quarta-feira, 2 de novembro de 2016

AMENIZANDO O DIA DE FINADOS

AMENIZANDO O DIA DE FINADOS
Clerisvaldo B. Chagas
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.584

Ilustração
É grande o imaginário do povo brasileiro. E para contar coisas de assombrações, o sertanejo é mestre, mesmo no parece, mas não é.
Dois adolescentes não conseguiam colher os manguitos da árvore de um cemitério. O vigia era implacável. Os garotos, então, resolveram roubar os manguitos à noite. Silenciosamente colhiam os frutos maduros. Um sujeito que vinha do centro da cidade resolveu sentar no pé do muro do cemitério, para descansar, uma vez que estava calibrado da “branquinha”. Enquanto isso, dentro do cemitério, um fruto do galho mais alto cai para fora do muro. O garoto mais perto percebeu e gritou para o outro: “O do lado de fora é meu!”. Pense na carreira avantajada do bebum!
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Anoitecia. Queria chover na estrada de terra sertaneja. O rapaz acenou, o motorista parou o caminhão e ofereceu carona na carroceria. Ali conduzia um caixão de defunto para entrega rápida. O rapaz não se impressionou e subiu.  Adiante começou a chover. A alternativa do moço foi abrigar-se dentro do caixão onde conseguiu tirar um bom cochilo. Na estrada, um grupo de cinco pessoas ia para uma novena, pediu carona e subiu também para a carroceria. Todos espiavam desconfiados para o esquife, quando de repente o rapaz desperta do cochilo, abre o caixão e pergunta: “Parou a chuva?”. Amigo, todos saltaram do caminhão numa velocidade ímpar, com o veículo a toda.
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Na minha terra, os capetas sobrinhos do padre Bulhões retiraram o miolo de uma abóbora, fizeram uma cara de bruxa, acenderam uma vela dentro e deixaram-na bem no poste da estreita passagem da única ponte do bairro. Cidade às escuras, a meia-noite dos retardatários foi um festival de galopes que até os aleijados não quiseram parar de correr diante do bicho do bocão. 

Sente aí, camarada, para ouvir mais.





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