domingo, 30 de junho de 2024

 

SÃO PEDRO

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 069

 



A construção definitiva da igrejinha de São Pedro, na mesma rua, no mesmo bairro, pareceu ter sido o sinal do desenvolvimento que viria logo a seguir, naquela região de Santana do Ipanema. Uma igrejinha que vinha pelejando desde 1915 com seus percalços, finalmente ficou pronta. Assim foram surgindo zeladores e zeladoras e progressos pela vizinhança como a escola Batista Accyoly, “Bacurau”, fábrica de calçados, fábrica de mosaicos, enorme prédio de Fomento Agrícola, pracinha, calçamento, bodegas, bares e, atualmente, mercadinhos e posto de saúde. O Bairro São Pedro estirou-se, mas continua sendo um bairro voltado para o pacifismo residencial. Há poucos anos a igrejinha passou por reforma e virou igrejinha belíssima e moderna, porém, ainda é pouco movimentada em comunhão com o próprio cotidiano do bairro.

A igrejinha de São Pedro sempre abrigou a imagem de Santo Antônio que não tinha igreja própria. Inclusive, ficou famosa pela distribuição do “pãozinho de Santo Antônio”, tradição católica que diz que quem leva o pãozinho de Santo Antônio para casa, nunca mais faltará alimentos na sua residência. Geralmente guardamos o pãozinho dentro do depósito de farinha. Na década de 80, Santo Antônio ganhou a sua igreja própria no Bairro da Floresta onde é o seu padroeiro. Fica na mesma rua que leva ao Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo. Este ano de 2024, pode até não ter tido grandes atividades nas ruas da urbe, porém, ouvimos mais fogos do que no dia de São João.

A crendice popular sertaneja diz que o santo apóstolo do Cristo é quem tem as chaves do céu e é o controlador de chuvas na Terra. Nem sei se deveria dizer aqui, pois não fui autorizado a isso, mas São Pedro é o grande santo mentor do padre Cícero do Juazeiro que sempre recorre a ele nas coisas mais difíceis – dito a mim pelo próprio padre Cícero – Na verdade, São Pedro que é o santo alvo do maior número de piadas sadias do sertanejo, tem um prestígio enorme com Nosso Senhor Jesus Cristo.  Quase sempre sua imagem é apresentada com uma chave na mão. E se não é a chave das portas do céu, é a chave que abre inúmeras outras portas até chegar à principal.

Viva São Pedro!!!

SÃO PEDRO (CRÉDITO: PINTEREST).

 

 

 

 

 


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quinta-feira, 27 de junho de 2024

 

ALTO DO TAMANDUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.067



 

O Alto do Tamanduá no município de Poço das Trincheiras estar localizado na fronteira com o município de Santana do Ipanema.  Divide-se entre as duas margens da BR-316 e foi formado por quilombolas migrantes de outra sede quilombola bem perto e localizada no mesmo município à margem do rio Ipanema: Tapera do Jorge. Aliás, Tapera do Jorge foi um dos centros dispersores de negros no Sertão de Alagoas. Sua habitação imediatamente vizinha, é o sítio Baixa do Tamanduá, mas já dentro do município de Santana e tem as mesmas origens dos moradores do Alto do Tamanduá. São quilombolas também. Alto do Tamanduá não, mas a Baixa do Tamanduá, conhecida também como Lagoa do Mijo, aparece no primeiro documento sobre Santana do Ipanema que se conhece e vai se encaixando na vida moderna com essa última denominação.

Lugar agradabilíssimo e pacato, o Alto do Tamanduá com seus artesãos, sempre abasteceram a feira de Santana Ipanema com artefatos de barro como panelas, potes, porrões, pratos, brinquedos como éguas e seus caçuás, cavalos e bois, tudo de argila de boa qualidade. Essas eram as incumbências das mulheres, enquanto os artesãos trabalhavam com caçuás de cipó e balaios. Fonte de pesquisa sobre diversos assuntos, tem acesso fácil e  rápido pela sua posição estratégica na BR-316 e na fronteira de dois municípios. Também fica muito próximo do Poço das Trincheiras cidade, como seu povoado mais perto da sede. Dali da sua rua avista-se toda a beleza da serra da Caiçara, já na cidade de Maravilha.

Da Tapera do Jorge vieram duas pessoas pretas que se tornaram muito populares na segunda metade do Século XX. O carregador de malas chamado Zacarias que morava com a família no Bairro Floresta no lugar Alto do Negros; e o “Major”, zelador da Matriz de Senhora Santana e o sineiro mais famoso de todos. Um mestre nos domínios dos sinos da torre da Igreja. Negro velho, educado, generoso e querido por todos de Santana do Ipanema e que morreu dormindo num compartimento nos fundos da Igreja. De Santana do Ipanema para a Baixa do Tamanduá e o Alto do Tamanduá, deve ser apenas dois ou três quilômetros de distância da sede.

Nunca vi um tamanduá de perto, mas conheço o povoado.

POÇO DAS TRINCEIRAS, BANHADO PELO RIO IPANEMA. (FOTO: PREFEITURA).

 


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terça-feira, 25 de junho de 2024

 

PALAVRAS

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.067

 




Existem palavras que se perdem no tempo por falta de uso. Outras continuam ativas, porém ninguém lembra mais o significado. Foi assim quando nós viajávamos numa Van e uma passageira pediu para deixá-la no Guari.  Isso na região de Cacimbinhas, Alagoas.  Fiquei curioso com a palavra que jamais ouvira falar. E se perguntasse a qualquer um, a resposta seria um lugarejo na periferia da cidade. Sim, mas o que significa  Guari ninguém sabe, nem eu sei. Mas que o termo ficou martelando a minha curiosidade, ficou. Tempos depois fui às pesquisas e, tudo que encontrei foi “uma espécie de palmeira” ou “um tipo de ave”. E no Poço das Trincheiras, o seu maior povoado é o Quandu, mas o que é Quandu? Outro desafio.

Quandu significa porco-espinho e não se pode confundir com Guandu que é uma espécie de feijão. Mas eu duvido que a maioria dos habitantes do povoado Quandu, saiba sobre a origem do nome. Porém, a palavra mais difícil de encontrar até hoje, foi “Minuino”, antiga travessia no rio Ipanema citado em artigos da década de 30. Nada. Nada a seu respeito consegui até agora. E se algum leitor curioso achar essa fonte, peço a gentileza de repassar para nós, o povo santanense.   É claro que a busca de palavras estranhas para nós traz conhecimentos, mas não deixa de ser uma forma proveitosa de lazer. Essa mistura da linguagem indígena, africana, portuguesa e outras estrangeiras, enriquece os dicionários e endoidam a cabeça dos pesquisadores.

Bonito é o nome Araçá e Santana do Ipanema Possui três sítios rurais com essa denominação. Mas será que ainda existe araçá naqueles sítios? Nunca vi um araçá de verdade, mas dizem que é uma fruta parecida com a goiaba que pode ser consumida in natura e ser transformada em geleia, sorvete, sucos... Mas não aparece um só estudioso no Sertão para resgatar esse fruto, inclusive para a indústria. Onde estão nossos professores biólogos que só se movimentam entre quatro paredes da escola. E a falta de iniciativa de gente estudiosa já fez perder muita riqueza do nosso bioma, tanto do reino animal quanto do vegetal. Muitas denominações estão apenas na nomenclatura do lugar. Pense no assunto.

CACIMBINHA (FOTO DIVULGAÇÃO)

 


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segunda-feira, 24 de junho de 2024

 

FACHEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.066

 




Entre as espécies vegetais do Sertão Nordestino, destaca-se a cactácea Facheiro (Pilosocereus pachycladus). O Facheiro, um dos mais fortes símbolos do Nordeste, disputa em beleza com o Mandacaru e ornamentam muito bem a caatinga verde ou ressequida. Ambos são símbolos de resistência, fortaleza e esperança. Ninguém sabe quantos milhões de fotos de mandacaru e facheiro já foram espalhados pelo mundo. O facheiro, porém, difere um pouco do mandacaru. Possui os seus braços mais delgados e contínuos, diferente do mandacaru de braços grossos e intercalados. Ambos possuem uma infinidade de espinhos e podem chegar até os dez metros de altura, embora o mais comum seja em torno de cinco e seis metros.

O carpina da zona rural costumava fazer ripa e até mesmo caibro dos braços dos facheiros. O artesão sertanejo usava suas raízes para confeccionar colher de pau que seria vendida nas feiras e em alguns estabelecimentos fixos. Sendo um vegetal nativo, o facheiro é muito respeitado pelo homem rural que em condições normais do tempo o deixa em paz. Todavia, se o tempo aperta o sertanejo com estiagem prolongada, o facheiro é cortado por facões, transformado em fogueira leve quando perde ou amolece seus espinhos. É utilizado, então para alimentar rebanhos caprinos, ovinos e bovinos. Na extrema precisão também tem o seu miolo consumido pelo homem. Varia muito na cor que vai de um verde agradável ao marrom enferrujado, principalmente no período de seca.

Tanto o mandacaru quanto o facheiro têm forma de candelabro. Altos e de braços erguidos parecem sentinelas do Exército brasileiro. É como se fossem o pai espiando do alto todos os outros irmãos ou filhos espinheiros menores. Um raso de caatinga sem mandacaru, sem facheiro, parece perder completamente a graça da paisagem. É assim que estará na praça no mês que vem, um dos meus quatro romances do ciclo do cangaço “DEUSES DE MANDACARU”, que pelo visto acima também poderia ter sido titulado de “Deuses de Facheiros”. Todos os quatro romances e mais um documentário da nossa história estará sendo lançado de uma só vez em um dos dias da Festa de Senhora Santana, se assim o bom Deus nos permitir. Mas aí já é outra história.

FACHEIRO (FOTO: PINTEREST).


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domingo, 23 de junho de 2024

 

SÃO JOÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:3.065

 




 

Toda mata tem espinhos

Toda lagoa tem peixe

Toda velha tem me-deixe

Toda moça tem carinho

 

Quadrinha colhida nos Guerreiros e Reisados alagoanos do passado. Folguedos que também se apresentavam no São João, Natal e nos novenários da região sertaneja. Um brinde para o leitor e entusiasta do nosso folclore.

O Dia de São João, refere-se a João Batista, primo de Jesus e que o batizou no rio Jordão. Filho de Isabel e Zacarias, João Batista tinha mais ou menos a mesma idade de Jesus, recebeu missões importantíssima do alto, chegando a ser exaltado pelo Mestre em dizer que filho de mulher ninguém fora maior do que João Batista. Amadíssimo no Brasil e notadamente no Nordeste brasileiro, tem como um dos seus fortes símbolos, a fogueira que significa luz, a luz de cristo e aquela fogueira que Isabel fez para celebrar a gravidez de Maria. O dia de São João no Nordeste brasileiro é esperado o ano inteiro, sendo nessa região a maior de todas as festas. Celebra as chuvas no semiárido, a esperança, a fartura na agricultura e na pecuária. É São João do carneirinho, abençoando o mundo.  

Em nosso livro O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema, já publicado, um dos boxes, “Memorial Vivo”, está descrito, modéstia à parte, magnificamente o São João dos anos 60, na Rua Antônio Tavares e que representa uma crônica abrangente para todo o nosso semiárido da época. Era a Rua da Cadeia Velha, a Rua dos Artífices, realizando o grande espetáculo do ano com sua fila quase infinita de fogueiras, bombas, diabinhos, rojões, chumbinhos, traques, beijos-de-moça, peido-de-velha, foguetes e balões.  José Urbano era o primeiro a acender a fogueira e Manezinho Chagas, o último a tocar fogo no monte de lenha. Nem vamos falar das comidas e bebidas típicas que continuam as mesmas, porém a fogueira, símbolo maior, encontra-se em extinção com a chegada do asfalto e a nova consciência ecológica.

No local onde moro, no princípio foram construídas 18 casas (uma delas é a minha) receberam o título de Conjunto São João. A Priore, diz assim a Maçonaria: “Louvemos a São João, nosso padroeiro”.

SÃO JOÃO (PINTEREST).


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quinta-feira, 20 de junho de 2024

 

CARRINHO DE CARNEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.063

 



O carrinho de carneiro no Sertão de Alagoas, tendo iniciado por algum artesão amoroso, caiu no gosto popular e se expandiu no semiárido. O que era apenas brincadeira curiosa de um artífice, hoje já se mostra até como carros de carneiro profissionais. Muitos carreiros aproveitam as festas de carros de boi de várias cidades sertanejas para exibirem seus carros de carneiro que se apresentam cada vez mais sofisticados. Todos os arreios usados tradicionalmente pelo boi de carro, estão agora sendo usados também pelos carneiros de carro. É a testeira desenhada, é o sininho, é a canga bem ornada, deixando os carneiros com respeito de bicho grande. O carro não é mais tão simples, colocam até cargas como se fossem um castelo e disputam em beleza e criação com os gigantes carros de boi.

A brincadeira inicial de carro de brinquedo, agora virou carro profissional na fazenda de que o possui. Faz os mesmos serviços do carro de boi e já existe o aumento de volume e de peso para essas pobres criaturas carregarem. Assim vimos transporte de capim (figura abaixo) de palma forrageira, de madeira, de produtos da roça... E tudo isso caiu na rotina sertaneja, na normalidade que precisa ser acompanhada por autoridades responsáveis pelo bem-estar dos animais. Não sabemos dizer se existe vara de ferrão, limite de peso e horas trabalhadas com os carneiros, isto é, o que nos parece bonito e mimoso pode estar sendo usado por mãos erradas, embora o dono de carro de carneiro, geralmente seja amoroso com seus animais e grande zelador.

Difícil é você comprar um carrinho de carneiro, porque o dono se apega ao conjunto. Os carneiros que ele treinou desde novinhos quase como borregos, o amor crescente com o tempo e a lida e ainda com a arte do mestre artesão que fez o carrinho. Também não temos hoje uma avaliação de venda nem de um carro de boi e nem de um carrinho de carneiro, com os animais e sem os animais. Você pode apreciá-los melhor nas festas que envolvem carro de boi em Inhapi, Poço das Trincheiras e São José da Tapera, onde os carrinhos desfilam causando admiração e carinho de todos.

Ê Sertão de meu Deus!

CARRINHO DE CARNEIRO (FOTO DE AUTOR NÃO IDENTIFICADO).


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quarta-feira, 19 de junho de 2024

 

É HOJE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.063



 

É hoje o início oficial do inverno em nosso hemisfério. Isso significa dizer que ontem madrugada, em Santana do Ipanema chegou a 19 graus e que tudo levar a crer em temperaturas muito mais baixa no inverno que ora começa. Para o nosso costume em 27 – 39 quando desce alguns grauzinhos é uma tortura. 23 graus em nosso Sertão, pouca gente acha bom, mas abaixo de 20, somente couro de sapo aguenta. Somos um bioma de temperaturas médias e elevadas, se fica frio demais, até a lavoura sofre tanto que se perde. E se perde no frio, no excesso d’água, nos surgimentos de lagartas. Mas todos sabem por aqui sobre o frio de junho que é apenas um ensaio para julho e a primeira quinzena de agosto.

Os barreiros açudes (barragens, represas) estão cheios, o mato muito verde, pasto por todos os lugares para o bem-estar animal, terra pedindo semente e festas por tudo quanto é lugar. Foi em um inverno assim em 1938, que as forças volantes de Alagoas surpreenderam Lampião acampado na Fazenda Angicos, em Sergipe. Os soldados reclamavam do frio intenso de julho e bebiam muita cachaça para amenizar a coisa, mas também para dá coragem no enfrentamento que se avizinhava. Saiu uma frase típica sobre esse tempo de julho em Santana do Ipanema, quando um dos soldados narradores do fato acima disse “que era um frio de matar sapo”. E tem dias em Santana que é assim em julho e agosto: “frio de matar sapo! ”. Mas estamos agora somente no ensaio.

 

X

 

A propósito, sobre a crônica anterior ficou faltando uma das três coisas anunciadas acontecidas na CARSIL. Foi o funcionamento da Biblioteca Pública Municipal, que havia saído do Comércio, sobre a loja de tecidos “Casa Esperança”, de Benedito V. Nepomuceno (auge da cultura) para o primeiro andar da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema. Anos à frente a biblioteca pública voltou a funcionar na CARSIL, porém, no térreo ao longo marginal do beco.

O CHARME DO INVERNO (FOTO: B. CHAGAS)..


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terça-feira, 18 de junho de 2024

 

 CARSIL

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.062

 



Entre os edifícios santanenses, também encontramos casarões fora do Quarteto Arquitetônico do Monumento e do Quinteto Arquitetônico do Comércio. Um deles é o simpático prédio da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema – CARSIL. Fundado em 1942, ainda hoje resiste ocupado e prestando os mesmos serviços aos seus associados. Edificado à Avenida Coronel Lucena – a principal da cidade – fica defronte à prefeitura. Tem a sua fachada imponente com um primeiro andar e um corpo longo no térreo que margeia um beco longo e vai até à via de trás, Avenida Nossa Senhora de Fátima, onde tem os fundos. Foi naquele belo monumento e no primeiro andar onde três coisas importantes aconteceram em Santana do Ipanema.

Foi ali que funcionou o serviço de divulgação da prefeitura no governo Hélio Cabral, “O prefeito Cultura”.1956-60. Eram os primeiros passos do rádio em Santana. Apresentava à população as notícias da prefeitura e mesclava com páginas musicais com intérpretes como Luiz Gonzaga, Ivon Curi, Jackson do Pandeiro, Cauby Peixoto e outras feras da música. Em várias partes estratégicas da cidade, havia um poste com um autofalante com essa finalidade, como por exemplo: Um no Bairro São Pedro defronte a fábrica de calçados do senhor Elias; um na cornija do “sobrado do meio da rua”, Comércio; e outro defronte à Escola Ormindo Barros, no Bairro Camoxinga, logo no início do beco defronte. Dar para lembrar que o locutor era o senhor José Pinto Preto e se não estiver enganado, também Darras Noya.

Foi no primeiro andar da CARSIL onde nasceu oficialmente o clube futebolístico Ipanema, suas cores, sua sigla, seus estatutos, criados em 1954. Estas informações são raras para as novas gerações que possuem apenas uma fonte registrada em livro: “230 Iconográficos aos 230 anos de Santana do Ipanema”, da nossa autoria. E todos nós passamos todos os dias na calçada da Cooperativa sem perceber a singularidade do prédio ou a fonte de tantas histórias reais e belíssimas sonhadas e realizadas ali. Sua calçada de boa largura, infelizmente serve hoje de ponto de moto táxis. Não dá nem para ver e refletir sobre sua existência, sua arquitetura e sua história.

CARSIL EM 2013. (FOTO: 230 ICONOGRÁFICO/ B. CHAGAS).


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domingo, 16 de junho de 2024

 

O MILAGRE DA PEDRA

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.061

 



Ainda militávamos na AGRIPA – Associação Guardiões do Rio Ipanema, quando fomo a Capelinha, povoado de Major Izidoro localizado à margem também do rio Ipanema. Foi ali que uma senhora de outra religião não católica, nos levou ao rio para fotografarmos as paisagens dos arredores. Ficamos impressionados com uma igrejinha à margem do rio, cercada de pedras caiadas de branco, assim como a do pequeno e bem cuidado edifício. Perguntamos sobre a capelinha que virou nome do povoado e a senhora nos respondeu que a capela é um monumento à Virgem Maria por um milagre acontecido naquele lugar. Aliás, já contamos esse fato em outra crônica de mais de cinco anos atrás. Entretanto, como estávamos revisando o nosso álbum, a capelinha voltou a tocar no coração e veio para o leitor.

O rio Ipanema botara uma cheia. Estava de toda largura com suas águas violentas.  Ali perto, uma senhora lavava roupa e sua filha pequenina brincava por perto.  Caiu no rio e as águas a levaram. Grande desespero para a mãe aflita. A vizinhança tentava ajudar procurando a vítima e nenhum sinal encontrava. Muita gente dava o caso como perdido, pois apenas um milagre salvaria a garota ou faria encontrar o corpo sem vida naquele trecho. Abro um parêntese para dizer que até   que existe diferença da narrativa anterior, porém, a essência está aqui. Passaram-se cerca de três dias – posso estar errado – O Ipanema baixou, novas tentativas de achar o corpo da garota foram feitas. Então, o milagre havia acontecido: Foram encontrar a menina, vivinha da silva, dentro de um loca de pedra sob as águas.

Pensem na alegria da mãe e do povo ao encontrar a menininha, viva. Indagaram a garota como fora parar ali na loca. Ela disse que fora uma mulher que a pegara e a colocara ali. Dias depois, ao ver uma imagem de Nossa Senhora, disse a sua mãe (da menina: “Foi essa a mulher que me colocou dentro da loca”. O povo ergueu, então a capelinha e o lugar ficou por nome de Capelinha. Hoje é um povoado grande e famoso de Major Izidoro. O rio Ipanema naquelas imediações tem muitas pedras e nas cheias mais moderadas forma corredeiras. A capelinha do rio Ipanema, virou lugar de romaria de alto apreço.

CAPELINHA DO MILAGRE (FOTO: (B. CHAGAS).


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quinta-feira, 13 de junho de 2024

 

SANTO ANTÔNIO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.060



 

Essa era mais moderna em que estamos vivenciando, mudou inúmeras coisas regionais e no mundo inteiro. Ontem, véspera de Santo Antônio, um dos santos mais queridos e apreciados do Nordeste Brasil, não houve aquela animação costumeira do passado, em nossa cidade. Porém, houve foguetório e animação em sua igreja no Bairro Floresta desta cidade. A igreja de Santo Antônio fica localizada entre o Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo e o início da rua principal. Quase sempre encontramos o templo fechado, mas no dia do padroeiro do bairro, tem bastante movimento com as programações organizadas por alguns moradores. A igreja de Santo Antônio ainda não ficou independente, faz parte da paróquia de São Cristóvão que tem sede no bairro Camoxinga.

Os grandes entendidos do assunto, dizem que Santo Antônio é o santo de maior prestígio no céu. Nos festejos juninos de décadas atrás, havia muitos movimentos relativos ao Santo, no cenário da tradicional fogueira montada na porta de casa na cidade ou nos amplos terreiros das fazendas. Além de alguns rituais de tradição realizados pelos populares na própria fogueira ou no seu entorno, havia também outras formas de crenças que não dependiam da fogueira. Olhar se via o próprio rosto numa bacia com água, para ver se no ano seguinte ainda estaria vivo.  Enfiar uma faca no tronco da bananeira para retirá-la depois com o nome do futuro marido ou mulher, escrito na folha. Roubar o santo e colocá-lo de cabeça para baixo para fazer pedido, além de outros tipos de tradições que remontam de séculos passados

Notamos intensa alegria nas mulheres devotas de Santo Antônio. Até parece que todas as mulheres católicas do Nordeste são devotas do chamado Santo Casamenteiro. E sobre a devoção religiosa do povo santanense, têm ruas com nome de santos por todos os lugares, inclusive, um núcleo habitacional novo e muito pobre que se formou no sopé do serrote do Gonçalinho e que recebeu popularmente o nome de Santo Antônio, mas não sabemos se é bairro oficial ou não.

Santo Antônio rogai por nós.

SANTO ANTÕNIO (DIVULGAÇÃO).

 

 


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quarta-feira, 12 de junho de 2024

 

RIACHO TEM FORÇA

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 305??



 

É conversando com um amigo perto de casa, que vamos falando do progresso das últimas décadas na região. Focamos a força dos riachos que parecem insignificantes, mas durante certo período como agora dava dor de cabeça em transeuntes. Um deles era o riacho Salgadinho que nasce na Reserva Tocaia e escorre para o rio Ipanema. Com, no máximo 2 km de extensão divide os bairros Floresta e Domingos Acácio. Despeja no poço do Juá, parte mais larga do Ipanema no seu trecho urbano. Quase inexistente no verão, valente no inverno impedindo o tráfego entre os dois bairros. Teve pequena ponte construída por Adeildo Nepomuceno e depois alargada por Isnaldo Bulhões, ambos, então, prefeitos. A ponte foi um fator de importância de desenvolvimento daquela parte da urbe.

Outro riacho, inúmeras vezes mais encorpado, é o João Gomes (tipo de beldroega) que agia do mesmo modo ao cortar a antiga rodagem Santana do Ipanema – Olho d’Água das Flores. Os mascates que transitavam por ali no tempo de inverno, juntamente com aqueles habitantes rurais, muito sofriam quando o rolo d’água do riacho cortava a estrada principal. Havia muito malabarismo de pessoas que procuravam atravessar outras pessoas e mercadorias na passagem através de cordas. Ficavam parados à margem do João Gomes, dezenas de caminhões de mascates, carros pequenos, carros de bois, cavalos, jumentos, burros e habitantes a pé. A ponte ali construída permitiu a evolução regional, porém, continua a mesma ponte que nunca foi alargada para servir ao asfalto que chegou.

O outro riacho totalmente santanense é o Camoxinga que deu origem ao nome do maior bairro da cidade e que se desdobrou em outros. O riacho vem do sítio Pinhãozeiro com nascentes em serra e escorre em rumo da cidade onde despeja no rio Ipanema também no poço do Juá, margem oposta do riacho salgadinho. O seu percurso na zona rural até parece não existir em tempo seco, porém, em épocas de chuvas o riacho se agiganta e leva tudo que encontra pela frente dentro do seu leito. Já carregou muitas pontes de madeira na sua foz. A última, feita em concreto, ainda tem o seu vão estreito apesar de ter sido alargada em gestão Isnaldo Bulhões. Estar precisando de obra de engenharia para modernizar o vão e entrar no Século XXI.

RIACHO CAMOXINGA, QUANDO MANSINHO.

 


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terça-feira, 11 de junho de 2024

 

GINÁSIO SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.059:



 

Pois, vendo uma fotografia de concluintes do Ginásio Santana do meu tempo, lembrei-me de fato interessante. O nosso fardamento era tipo militar. Roupa cáqui. Calça cáqui mesmo, de polícia. Camisa cáqui, tipo cáqui Henrique, que era mais fino e maleável, de mangas compridas. A calça cáqui tinha um friso azul nas laterais. Além disso, uma gravata preta e um casquete também de cor cáqui. Ora, para falar a verdade, esse fardamento não era feio e mostrava-se até elegante. Comecei a ver isso a partir da quinta série. Ora, com o tempo nós alunos fomos fazendo revolução.  “Ninguém aqui é do Exército, não queremos mais casquete. Casquete foi abolido. Mais à frente: “Não somos cobradores de ônibus, não queremos mais gravatas. Gravata foi abolida.

 Mais à frente ainda: “O calor é grande, não queremos mais manga comprida”. Manga comprida foi abolida. De novo mais à frente: “Não somos da polícia, não queremos mais camisa cáqui. Camisa cáqui abolida. Passa a ser camisa branca, fechada, mangas curtas. E por fim eliminamos a calça cáqui. Voltamos à “vida civil”. Que escola maravilhosa! E os diretores foram se sucedendo. João Yoyô, Alberto Agra, Eraldo Bulhões, padre José Augusto, Juiz Tavarinho, Adelson Isaac de Miranda, Dr. Walter Guimarães. E assim sucessivamente – como dizia o prof. Ernande Brandão – não pela ordem exata. Já pela parte das mulheres, sei apenas dizer que o traje era blusa branca e saia azul-marinho plissada. Muito na frente houve mudança, mas não dá para lembrar como ficou. Mas também as meninas ficavam muito elegantes.

Sempre que chegava ao fim de um ano, as turmas das antigas quartas séries, trabalhavam para o baile de formatura ou por uma excursão, como a nossa que foi à Fortaleza pelo litoral e voltou pelo interior. O Ginásio Santana da minha época de aluno era uma das melhores escolas de Alagoas, reconhecida pela própria capital. Agora, tem também a parte humorística com várias passagens registradas na mente dos hoje cabeças brancas.

Atualmente a arquitetura do Ginásio Santana ainda impressiona porque todos souberam preservar o que era possível. É assim que o antigo casarão de 1938, construído para ser hospital, virou quartel de polícia e depois escola poderosa.

GINASIO SANTANA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 


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segunda-feira, 10 de junho de 2024

 

DEPRESÕES

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.058

 



As depressões são formas de relevo de superfícies aplainadas por longo processo de erosão. Suas formas se apresentam planas ou levemente onduladas. As depressões têm altitudes mais baixas em relação aos terrenos do seu entorno. Ficam mais localizadas em superfícies mais elevadas como os planaltos.

Estar muito difícil hoje para o estudante identificar o piso do lugar em que habita, porquanto não existe mais Geografia de Alagoas e nem História nas escolas estaduais. Assim prospera o analfabetismo estudantil geo-histórico do seu estado, da sua origem. Qual é o relevo da região de Arapiraca, de Palmeira dos Índios, de Santana do Ipanema ou de São Miguel dos Campos, por exemplo?

Sempre baseado nas formas de relevo tradicionais:  montanhas, planícies, planaltos e em outras denominações particulares, mas com os mesmos significados, surgiu também o termo depressão. E nessas depressões você vai encontrar além dos desgastes de superfícies, rio, riachos, serras, serrotes que estão profundamente caracterizados tanto no relevo quanto nas condições de clima da sua região.  Na área do semiárido alagoano, vamos notar bem essa diferença de altitude quando subimos para o planalto da Borborema, pelo planalto de Garanhuns através da elevação que nos leva até a cidade de Tupanatinga, em Pernambuco, depois de vencermos a região plana de Águas Belas.

E estando o sertão alagoano na Depressão do São Francisco, a região do Agreste arapiraquense, é de um planalto rebaixado e que não é fácil para o profissional identificar, quanto mais para o estudante sem aulas de Geografia sobre seu estado! Quanto a região mais desenvolvida nordestina, retirando as capitais marítimas, desponta a faixa do Agreste onde estão localizadas cidades importantíssimas que fazem a diferença, como Arapiraca, Caruaru, Campina Grande...  Porém, o importante mesmo é ter uma boa noção da região em que se nasceu ou na que se vive. Afinal, é o Conhecimento que faz a diferença.

 

 

 

 

 


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sexta-feira, 7 de junho de 2024

 

CAIÇARA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.057

 



Caiçara é uma paliçada de madeira usada em torno de aldeias indígenas. Cerca de proteção contra inimigos e animais. Caiçara é também a denominação aplicada a quem nasce no litoral paulista. Caiçara pode ser chamada a uma cerca de varas para proteção do gado. A denominação acima é coisa rara no Sertão alagoano e se for encontrada é nesse último sentido. Porém, ainda não sabemos porque a grande serra de Maravilha, com mais de 800 metro de altitude, é denominada serra da Caiçara. Essa referência vem de séculos apontada sempre como serra da Caiçara. Nos últimos anos vem sendo chamada também de serra da Maravilha, mas não pode perder sua mais antiga identificação. Aliás, atualmente foi transformada em área de reserva ecológica. É uma das mais belas do estado e falam do magnífico cenário visto do cimo.

Mas Caiçara também era um soldado que pertenceu à força volante do coronel Lucena. Por ser uma pessoa perversa matou sem necessidade o velho José, pai de Virgolino Ferreira, o futuro Lampião. E o coronel Lucena, ainda não coronel, teve que assumir a culpa por ser o comandante da tropa que invadiu a casa onde estava o pacato pai do cangaceiro. O soldado Caiçara também fora sacristão do padre Bulhões, pároco na época, de Santana do Ipanema. O sacristão gostava muito de jogar e explorava o padre por dinheiro de jogo e cerveja. Tentara o suicídio por várias vezes. E ainda como volante, matara à pedradas um dos irmãos Porcino, justamente o mais pacato que não era cangaceiro manso como os irmãos. (Lampião em Alagoas).

Voltando à palavra Caiçara, a serra nos arredores da cidade de Maravilha, tem sido visitada por inúmeras pessoas da região e turistas que chegam para conhecer o museu que abriga fósseis de mastodontes, construído na cidade. Não sabemos, porém, dizer se a nova condição da montanha como Reserva, exige licença para visitá-la, mas o procedimento é sempre esse.  No caso de formação de varas ou estacas como proteção o termo no sertão de Alagoas é apenas “cerca”. Assim vamos desvendando o reino encantado do Sertão que, mesmo profundamente desmatado, ainda oferece encantos mil para os apreciadores da Natureza e da pesquisa inusitada.

SERTÃO (FOTO: ROBSON FRANÇA)

 


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terça-feira, 4 de junho de 2024

 

TEMPO RICO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de maio de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.056

 



O mês de junho para nós sertanejos alagoanos, representa muita festa junina e esperança total no campo. Nosso chamado inverno, denominado pelo povo, tem início no outono e tira até o fim do inverno oficial. Portanto, apesar das incertezas dos climas no mundo, já tivemos início do período chuvoso desde o mês de abril, embora com poucas e alternadas chuvas. O mês de maio foi uma ótima alternância de chuva pouca e sol. Isso permitiu que todas as regiões alagoanas mostrassem nesta ocasião um verde cheio de matizes pelo Sertão, Agreste, Zona da Mata e Litoral. Essa chuva pouca e alternada é muito sadia para o campo e nutre esperanças na agropecuária que teremos um ano de fartura e de barriga cheia com se fala por aqui.

Barreiros e açudes estão cheios, o homem do campo cortando terra e plantando com a animação em alta. A Economia da região, em todos os setores não abandonou a certeza de um ano privilegiado. Como somos pobres em indústrias, temos um comércio crente, tanto pelas condições climáticas quanto pelos muitos festejos programados para os próximos dias. Assim, Festa da Juventude, Festa da Padroeira, Festa de Santo Antônio, Festa de São João, Festa de São Pedro e mais tarde, Festa de São Cristóvão, vão semeando com antecedência a mente dos que pensam em dinheiro. Sempre escutamos bombas no meio da noite e foguetes que antecipam a vontade do comportamento junino. São tantas festas que até falta fôlego para a narrativa.

Por outro lado, faz gosto viajar dentro do estado ou caminhar pela zona rural do Sertão. Mato verde, barragens cheias, riachinhos escorrendo, chuva fina nos telhados de argila. E para coroar a alegria sertaneja e agrestina, ordem de continuidade do Canal do Sertão, que pegará nessa etapa a metade da nossa pujante Bacia Leiteira. Melhor do que isso, só no Céu, mas ninguém quer ir agora. O alarme que autoridades falam nos alertas de tragédias de chuvas em Alagoas, talvez seja mais pelo trauma brasileiro do Rio Grande do Sul. Por enquanto, graças a Deus, o tempero do clima em solo alagoano segue um desenho de bondade e fartura que almejamos para todos os irmãos do campo e da cidade, ligados diretamente ao tempo. Ave!

 

 

 

 

 


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segunda-feira, 3 de junho de 2024

 

AGORA VAI

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 055



 

Infelizmente no Brasil é assim, anuncia-se uma grande obra pública e a mesma só vai ser realizada cinquenta anos depois, quando acontece. Entretanto, parece que poderemos iniciar a alegria da futura comemoração de obra tão relevante para toda a região do Baixo São Francisco, Penedo e Alagoas. Com as promessas dos atuais políticos, o canteiro de obras já teve início no dia 28 do mês passado, pelo menos na margem alagoana do rio. Estão sendo coletadas amostra do solo onde serão construídas as cabeças de ponte. A futura obra está avaliada em 203 milhões de reais e terá    vão de 1.18 km, com 21 metros de largura. As responsáveis pelo fantástico trabalho, seriam as Empresa Astra Leste e A. Gaspar. Pelo menos são essas as informações que surgem em alguns sites noticiosos.

Temos a região do Baixo São Francisco, onde estar localizada a foz, como uma das mais belas paisagens do Brasil. Penedo foi a primeira cidade alagoana e de quebra ainda expulsou os holandeses do seu território. Toda aquela região respira história e deveria melhor ser compreendida e abraçada por todos os que fazem o nosso estado. Certo que a ponte que liga Alagoas a Sergipe foi designada antes para Porto Real de Colégio/Propriá, inclusive, prestando um belíssimo serviço ao Brasil, mas Penedo, tanto pela sua posição estratégica quanto pelo seu histórico, não merecia o castigo do isolamento nem os perigos seculares de balsas que parecem romantismo. Conhecer Penedo e conhecer sua história, é fazer vibrar o sentimento de brasilidade.

Sim, uma nova retomada progressista com certeza irá tomar conta da região de Penedo, retardatária por conta da insensibilidade de muitos. Esperam-se inúmeros empreendimentos de altos níveis que por certo falarão muito alto nessa nova geração de penedenses ávida por coisas novas e encaixes triunfantes do Século XXI. Assim em nosso romance em via de impressão, parte da história da expulsão dos holandeses, de Penedo, está registrada nas páginas de Introdução.

Deixe que a ponte seja feita para que sertanejos como nós possam apreciá-la e exaltar a obra.

PENEDO (STOCK FHOTOS).


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