A FEIRA DAS PORTEIRAS Clerisvaldo B. Chagas, 17 de dezembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3332   Com o de...

 

A FEIRA DAS PORTEIRAS

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de dezembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3332

 



Com o desmatamento acelerado na caatinga, com início em torno dos anos 70, muitos produtos utilizado das matas, foram destruídos. Como exemplo temos os cipós, utilizados para o fabrico de balaios, fornecedores de material para carro de boi, de várias espécies da vegetação. Alguns anos atrás fui surpreendido em vê inúmeros feixes de vara de ferrão expostos à venda em Arapiraca. Ora, muito surpreendido, porque já não a encontrávamos no Sertão. De onde teriam vindos aquelas varas? E uma das coisas que era preciso encomendar era a cancela ou porteira. Porque é uma tristeza você passar por porteira caindo aos pedaços ou ter que enfrentar os chamados colchetes. O colchete é composto de arame farpado estirado em dois pedaços de paus, para fechar a estrada, de forma molenga.

E quando a gente pensa que tudo terminou, desapareceu, eis que alguém mostra na Web, uma feira de cancelas. Uma feira de verdade com muitas cancelas bonitas e bem-feitas. Aí encerra o sacrifício de se revolver céus e terra em busca de um carapina. E bem que porteira nova e bela, ajuda bastante a “enfeitar o maracá”, como se dizia por aqui. Mas estou dando destaque a esse tema sertanejo, porque admiro o artesão do semiárido e fico alegre quando encontro algo que pensava extinto, notadamente aquilo que fez parte do constante universo da nossa infância. A propósito, o objeto acima que era invisível, ficou imortalizado com a música sertaneja O MENINO DA PORTEIRA, cantada e decantada no Brasil inteiro.

Dois tipos de cancela ou porteira havia e há no Sertão de Alagoas. A porteira de tábuas, quadrada ou retangular, com uma cabeça fixada num mourão da cerca, a outra cabeça de abrir e fechar com uma corda circular na porteira e no mourão para fechar e abrir a cancela. O outro tipo – hoje uma raridade – consiste em dois mourões de madeira, cada qual com 4 a 6 buracos redondos, atravessados por caibros roliços. O transeunte retira dois ou três paus, empurrando-os para os lados, abaixa-se para passar e volta a colocar os caibros no mesmo lugar. Uma coisa arcaica e cabulosa, como esta palavra. Tanto é que existe um jargão sertanejo diante de tanta facilidade de hoje, conhece? “Ah, mundão véi sem porteiras!... “

FEIRA DE PORTEIRAS EM  CAPOEIRAS-PE (DIVULGAÇÃO).

 

 

 



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