FAZENDO SABÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.081
PENEDO. IDENTIFICAÇÃO NA FOTO. |
Onde tem sabão não pode haver sujeira. E num
mergulho em nossa história interiorana, descobrimos que esse produto é bastante
antigo por essas bandas. O primeiro padre de Santana do Ipanema era penedense.
Mesmo tendo nascido em bairro pobre, conseguiu estudar na Europa até que veio
para o nosso sertão e sertão pernambucano como evangelizador. Descobrimos que o
seu bairro de nascimento, em Penedo,
chamava-se Seboeiro. Também não sabemos se ele ainda existe com o mesmo nome.
Seboeiro era o homem que fabricava sabão. Ignoramos que tipo de sabão era
fabricado no Penedo, mas lembramo-nos dos mais velhos falando em tal
sabão-da-terra. Não importa se o sabão
já vem sendo usado desde os tempos da Babilônia.
Bem essa era a terra do padre Francisco José
Correia de Albuquerque. Mas em Santana do Ipanema, também havia a Rua do Sebo.
Nada provado, mas a dedução era que havia fábrica de sabão nessa rua, cujo sebo
de boi (matéria-prima) ficava exposto na frente da fábrica. Deduzimos assim que
o sabão era um produto importante para os primórdios da civilização em Alagoas,
desde seus primeiro núcleo habitacional. Como havia o Seboeiro, havia o
marceneiro, pedreiro, sapateiro, alafaiate, ourives e outros profissionais que
muito contribuíram para a expansão das cidades do São Francisco e do sertão das
Alagoas. Hoje o sabão é fabricado das mais diferentes formas e até o nome mudou
para detergente.
Em nosso Sertão de 1960, fazer sabão era
coisa pejorativa e nem sempre à frase era pronunciada em todos os ambientes.
Significava xumbregar (namoro bolinando nas partes Íntimas). Em Santana do
Ipanema, mesmo, havia o Hotel Central, de dona Maria Sabão. Naquele último
quarto de século XX, ainda havia certo ar de riso, ao se ouvir pela primeira
vez: hotel de Maria Sabão. Mas esse caso particular não nos interessa, apenas o
produto de limpeza, propriamente dito, que fazia parte da economia de 1.700, de
1.800... E por aí vai. Tudo indica que o valor doméstico do produto, equivalia
ao sabão moderno.
Mas o sabão dos anos 60 ainda está em voga
nas esquinas das cidades.
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