QUEBRANDO
AS BARREIRAS
Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de setembro de 2015
Crônica Nº 1.483
QUEBRA-PEDRA. Foto (clerisvaldo). |
Com muita dificuldade
vai sendo mantida a tradição ameaçada da medicina popular. Inúmeras rezadeiras,
guardiãs das curas das ervas naturais, partiram sem deixar substitutas. Poucas
herdaram os conhecimentos de tantos anos acumulados na cabeça dos mais velhos. Nos
últimos dias mesmo, notamos pessoas procurando rezador ou rezadeira contra mau
olhado. Não encontrando mulheres, por sorte, ainda foram bater à casa de um
cidadão que faz bem direitinho esse papel. Enquanto isso o rio Ipanema trecho
urbano, é rico em ervas para as mais diferentes doenças. Infelizmente, abandonado
pelas autoridades, o rio Ipanema, trecho urbano, passou a ser um lugar muito
mais sofrido dos que os falados lixões das capitais.
Dentro de pouco tempo
testemunhei à procura de quebra-pedra, para evitar cirurgia dos rins, vesícula
e fígado; unha de gato, porca-parida e flor de catenga, tudo abundante no rio
seco, em Santana do Ipanema, cada uma com sua função específica de cura. Entre os
ingredientes para sanar o problema da asma, está faltando o cardinho que este
ano está difícil encontrá-lo no areais do rio.
Muitas dessas ervas já
eram usadas pelos indígenas, algumas pelos romanos da Idade Antiga e outras por
outros povos da Mesopotâmia, por exemplo. Os laboratórios estão cheios de
plantas conhecidas, em estudos no fabrico de medicamentos que irão ocupar as
prateleiras das farmácias. Os índios, especificamente, tinham seus curandeiros,
especialistas em distinguir os matos medicinais. Em nosso sertão, mulheres e
mesmo homens, dedicaram à vida a esse belo mister do conhecimento que nos
sustentaram através de séculos e gerações sucessivas.
Quanto mais nos
aproximamos da capital, mas vão rareando as rezadeiras. Muitas vezes, a solução
do seu problema está naquele matinho que nasce na sua própria calçada e você
ignora. Enquanto isso vamos entrando na farra dos antibióticos e nos preços das
caixetas que nos cobram.
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