CABRA DE PENEDO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2013
Crônica Nº 1042
Não podemos afirmar que viver em
república de estudante é bom e nem ruim. Conviver com outras pessoas em uma
casa exclusiva em cidade distante, todos com o mesmo objetivo, é opção. As
desvantagens e vantagens existem por todos os cantos e não seria diferente em
república estudantil. Geralmente o estudante não tem dinheiro, vindo alguma
verba dos pais. Tem-se uma sensação leve de liberdade, mas por outro lado não
deixam de aparecer dificuldades, amarguras, decepções. Os objetivos parecem que
estão por trás de montanha altíssima e para muitos não é a melhor vida do mundo
e nem a pior. Ali o indivíduo há de se entender com os outros membros que
sempre pertencem a outras cidades, cada qual trazendo o seu costume particular
e os da origem geográfica. Em Maceió, moramos pelo menos em três lugares
diferentes lutando por um futuro que começaria pelos livros e desembocaria nos vestibulares.
Ali aparecem vários tipos humanos e o que resta depois é a experiência fora de
casa que muito irá nos ajudar. Lembro-me de um cabra de Penedo que colocava os
alimentos enviados pela família, em mala de cadeado, diferentemente dos nossos
que eram divididos. Na vez de chupar laranja, ele pegava uma, fechava a mala e,
quando surpreendido, afirmava: “Vitamina “C”
não é não!”. Saía descascando o fruto, mas nunca o oferecia a ninguém. Um
cabra peste!
O
governo
do estado de Alagoas nunca parece preocupado com o funcionalismo. Temos o
problema dos precatórios em que os grandes colocaram uma pedra em cima e, o dirigente
estadual não toca no assunto, não move um garrancho sequer em favor dos
precisados, como se o assunto devesse ser esquecido pelo tempo. Não paga bem
aos seus “barnabés” numa herança mesquinha, insalubre, escravocrata do passado
canavieiro. Quando acena com um aumento é aquela porcaria que fica denominada “esmolinha”,
pelos sofredores. Assim o estado vai se arrastando empurrado pela pança do “coroné”.
Onde está o movimento das ruas. Onde está o SINTEAL que parece agonizante? Vez
em quando uma notícia boa, mas para a situação do trabalhador estadual, só uma
venda preta nos olhos do futuro. Em suma, o sangue da usina sabe das
dificuldades dos funcionários públicos, quando “surpreendido” fala na vitamina “C”,
mas não abre o cadeado sem ferrugem da mala do Tesouro. A mala abarrotada e
infame, igualzinha a do CABRA DE PENEDO.
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