JESUS MISTURADO Clerisvaldo B. Chagas, 28 de julho de 2016 Crônica 1.553 Imagem: (br.freepk). ilustração. Você não quer ver, ...

JESUS MISTURADO


JESUS MISTURADO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de julho de 2016
Crônica 1.553

Imagem: (br.freepk). ilustração.
Você não quer ver, mas vê. Você quer ver, mas não vê. A vida vai se revelando em cada esquina e nós vamos navegando nos mistérios que se apresentam. Os momentos mais simples marcam mais na alma da gente do que os grandes feitos. Eles sempre ressurgem nos momentos de descanso e de meditação. A simplicidade sempre marcou a existência de grandes homens porque ela faz parte da sabedoria. Existem também as grandes loucuras momentâneas, cujas marcas são levadas para a eternidade. E assim vivemos entre a simplicidade e a loucura ou nossa ou dos outros. É interessante como o nosso planeta Terra acolhe essa grande diversidade de ideias. Ah! Planeta de expiação, dizem os espíritas. E nós vamos colocando a bota nos curtos ou longos caminhos que acenam com dedos dourados.
No consultório eu via aquelas duas criaturas tagarelas conversando. Uma, alta e seca, outra mais baixa e magra. Mas aquela conversa enjoada que os dois puxavam com uma senhora
que aceitou ouvir e dialogar com gosto, quase não tinha fim. O alto e seco não me agradava em nada. Homem da cobra, pernóstico, chato, cabuloso. A conversa era uma mistura de Jesus, conversa de crente e de moral diária. Com a minha exceção, ninguém ficou. Só os dois falastrões e a senhora que entrou no ramo, a ponto de desabafar toda a sua vida.
Ah! De repente a secretária chamou um nome que me alertou. O sujeito grandão levantou-se e foi lá. Imediatamente lembrei quem era o tal. Ficara famoso na mídia. Um ex-prefeito que praticara crime bárbaro contra um funcionário que denunciara suas falcatruas. Aquela vítima que foi eliminada e carbonizada dentro de um veículo, não teria sido a primeira, segundo a imprensa. Mas o monstro estava ali no anonimato ministrando moral e citando Jesus. O cabra pode até ter se arrependido do que fez. Afinal a vida é dele e não minha. Mas em um consultório médico estamos como em nosso Planeta total, cercado pela biodiversidade das mentes. E como a palavra do Mestre cabe em todos os lugares, também estava ali, mesmo vindo do monstro dos assassinatos com seu Jesus misturado.



Os BANDIDOS, TODOS OS BANDIDOS Clerisvaldo B. Chagas, 27 de julho de 2016 Crônica 1.552 Foto: (poa24horas). Aqui em Maceió, ami...

OS BANDIDOS, TODOS OS BANDIDOS

Os BANDIDOS, TODOS OS BANDIDOS
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de julho de 2016
Crônica 1.552

Foto: (poa24horas).
Aqui em Maceió, amigo, só se fala em roubos e assaltos. Assaltam-se ônibus interestaduais, intermunicipais e vans que fazem os mesmos trajetos. Assaltam na Serraria, no Jacintinho, na Jatiúca, aqui não se escolhem bairros. Ninguém mais quer trabalhar. Ganhar dinheiro com o suor do trabalho honesto virou piada de mau gosto no Brasil. Ora, se os exemplos vêm de cima, como extirpar esse câncer que se apoderou da pátria. Os engravatados do poder levam o dinheiro do país inteiro e ainda dão um golpe “fia da puta” na democracia. Os acordos dos ladrões paralisam as operações de guerra contra eles e, os brasileiros, quando muito protestam nas ruas e mais nada. O silêncio volta a dominar o Brasil, mas os golpistas continuam no poder. Afinal aqui não é a Turquia, não é mesmo, camarada?
Se os poderosos dão o exemplo maior da mão grande, o que podemos esperar na saída de casa, nas ruas, nos transportes públicos? Os pedidos a Deus nunca foram tão usados nesse país que clama por Justiça e fim dos assaltos que viraram praga. É o pé de chinelo drogado matando inocentes, sem piedade nenhuma. É um rapar de direitos do cidadão comum como hospitais, escolas e liberdade, cujo fim não poderá ser bom. Invade-se escritório médico, residência, restaurantes, o diabo! O homem do povo anda atordoado, saindo com medo, sem arma, sem canivete, sem um “berro bom” porque se não a polícia toma. E quando não é a polícia é o bandido. Se a verba for pequena, o rato das grotas leva. Caso seja muito, já fica nos bolsos dos mandatários, com raras exceções.
Católicos apostólicos romanos, não acreditamos mais nesse modelo frouxo que se instalou no país da mão por cima e mãos nos bolsos. Mas quem faz as leis são eles. Os mesmos que assaltam as leis.

Os homens perderam a vergonha, camarada. Comeram-na com farinha como dizia Lampião. E como o povo brasileiro é muito rezador, talvez esteja aguardando que Jesus esgote toda a paciência que acumula. Mesmo assim, é como diz a personagem Encarnação da novela o Velho Chico: “Espero que quando Deus acabar com tudo, deixe a minha família por derradeiro”. Acho que os ratos de cima e os de baixo acreditam piamente nisso ou se consideram ladrões imortais.

OS ARTISTAS DA NATURA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2016 Crônica 1.551 TRABALHO DE RONINHO. Foto: (minutosertão). Nós q...

OS ARTISTAS DA NATURA

OS ARTISTAS DA NATURA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2016
Crônica 1.551

TRABALHO DE RONINHO. Foto: (minutosertão).
Nós que gostamos de andar pelos matos, rios, serras, vales, colinas, trilhas de bode... Sempre estamos a descortinar. Carregamos dentro de nós a alegria das descobertas e um sentimento de frustração. Frustração essa da impossibilidade de trazer a presença viva do mundo em nossos passos. Além do ar puro e do perfume da mata, enormes ou mínimas formações encantam a alma naturalista. Chega, então, a lembrança de outros tantos artistas: os que escrevem sobre a natureza, os artesãos, os pintores, poetas e mais.
Ali a nossa frente está uma árvore morta. Um dos galhos tem forma de animal e é logo percebido pelo artesão que vai extraí-lo e aperfeiçoá-lo. Adiante, um bloco de pedra mostra semelhança a um  boi. O desenhista deixa com seu pincel mágico, a figura exata do ruminante naquele lugar. Os próximos caminhantes terão uma surpresa enorme quando se depararem com o boi de pedra. Enquanto isso, compradores e apreciadores do belo estão admirando nas feiras específicas o animal de madeira.
Precisando de uma imagem rural, saímos a navegar pela Internet. Após conferir tantas e tantas ilustrações procuradas, fomos nos agradar de apena uma. Era tão bonita, tão perfeita que nos surpreendeu. Estávamos diante de um quadro a óleo pintado sobre tela. Como é que essas pessoas, homens ou mulheres, conseguem tanta perfeição numa obra terrena? Quantos olhares passam, todavia, sobre a peça e não se detêm!
Alagoas tem mais artesãos do que repentistas na Paraíba. Isso é apenas um modo de dizer, mas a quantidade de gente boa no que faz atesta o que afirmamos. Eles estão em todas as regiões do estado, mas seria uma injustiça citar apenas os que conhecemos. E diante de tantos problemas que nos cercam os artista e seus maravilhosos talentos, nos conduzem em cadeirinha de algodão. Oásis na dureza da vida!