terça-feira, 28 de março de 2023

 

AGUAPÉS

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.854


Vimos bem o espetáculo de usinas hidrelétricas abrindo suas comportas tentando se livrar das plantas aquáticas que prejudicam as máquinas e também impedem a navegação nos rios superlotados pelos diversos tipos desse vegetal. Os nomes dessas plantas aquáticas mudam de acordo com as regiões brasileiras, mas os princípios de invasão em rios, lagos e semelhantes é o mesmo. Suas raízes se alimentam da poluição de esgotos, lixo doméstico e resíduos de fertilizantes lavados e levados para os cursos d’água ajudando na alimentação e no desenvolvimento rápido do mato. Forma-se um tapeta verde bonito no visual, mas feio nas consequências, fazendo daqueles lugares, verdadeiros pântanos. Os exemplos estão por todos os lugares do país, à semelhança da alta poluição da laguna Mundaú, em Maceió, várias vezes denunciadas por especialistas na Imprensa local.

Em Santana, essas plantas costumam aparecer quando baixam as águas das cheias do rio Ipanema. Os principais poços que restam após a corrente, começam aos poucos e em muito breve espaço de tempo formam esse tapete verde na superfície dos poços. Ninguém mais vê as águas por debaixo, somente o campo verde predomina. Tudo isso fruto do que já dissemos acima, lixo doméstico, principalmente. Esse fenômeno natural é notado, com nitidez no Poço do Juá – por trás das casas do Comércio – e   no poço do Escondidinho no final do perímetro urbano Maniçoba/Bebedouro. O caso é muito comum nos barreiros da zona rural com a planta denominada por aqui de “orelha-de-burro”.  O vegetal se alimenta de sujeira, filtra a água e a deixa bem fria e limpa para o gosto do homem do campo.

E nos sítios não tem como evitar as orelhas-de-burro porque se alimentam da sujeira das enxurradas. Nas cidades é um forte sinal de alerta, principalmente dos lixos jogados e dos esgotos de todos os tipos. Mas, como dizia certo político santanense “para que gastar com coisas debaixo do chão, se ninguém vê?” Essa mentalidade ainda está em voga em todos os quadrantes do Brasil. Meio ambiente, meio ambiente/há quanto tempo alertando à gente!

Fui!

AGUAPÉ EM RIO.

 

 

 


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