FACHEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.066
Entre as espécies vegetais do Sertão Nordestino,
destaca-se a cactácea Facheiro (Pilosocereus pachycladus). O Facheiro, um dos
mais fortes símbolos do Nordeste, disputa em beleza com o Mandacaru e
ornamentam muito bem a caatinga verde ou ressequida. Ambos são símbolos de
resistência, fortaleza e esperança. Ninguém sabe quantos milhões de fotos de mandacaru
e facheiro já foram espalhados pelo mundo. O facheiro, porém, difere um pouco
do mandacaru. Possui os seus braços mais delgados e contínuos, diferente do
mandacaru de braços grossos e intercalados. Ambos possuem uma infinidade de
espinhos e podem chegar até os dez metros de altura, embora o mais comum seja
em torno de cinco e seis metros.
O carpina da zona rural costumava fazer ripa e
até mesmo caibro dos braços dos facheiros. O artesão sertanejo usava suas
raízes para confeccionar colher de pau que seria vendida nas feiras e em alguns
estabelecimentos fixos. Sendo um vegetal nativo, o facheiro é muito respeitado
pelo homem rural que em condições normais do tempo o deixa em paz. Todavia, se
o tempo aperta o sertanejo com estiagem prolongada, o facheiro é cortado por
facões, transformado em fogueira leve quando perde ou amolece seus espinhos. É
utilizado, então para alimentar rebanhos caprinos, ovinos e bovinos. Na extrema
precisão também tem o seu miolo consumido pelo homem. Varia muito na cor que
vai de um verde agradável ao marrom enferrujado, principalmente no período de
seca.
Tanto o mandacaru quanto o facheiro têm forma
de candelabro. Altos e de braços erguidos parecem sentinelas do Exército
brasileiro. É como se fossem o pai espiando do alto todos os outros irmãos ou
filhos espinheiros menores. Um raso de caatinga sem mandacaru, sem facheiro,
parece perder completamente a graça da paisagem. É assim que estará na praça no
mês que vem, um dos meus quatro romances do ciclo do cangaço “DEUSES DE
MANDACARU”, que pelo visto acima também poderia ter sido titulado de “Deuses de
Facheiros”. Todos os quatro romances e mais um documentário da nossa história
estará sendo lançado de uma só vez em um dos dias da Festa de Senhora Santana,
se assim o bom Deus nos permitir. Mas aí já é outra história.
FACHEIRO (FOTO: PINTEREST).
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