O REI
DA TESOURA JUCA
Clerisvaldo
B. Chagas, 16 de novembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.996
Fase
de sequência de bons acontecimentos. Recebo mensagem que o nosso amigo
santanense, conhecido como Zezinho do Juca, vai ser o próximo Venerável da sua “Loja
Maçônica Segredo 33”, em Maceió, e quer a nossa presença na posse. Mas a
mensagem do núcleo é que após tantos e tantos anos, a letra que fiz em
homenagem ao seu pai, Juca Alfaiate, foi musicada. É a segunda melodia,
aperfeiçoada colocada na letra estilo seresta, até porque o querido alfaiate
era seresteiro. Hoje o velho amigo já está em outra dimensão, mas temos certeza
de que irá gostar da música lá do espaço, em sua homenagem. A melodia, desta
feita, foi colocada por um músico estrangeiro que mora em Maceió e com muita
facilidade. Já ouvi e gostei, mas...
Estamos
aguardando o Zezinho ainda este mês para gravarmos a canção com artista da
terra e visitarmos as rádios da cidade divulgando o trabalho. E por falar
nisso, a alguns anos atrás, fiz 20 letras de forró, pois estava muito
inspirado, mas como não entendo música, saí batendo de porta em porta de
cantores da terra e nada. A falta de competência de quem se achava compositor
de forró era visível. E de outros gêneros eram os mesmos freios: desculpas
esfarrapadas e coisas que nem posso contar. Indicaram-me um sanfoneiro e cantor
famoso em Maceió, zona Mata e Agreste. De posse do seu endereço fui bater à sua
porta. O cidadão me atendeu muito desconfiado, pois morava num bairro até bom,
mas ninguém podia abrir as portas nem andar só e a pé nas ruas.
Identifiquei-me,
dei a referência, disse a finalidade da visita e passei-lhe os meus trabalhos.
O homem estava nervoso, portas da frente no cadeado e internas fechadas. Levava
a dedução que ou estava com um amor clandestino ou com alguém do mundo das drogas.
Olhou rapidamente as letras e cobrou na época 4.000 reais para musicá-las. E se
ele estava assustado, quem ficou assustado fui eu. Juntei a papelada, agradeci
e disse que iria pensar. Zarpei dali com alguém que foi de carro me apanhar. Se
o miserável era famoso, propusesse pelo menos uma parceria para ele próprio
apresentar músicas inéditas no mercado, mas, o olho era maior do que o corpo.
Desisti completamente de procurar gente mais fraca do que eu.
Ainda
hoje guardo as vinte letras de forró, não sei para quê.
Mas
estão repousando.
O
REI DA TESOURA, JUCA ALFAIATE (TÍTULO DA MÚSICA) DANÇANDO COM A ESPOSA MARIZE
(FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA)
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