JEGUES, JUMENTOS E COISA E TAL
Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de julho de 2016
Crônica 1.543
Foto: (proagri). |
Pesquisando pelos mangues, falésias, restingas e
lagoas, não deixamos de cruzar inúmeras vezes pelas rodovias modernas do estado.
Tanto nas rodovias da Planície Litorânea, quanto nas do Baixo Planalto dos
Tabuleiros, nos deparamos com jumentos nas pistas. E o jegue, já se sabe, não
liga para buzinas e nem para palavrões. Dizem que o Equus asinus é pré-histórico. A suspeita é que o jumento do Brasil
tenha vindo do norte de África.
O bicho que tanto serviu pelos sertões, hoje se acha
desvalorizado e custa apenas um real. Foi trocado modernamente pelo trator,
moto e camioneta. Vive pelas estradas, ignorados pelo governo e cobiçado pelos
espertos para abatedouros clandestinos. Um país que tanto fala em proteger os
animais esquece-se do asno forte, paciente, trabalhador e viril.
Na década de 60, em Santana do Ipanema, o povo
admirava os dois enormes jumentos Pegas (ê) do comerciante Isaías Rego,
fazendeiro e panificador. Todas as tardes os dois animais devoravam os pães
boias, colocados em caçuás na calçada da padaria. Nós também admirávamos a
força de um jegue Canindé em nossa fazenda no pé da serra da Camonga. Menor do
que o jumento Pega, pelagem marrom e desempenho de trem de ferro. Fazenda
sertaneja sem jumento e carro de boi, não tinha prestígio. Lembramos também de
uma farra que certo “coronel” fez e convidou os amigos para um almoço. Somente
depois da refeição, levou a prova do crime para os convivas. Tratava-se de
carne de jumenta. Elogios e vômitos foram apresentados sob gargalhadas do “coronel”
matador de gente.
Enquanto os jegues vagueiam sem destino, surge solução
esdrúxula de outro jegue sádico de dois pés que escapou da récua.
E se ninguém
nunca assaltou montado num jumento, sua substituta, a moto, tornou-se a campeã
brasileira dessa fuleragem.
Quanto ao modo de despachar os vivos, o jegue mata
parado, a moto, correndo!
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