uma vez que não temos mais a matéria específica nos currículos escolares.  Caso haja interesse do município ou do estado, basta alguns retoques e estará à disposição de Alagoas.

Uma das coisas que nos chamou atenção e que fizemos questão de visitar, foi um trecho sertanejo por onde passa o famigerado Canal do Sertão. Como a tal obra não comtempla o município de Santana do Ipanema, deslocamo-nos em direção a Olho d’Água do Casado e o encontramos ainda em território delmirense. No lugar onde estávamos, não havia uma só residência pelos arredores. Somente Natureza, secura e solidão. Sem ninguém para informar alguma coisa, aproximamo-nos do canal em um ponto interessante e testemunhamos com a nossa própria máquina, a pujança da obra e a inteligência da engenharia.

Fomos após continuar a nossa jornada de retorno a Santana do Ipanema contemplado e registrando a paisagem das planuras de Delmiro Gouveia, as muralhas montanhosas da região serrana e a hidrografia representada pelo rio Capiá, o mais importante da região onde nós estávamos. Porém, o Canal do Sertão continuou por muitos dias povoando a nossa mente, não somente pela sua estrutura física, mas pelas dúvidas da sua verdadeira utilidade para o amanhã.

Achamos as divulgações longe uma das outras e insipientes. Não sabemos se foi a pandemia que arrefeceu os motivos da Imprensa e dos políticos ou porque a obra que ainda não ultrapassou a fronteira com o agreste deixou de ser novidade.

Acorda, Sertão!

TRECHO DO CANAL DO SERTÃO EM DELMIRO GOUVEIA (FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).

 


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terça-feira, 1 de junho de 2021

 

OS BONS FILHOS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.545



 

Santana do Ipanema, desde os tempos de Povoado Freguesia, conseguiu um território muito extenso com bastante terras devolutas. Limitava-se até Águas Belas, serra do Chitroá, ribeira do Capiá e Palmeira dos Índios. Os seus limites continuaram os mesmos quando adquiriu a condição de vila. Só veio perder território, praticamente, após a metade do Século XX. Pertenciam a Santana do Ipanema e que hoje são também municípios, Ouro Branco (antigo Olho d’água do Chicão), Maravilha, Poço das Trincheiras (antigo Olho d’Água da Cruz, Olivença (antigo Capim), Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira (antigo Riacho Grande) e Dois Riachos (antigo Garcia). Todos eles, enfrentando inúmeras dificuldades, conseguiram progredir e hoje são núcleos importantes do sertão e Alto Sertão.

A vagareza do carro de boi, a firmeza do casco do burro, a paciência do jumento e a elegância do cavalo, foram substituídos pela rapidez do caminhão, do automóvel... As estradas de terra deram lugar ao asfalto, à rapidez na comunicação e à dinâmica no escoamento agrícola. Dirigindo seu próprio destino, o município emancipado tinha mais condições de lutar com seus habitantes por uma melhor condição de vida. Por outro lado, a cada separação Santana ficava desobrigada de assistir essas terras num tempo carente de recursos. Essas emancipações ocorreram quando Santana ainda possuía a maior extensão territorial dos municípios alagoanos. Todos esses municípios continuam girando em torno de Santana do Ipanema que são os seus satélites.

Na realidade os novos tempos foram lapidando os gestores municipais, quando muitos tinham o município como um feudo particular. Os coronéis foram sendo substituídos por filhos ou netos pendurados na política, estudados e modificando o modo de administrar. As críticas, os meios de comunicação foram ajudando na mentalidade nova e o marasmo de antes, começou a se movimentar e depois a correr para não se tornar obsoleto. Portanto, faz gosto se fazer uma visita a qualquer um destes municípios que antes pertenciam a Santana do Ipanema, desde o maior deles ao menor. Alguns foram mais ronceiros, porém, atualmente a luta e os objetivos são os mesmos. Uns se espelham no outros e o combate por melhores dias não para. Todos aprenderam e passaram a ser (se não já eram) bons filhos da Rainha e Capital do Sertão.

OLIVENÇA (FOTO: youtub.com).

 


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