OS
CIRCOS E OS VALORES
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.141
Na década de 60, os circos mais famosos do
Brasil, sempre faziam uma temporada em Santana do Ipanema. E os bons círcos sempre
se apresentavam de casas cheia. O lugar de armar circos em Santana, era no
terreno baldio onde hoje é o Mercado de Cereais, Bairro do Monumento. Depois,
passou a ser por trás da Delegacia, quando demoliram a casa da idosa Mirandão e
sua frondosa cajarana defronte. Nessas peregrinações pelo sertão de Alagoas, os
circos costumavam contratar cantores da terra, como estratégia. Assim os
primeiros desses cantores, foram “Cícero de Mariquinha” e “Caçador”. “Cícero de
Mariquinha”, a mais bela voz que eu conheci, só encontrava concorrência na voz
de “Agnaldo Gaguinho”, que ingressera na banda da polícia. Cícero gostava das
canções de Cauby Peixoto, Caçador, de Nelson Gonçalves.
E ainda estudante do Ginásio Santana, eu via os
colegas “Omir” e “Sebastião das Queimadas” (originário do sítio Queimadas)
brilharem como valores da terra nos circos que chegavam. Um tocava trombone,
outro cantava, ambos também funcionários do Banco da Produção do Estado de
Alagoas – PRODUBAN. Lembro-me que estava
sempre pedindo para que o Omir cantasse alguma canção, quando estávamos juntos.
Ele gostava das músicas: “Você Fez Coisa” e ..... “Hoje a notícia correu”.
Lembro também que pelo dia saía nas ruas o palhaço pernas-de-pau, anunciando o
espetáculo noturno, seguido por meninada que fazia coro sob seu comando. Lá na
frente, não era mais o pernas-de-pau, mas sim um novo tipo de palhaçada: o
comediante montado num jegue, voltado para trás e seguido pela multidão de
adolescentes que ficavam com o braço marcado para entrarem sem pagar, no circo.
Os circos em nossa cidade sempre foram
apoteóticos. Apesar dos atrasos das tecnologias da época, sempre tínhamos
divertimentos como os grandes bailes do Tênis Club, o Guerreiro, o futebol, os
banhos do rio Ipanema, o encontro de violeiros repentistas, o Cassimiro-Coco, o
cinema, o teatro... Mas, a chegada da
televisão acabou com tudo. Os circos desapareceram. Mas por andam os colegas
artistas Omir e Sebastião? Bem que nós, humanos estamos novamente precisando de
circos, circos e mais circos, concorda?
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