O PANEMA
NA FESTA DA JUVENTUDE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.076
Enquanto a festa em Santana acontecia, o rio
Ipanema deslizou de Pernambuco e ficou praticamente lado a lado no seu leito
normal. Um ditado santanense antigo, do município, diz que “quando o rio
Ipanema bota cheia o inverno será bom”. Esse ano nem precisou a cheia do
Ipanema acontecer porque o inverno já estava sendo chamado de excelente. Nunca tínhamos visto um tempo invernoso
assim, chuvas fininhas, tanto de dia quanto de noite, intercalada de sol e céu nublado.
Portanto o rio Ipanema veio apenas confirmar a riqueza que estar acontecendo no
Sertão. Por outro lado, graças a Deus não foi confirmado o outro provérbio de
Santana, tão antigo quanto as origens da cidade “Panema quando bota cheia leva
um”. Não temos notícias de nenhum afogado até o presente momento.
Na foto da crônica, através da grade de
proteção da ponte General Batista Tubino, vê-se em primeiro plano o Poço dos Homens
e em segundo plano a continuação da cheia repentina. Desta feita, o rio não
encontrou casa construída no seu leito, nem oficina debaixo da ponte e nem rua
ocupando a sua calha. Por isso passou tranquilo sem mexer com ninguém. Suas
águas já baixaram bastante e daqui a uma semana, já estará fornecendo peixes
para as famílias pescadoras costumeiras, àquelas que gostam de peixe com
farinha e assim alimentam os buchos das crianças. Os primeiros dias de cheias fazem a limpeza
do lixo jogado ali pelos humanos e, os dias seguintes assentam o barro, a areia
e outras impurezas que as águas transportam. É ocasião de pesca e de banho.
E mesmo com muitas festas e barulhos nas ruas
de Santana, o rio Ipanema continua tranquilo, sereno e sinuoso como nos velhos
tempos da nossa juventude. A Pedra do Sapo, lá no Minuíno, ainda hoje marca a
intensidade das cheias em: pequena, média ou grande de acordo com as águas aos
seus pés, à sua cintura, ao cobrir a sua cabeça. A ponte engoliu as negras
canoas compradas em Pão de Açúcar, formulou o progresso da margem direita e
incentivou suicídios aos fracos na sua baixa murada. Diante de ruídos de
motores, foguetórios, sons de paredões e gritos alucinados, o rio Ipanema
escorre invisível e sereno cumprindo seu destino de mais importante acidente
geográfico do Sertão alagoano.
Orgulho sertanejo!!!
RIO IPANEMA VISTO PELAS GRADES DA PONTE, EM
PLENA FESTA DA JUVENTUDE. (FOTO: B. CHAGAS). 2024.
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