QUIXABEIRA
Clerisvaldo
B. Chagas, 23 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.721
QUIXABEIRA. Foto: (Paisagismodigital). |
O
desmatamento da caatinga continua. Entre suas árvores, destaca-se a quixabeira
com nome variado conforme a região nordestina e norte de Minas Gerais. Preta,
sapotiaba, espinheiro, coronilha, maçaranduba-da-praia e rompe-gibão, são
algumas denominações que se dá a Sideroxylon
obtusifolium. Quando se trata de sombra a quixabeira é rainha e tem sempre
a preferência dos caminhantes, cuja proteção parece uma casa. Não é raro no
sertão se dizer que determinada quixabeira é mal-assombrada. É que até os
espíritos errantes gostam de se arrancharem em mangueiras e quixabeiras. Essa
árvore pode atingir até 15 metros de altura e produz pequenos frutos pretos, adocicados e leitosos
apreciadíssimos pelos caprinos.
Sua madeira
é dura e espinhosa. A casca é adstringente, tonificante, antidiabética,
anti-inflamatória e cicatrizante. As flores são aromáticas. A quixabeira é
muito utilizada na medicina popular, sendo uma das mais indicadas contra o
diabetes. Devido ao uso constante e indiscriminado, a espécie se encontra
cambaleante, precisando incentivo para sua reprodução.
Encontramos
sempre alguma pessoa negra com apelido de Quixaba. É que esses frutos pequenos
e arredondados, de um verde-oliva inicial, amadurecem passando para o preto
retinto.
Os
raizeiros do sertão aceitam encomendas de garrafadas contra o diabetes que são
feitas com a entrecasca da planta. Em casa a bebida é mantida em geladeira que
vai sendo tomada de acordo com as orientações.
Em Alagoas,
no município de Santana do Ipanema, existe um povoado a 12 km da cidade, chamado
antigamente de Quixabeira Amargosa. Estar localizado nas faldas da região
serrana e teve o título mudado para São Félix. Nessa área sertaneja é
encontrada a árvore citada, mas também se encontra a Sideroxylon na parte mais plana do relevo da depressão sertaneja e
do São Francisco. Entretanto, a medida que o tempo passa, mais difícil vai
ficando encontrá-la com sua majestade. Não somente a quixabeira, mas todas as
arvoretas e árvores do sertão vivem permanentemente ameaçadas. A fiscalização
ainda é muito frágil e vai perdendo a corrida pela sobrevivência do meio
selvagem da caatinga.
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