O
SERTÃO E O PORCO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão alagoano
Crônica:
2.787
Dificilmente
faltava nas fazendas o porco doméstico que era criado em pequeno grupo de 3 a 4
cabeças, em chiqueiro de varas ou alvenaria. Esse porco era criado principalmente,
com restos de comida, abóbora e muitas outras coisas extraídas da roça e do
mato. Isso era para complementar a renda do agricultor que recebia a visita de
quem comprava porco ou levava para a feira, em gradeado ou tangendo, a pé. Sempre
encontramos gente que não gostava de criar o animal por causa do mau cheiro, da
falta de comida, além da voracidade do bicho; porém, a fedentina não estava no
porco, mas sim na imundície das misturas que se formavam no chiqueiro. Havia
basicamente duas raças de porcos no Sertão denominadas pelo povo de: baé e do focinho
grande. O porco baé, pequeno, arredondado engordava ligeiro e possuía maior
valor. O porco de focinho grande, levava o triplo do tempo e era desvalorizado.
Com
as experiências genéticas e nutricionais, surgiu há cerca de quarenta anos, o novo
porco chamado pelas indústrias de “suíno” e pelo povo do Sertão de “porco
galego”. Foi desenvolvido para os grandes criatórios com mais carne e quase sem
banha, melhor preço de venda, alimentado somente com ração. O porco doméstico
continuou endo chamado de porco e, consequentemente foi desaparecendo. O porco
galego, com todo exagero, parece um jumento na altura e é muito comprido.
Condições mesmo para criá-lo somente nas granjas milionárias de exportação. Por
aqui não conhecemos nenhuma nestas condições, mas dizem que têm granjas fortes
de suínos em Traipu e Arapiraca. O caboclo que saiu da roça para a periferia da
cidade, trouxe o hábito para um chiqueiro no quintal, já utilizando o suíno, ‘o
galego”. Um tormento de fedor para a vizinhança.
Não
existe sabor nas águas melhor do que o camarão, bem como não tem em terra nem
nos ares, carne mais gostosa do que a de porco. Mas, já havia restrição a ela
no Antigo Testamento e mesmo sobre forte pressão muita gente a evita. Já
ouvimos um médico dizer a uma senhora cheia de problemas físicos: “se a senhora
bem soubesse não comeria carne de porco”. Também ouvimos outro médico falar que
até as proteínas do animal não combinam com as proteínas humanas. Nossos
antepassados já evitavam carne de porco. Comer ou não comer, eis a questão. Afinal de contas, nem somos a China e nem a
Rússia, medonhas devoradoras do produto.
SUÍNO
DE GRANJA OU “PORCO GALEGO”, AINDA NOVO (FOTO: NUTRIÇÃO E SAÚDE ANIMAL.COM.BR).
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