domingo, 30 de junho de 2024

 

SÃO PEDRO

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 069

 



A construção definitiva da igrejinha de São Pedro, na mesma rua, no mesmo bairro, pareceu ter sido o sinal do desenvolvimento que viria logo a seguir, naquela região de Santana do Ipanema. Uma igrejinha que vinha pelejando desde 1915 com seus percalços, finalmente ficou pronta. Assim foram surgindo zeladores e zeladoras e progressos pela vizinhança como a escola Batista Accyoly, “Bacurau”, fábrica de calçados, fábrica de mosaicos, enorme prédio de Fomento Agrícola, pracinha, calçamento, bodegas, bares e, atualmente, mercadinhos e posto de saúde. O Bairro São Pedro estirou-se, mas continua sendo um bairro voltado para o pacifismo residencial. Há poucos anos a igrejinha passou por reforma e virou igrejinha belíssima e moderna, porém, ainda é pouco movimentada em comunhão com o próprio cotidiano do bairro.

A igrejinha de São Pedro sempre abrigou a imagem de Santo Antônio que não tinha igreja própria. Inclusive, ficou famosa pela distribuição do “pãozinho de Santo Antônio”, tradição católica que diz que quem leva o pãozinho de Santo Antônio para casa, nunca mais faltará alimentos na sua residência. Geralmente guardamos o pãozinho dentro do depósito de farinha. Na década de 80, Santo Antônio ganhou a sua igreja própria no Bairro da Floresta onde é o seu padroeiro. Fica na mesma rua que leva ao Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo. Este ano de 2024, pode até não ter tido grandes atividades nas ruas da urbe, porém, ouvimos mais fogos do que no dia de São João.

A crendice popular sertaneja diz que o santo apóstolo do Cristo é quem tem as chaves do céu e é o controlador de chuvas na Terra. Nem sei se deveria dizer aqui, pois não fui autorizado a isso, mas São Pedro é o grande santo mentor do padre Cícero do Juazeiro que sempre recorre a ele nas coisas mais difíceis – dito a mim pelo próprio padre Cícero – Na verdade, São Pedro que é o santo alvo do maior número de piadas sadias do sertanejo, tem um prestígio enorme com Nosso Senhor Jesus Cristo.  Quase sempre sua imagem é apresentada com uma chave na mão. E se não é a chave das portas do céu, é a chave que abre inúmeras outras portas até chegar à principal.

Viva São Pedro!!!

SÃO PEDRO (CRÉDITO: PINTEREST).

 

 

 

 

 


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quinta-feira, 27 de junho de 2024

 

ALTO DO TAMANDUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.067



 

O Alto do Tamanduá no município de Poço das Trincheiras estar localizado na fronteira com o município de Santana do Ipanema.  Divide-se entre as duas margens da BR-316 e foi formado por quilombolas migrantes de outra sede quilombola bem perto e localizada no mesmo município à margem do rio Ipanema: Tapera do Jorge. Aliás, Tapera do Jorge foi um dos centros dispersores de negros no Sertão de Alagoas. Sua habitação imediatamente vizinha, é o sítio Baixa do Tamanduá, mas já dentro do município de Santana e tem as mesmas origens dos moradores do Alto do Tamanduá. São quilombolas também. Alto do Tamanduá não, mas a Baixa do Tamanduá, conhecida também como Lagoa do Mijo, aparece no primeiro documento sobre Santana do Ipanema que se conhece e vai se encaixando na vida moderna com essa última denominação.

Lugar agradabilíssimo e pacato, o Alto do Tamanduá com seus artesãos, sempre abasteceram a feira de Santana Ipanema com artefatos de barro como panelas, potes, porrões, pratos, brinquedos como éguas e seus caçuás, cavalos e bois, tudo de argila de boa qualidade. Essas eram as incumbências das mulheres, enquanto os artesãos trabalhavam com caçuás de cipó e balaios. Fonte de pesquisa sobre diversos assuntos, tem acesso fácil e  rápido pela sua posição estratégica na BR-316 e na fronteira de dois municípios. Também fica muito próximo do Poço das Trincheiras cidade, como seu povoado mais perto da sede. Dali da sua rua avista-se toda a beleza da serra da Caiçara, já na cidade de Maravilha.

Da Tapera do Jorge vieram duas pessoas pretas que se tornaram muito populares na segunda metade do Século XX. O carregador de malas chamado Zacarias que morava com a família no Bairro Floresta no lugar Alto do Negros; e o “Major”, zelador da Matriz de Senhora Santana e o sineiro mais famoso de todos. Um mestre nos domínios dos sinos da torre da Igreja. Negro velho, educado, generoso e querido por todos de Santana do Ipanema e que morreu dormindo num compartimento nos fundos da Igreja. De Santana do Ipanema para a Baixa do Tamanduá e o Alto do Tamanduá, deve ser apenas dois ou três quilômetros de distância da sede.

Nunca vi um tamanduá de perto, mas conheço o povoado.

POÇO DAS TRINCEIRAS, BANHADO PELO RIO IPANEMA. (FOTO: PREFEITURA).

 


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