domingo, 3 de novembro de 2024

 

OS CIRCOS E OS VALORES

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.141

 



Na década de 60, os circos mais famosos do Brasil, sempre faziam uma temporada em Santana do Ipanema. E os bons círcos sempre se apresentavam de casas cheia. O lugar de armar circos em Santana, era no terreno baldio onde hoje é o Mercado de Cereais, Bairro do Monumento. Depois, passou a ser por trás da Delegacia, quando demoliram a casa da idosa Mirandão e sua frondosa cajarana defronte. Nessas peregrinações pelo sertão de Alagoas, os circos costumavam contratar cantores da terra, como estratégia. Assim os primeiros desses cantores, foram “Cícero de Mariquinha” e “Caçador”. “Cícero de Mariquinha”, a mais bela voz que eu conheci, só encontrava concorrência na voz de “Agnaldo Gaguinho”, que ingressera na banda da polícia. Cícero gostava das canções de Cauby Peixoto, Caçador, de Nelson Gonçalves.

E ainda estudante do Ginásio Santana, eu via os colegas “Omir” e “Sebastião das Queimadas” (originário do sítio Queimadas) brilharem como valores da terra nos circos que chegavam. Um tocava trombone, outro cantava, ambos também funcionários do Banco da Produção do Estado de Alagoas – PRODUBAN. Lembro-me  que estava sempre pedindo para que o Omir cantasse alguma canção, quando estávamos juntos. Ele gostava das músicas: “Você Fez Coisa” e ..... “Hoje a notícia correu”. Lembro também que pelo dia saía nas ruas o palhaço pernas-de-pau, anunciando o espetáculo noturno, seguido por meninada que fazia coro sob seu comando. Lá na frente, não era mais o pernas-de-pau, mas sim um novo tipo de palhaçada: o comediante montado num jegue, voltado para trás e seguido pela multidão de adolescentes que ficavam com o braço marcado para entrarem sem pagar, no circo.

Os circos em nossa cidade sempre foram apoteóticos. Apesar dos atrasos das tecnologias da época, sempre tínhamos divertimentos como os grandes bailes do Tênis Club, o Guerreiro, o futebol, os banhos do rio Ipanema, o encontro de violeiros repentistas, o Cassimiro-Coco, o cinema, o teatro...  Mas, a chegada da televisão acabou com tudo. Os circos desapareceram. Mas por andam os colegas artistas Omir e Sebastião? Bem que nós, humanos estamos novamente precisando de circos, circos e mais circos, concorda?


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