BOM JESUS EM PÃO DE AÇÚCAR Clerisvaldo B. Chagas, 4 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1816 PÃO DE ...

BOM JESUS EM PÃO DE AÇÚCAR

BOM JESUS EM PÃO DE AÇÚCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1816

PÃO DE AÇÚCAR. (IBGE. CIDADES).
Segundo divulgação, a festa tradicional de Bom Jesus dos Navegantes que acontece praticamente em todos os municípios do baixo são Francisco, terá nova edição em Pão de Açúcar. Os festejos estão previstos entre 10 e 14 com várias atrações como sempre acontece. As apresentações serão culturais, religiosas e espetáculos com bandas conhecidas. Haverá carreata, banda de pífanos, fogos de artifícios, coco de roda, chegança, dança das peneiras, corrida de jegue, quebra pote, corrida de saco, corrida de canoas, procissão fluvial e missa de encerramento. Estas são apenas algumas das inúmeras atrações da festa.
Faz bastante tempo que estive por ali contemplando pela primeira vez a Festa de Bom Jesus dos Navegantes. Estava acompanhado do amigo de Santana, negão Zé Lima, de saudosa memória, quando fomos apreciar do alto do Cristo Redentor a procissão fluvial. Um verdadeiro colírio para qualquer pessoa a paisagem deslumbrante do rio São Francisco. As embarcações conduzindo a imagem do Bom Jesus complementava o cenário espetacular. Mas enquanto eu me deleitava com o cenário sertanejo, meu amigo parecia distante da realidade e delirava acordado, lembrando e falando constantemente sobre os belíssimos olhos de Zilma, segundo ele. Estava apaixonado até a alma pela moça de Santana, cujos olhos verdes não lhes deixavam em paz um só momento.
Mas subindo o morro do Cristo ou não, a Festa do Bom Jesus dos Navegantes, em Pão de Açúcar, não fica esquecida facilmente. E para o visitante que chega sem muitos compromissos, pode ficar após a festa por alguns dias para descobrir tantas coisas passeando por ruas, avenidas, rio e trilhas inesquecíveis. A cidade é plana e agradável com muitas histórias em cada esquina. Antiga Jaciobá (espelho da lua), terra de músicos e intelectuais, inicia-se com o pão de açúcar, morro parecido com forma de fazer açúcar. Querendo chegar ao rio, pode ser através de Santana do Ipanema, passando por Olho d’Água das Flores e Palestina, por uma paisagem cem por cento sertaneja e encantadora.
Bom Jesus dos Navegantes lhe aguarda.



   





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NOS TEMPOS DOS ARMAZÉNS Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 18?/ Vendo...

NOS TEMPOS DOS ARMAZÉNS




NOS TEMPOS DOS ARMAZÉNS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 18?/

Vendo um carro de boi, no trajeto Palmeira dos Índios – Santana do Ipanema vem à lembrança dos tempos em que o Sertão fervilhava desse tipo de transporte. Eram eles os distribuidores de mercadorias campo/cidade e vice-versa. Na cidade de Santana, o ponto dos carreiros era o Largo do Juá, no leito seco do rio Ipanema. Ali se aglomeravam centenas de carros de boi que ficavam aguardando as compras das feiras dos sábados e dos armazéns. Os bois chegavam logo cedo e eram alimentados pela palma forrageira trazida nos próprios carros. Os carreiros andavam pela feira com o currião, o facão e, na maioria das vezes, com chapéu de couro.
Muitas mercadorias eram compradas em armazéns de secos e molhados. Lembro-me do armazém do senhor Marinho Rodrigues, talvez o mais sortido de todos que vendia desde a ximbra de menino brincar até o arame farpado, passando pelo charque, bacalhau, querosene, munição, bolachas, sal, açúcar e tantas outras coisas que fica até difícil enumerar. Seu Marinho negociava no chamado “prédio do meio da rua”, tendo defronte a Casa Ideal, sapataria de luxo do senhor Marinheiro. No balcão, Seu Marinho contava com a esposa Dona Prazerinha e o cunhado Reguinho, ele mesmo e mais alguns empregados. Reguinho também possuía a habilidade de trançar palhinhas em cadeira, moda da época.
Seu Marinho havia vindo da zona rural, devido a uma visita de cangaceiros à sua casa. Na ocasião houve fuga e tentativa, tensão, saque e desentendimento entre os cangaceiros Craúna e Cajueiro até a chegada do chefe, Lampião. Dessa família saiu o primeiro médico filho do município, Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo também pioneiro em clinicar na cidade. Clodolfo hoje tem seu nome reconhecido no Hospital de Santana do Ipanema. O progresso foi aos poucos entregando os serviços do carro de boi ao caminhão. A partir da gestão do prefeito Ulisses Silva que substituiu o calçamento bruto da cidade por paralelepípedos, carro de boi foi proibido de entrar na urbe. Por outro lado os armazéns foram substituídos por mercearias e, posteriormente, mercadões e outros palavreados.





REIS MAGOS FAZEM A FESTA Clerisvaldo B. Chagas, 2 de janeiro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1814 IMAGEM: (P...

REIS MAGOS FAZEM A FESTA

REIS MAGOS FAZEM A FESTA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1814

IMAGEM: (PIXABAY)
No Médio Sertão Alagoano, uma cidade conserva a tradição de homenagear os três Reis Magos, aqueles que vieram do Oriente para louvar e presentear o Menino Jesus. Eles foram citados apenas no Evangelho segundo Mateus. Mesmo sem comprovações do número exato de reis magos, suas verdadeiras atividades e seus nomes, a tradição dá como três e que teriam sido Belchior, Baltasar e Gaspar com os presentes ouro, incenso e mirra. É muito interessante o relato bíblico que deixa um grande espaço para eternas pesquisas sobre o acontecimento. Mas independente das exatidões do fato, a Cristandade não esquece a visita feita por aqueles estrangeiros ao menino recém-nascido.
É assim que o município de Poço das Trincheiras, emancipado de Santana do Ipanema em 1958 e tendo como padroeiro São Sebastião, comemora a visita dos Reis Magos. A cidade se agita com os pocenses recebendo milhares de visitas do Sertão de Alagoas e de Pernambuco, durante dois dias de intenso e lendário festejo. Para 2018, a chamada Festa de Santos Reis, já foi divulgada através das redes sociais e que será realizada nos dias seis e sete de janeiro. Segundo o que se sabe, no dia seis, a parte profana terá início às doze horas com encontro de paredões no Campo Esportivo São Jorge. E as vinte e duas horas, haverá baile no Ginásio de Esportes com as bandas Nostalgia e Mistura Hits. No dia sete, às 12 horas, haverá Gincana Moto Ciclística na Praça Padre Cícero. Às vinte e uma horas, show de Avine Vinny, Israel Novaes e Luan Estilizado. Não conseguimos a programação religiosa.
Está aí, portanto, mais um motivo para uma visita ao Sertão, com o embalo do município de Poço das Trincheiras. A sede do Poço fica bem perto de Santana do Ipanema, e tem acesso asfáltico até a BR-316. O lugar com pouco mais de 13.000 habitantes, possui um núcleo limpo, alegre e ensolarado. A cidade é plana assim como a maior parte do município, mas resguardada a leste pela imponente serra do Poço com 500 metros de altitude e outras que compõem o relevo e a beleza sertaneja.