O HOMEM/CAVALO
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2013.
Crônica Nº 1081
HOMEM/CAVALO NAS RUAS DE MACEIÓ. (AUTOR). |
E nas
ruas,
desde as primeiras luzes da aurora, a miséria sai à cata da sobrevivência,
mostrando as mazelas mais esquisitas de um corpo descomunal de concreto.
Chamam-nos invisíveis aqueles seres que passam sem serem vistos, pela situação
degradante da pele social. Entre eles, está a criatividade que substitui o
animal de tração, pelas mãos dos humanos mais humildes. O catador de papelão
mistura-se ao trânsito ligeiro das avenidas apinhadas no fado diário de herói
de casa. Arrastando uma carroça entre dois caibros e correntes penduradas,
adapta-se o ser humano à condição cavalar. Com precisão e vista de rapina, vai
conduzindo aquela carroça enorme cheia dos recortes que encontra nas lixeiras.
Passa por todos automóveis, não bate em nenhum, nem relincha, nem escoiceia,
mas não deixa de ser o homem/cavalo da sociedade que não o enxerga. Os
edifícios continuam furando o céu, o luxo permanece no brilho dos metais e, o
dinheiro grosso a circular nos azuis da prosperidade. Enquanto isso, o lixo
pede passagem entre pneus, apitos e luzes. Você nem vê, mas bem perto circula O
HOMEM/CAVALO.
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