terça-feira, 25 de agosto de 2009

BRIGA DE FOICE NO ESCURO

BRIGA DE FOICE NO ESCURO
(Clerisvaldo B. Chagas. 25.8.2009)

Os fazendeiros ricos do sertão costumavam convocar dezenas e dezenas de pessoas para o trabalho da lavoura. Muitas vezes os trabalhadores passavam de cem e o aglomerado era chamado “batalhão”. O batalhão fazia os mais diversos serviços no campo como desbastar, plantar, colher. Em algumas dessas tarefas, a ferramenta principal era a foice que facilitava o chamado “roçar o mato”. Nem todo patrão permitia que homens e mulheres trabalhassem armados. Mas, às vezes, havia desentendimentos entre campesinos quando a foice, então, servia como arma de guerra. Pelo seu formato curvo e um cabo roliço de madeira, a foice era altamente perigosa e temida pela capacidade de fazer estragos. Um deles era degolar o inimigo com um golpe feroz e certeiro. Geralmente no fim do dia saía uma cachacinha como oferta generosa dos contratantes. Já escurecendo o dia, queimados pela pinga, a desavença da roça vinha à tona. Ora, se briga de foice já era uma coisa apavorante, imagina-se após as seis horas. Daí a expressão: “briga de foice no escuro”.
Na política brasileira a coisa não é tão diferente. Aproximam-se as eleições e, as foices já estão procurando amoladores nas cúpulas de Brasília. A ministra Dilma — candidata ainda sem as manchas dos grandes escândalos lá em cima — já é o alvo predileto da oposição. De uma capacidade de trabalho extraordinária, a ministra ainda mantém a credibilidade popular. É certo, contudo, que lhe falta o carisma; daí o esforço diário do presidente em expor a ministra nas vitrinas de trabalho. Para o governo é uma esperança longe (ver pesquisa), mas é real. A concentração adversária tenta manchar ou colher a desistência da ministra. Com Dilma fora do páreo, dificilmente o governo terá tempo de apresentar um candidato que mergulhe na simpatia popular em tão pouco tempo. Todas as lideranças estão desgastadas. Dedos sujos e cangaceiros travam um duelo interessante em espetáculos ridículos e risíveis. É a oferta ao povo brasileiro. O que está acontecendo no Distrito Federal faz lembrar os bons tempos de Oscarito e Grande Otelo. Brasília passou também a ser uma atração das tardes telesivas. Apesar de tudo não se pode dizer que isso não cause preocupação. Afinal, os personagens do Distrito são verdadeiros e legítimos representantes do povo. Enquanto isso, lá em São Paulo, Serra vai observando as chamas cercando o coliseu; pelo menos na esperada folga da pesquisa. Marina entra na guerra e Dilma leva mais um golpe. Outras pessoas, como o cantor Gilberto Gil, também querem ser vice de Marina. Vamos aguardar a decisão de outros cantores. Que tal Roberto Carlos? Caetano Veloso? Maguila, o estreante?
Como na roça, o dia está terminando, os briguentos perdendo a cabeça. Quando a noite cair de verdade, com certeza teremos uma BRIGA DE FOICE NO ESCURO.



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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

AS MENINAS DO BRASIL

AS MENINAS DO BRASIL

(Clerisvaldo B. Chagas. 24/25.8. 2009)

Valeu à pena varar as madrugadas para contemplar os jogos do Grand Prix. As jogadoras brasileiras adicionaram alegria e uma vaidade digna do nosso País. Cada partida um show particular e impressionante. As equipes estrangeiras faziam fila com os sacos das derrotas à mão diante das nossas cores. O azul apagado do terno transforma-se em chama devoradora na pancada. O técnico da seleção, José Roberto Guimarães, também dava espetáculos à parte com duas coisas fundamentais: frieza e competência. Após a consolidação do futebol, o Brasil agora passa a ser chamado também de “Terra do Vôlei”. Agora tanto vamos ao vôlei quanto ao futebol. Apenas o basquete continua capenga. Mesmo assim também poderemos ser potência no futebol feminino, graças ao incentivo geral da jogadora Marta. Já podemos observar diversos times femininos pelo Brasil afora com a certeza de que em breve esses clubes estarão cobrindo todo o País. Além de proporcionar a beleza e a quebra do machismo, o futebol feminino — como disse o presidente Lula — poderá gerar milhares de emprego. Além do campeonato do Grand Prix, pela oitava vez, a seleção ainda ficou com dois títulos mundiais: o de Sheilla como a melhor do mundo e o da Fabiana como a melhor bloqueadora. Importantíssima a posição invicta para ser respeitado o País pelo mundo inteiro. Afinal, uma sequência de 14 jogos com 14 vitória é, sem dúvida, um feito extraordinário. Dava gosto apreciar a queda dos grandes nomes: Estados Unidos, Alemanha, Polônia, China, Holanda, Rússia e outros como o próprio Japão. Expectativa antes, emoção depois com o predomínio do verde e amarelo. E para completar o domingo do Brasil continente, chega de quebra a vitória de Rubinho, carismático e sofredor, que dessa vez montou na vassoura da bruxa. Ainda bem que o esporte veio amenizar um pouco a onda negativa das bandas de Brasília. A garra da mulher brasileira está em alta nos quatro cantos da Terra.

Temos certeza, porém, que ninguém gostou do que a Rede Globo fez no último jogo do Grand Prix. Após viciar os telespectadores nas altas madrugadas — em espetáculos que valeram sim — nos deixou na mão, justamente na partida final e contra os donos da casa. Nenhuma outra emissora teve o direito ou o interesse de transmitir o jogo. Mesmo com seus outros compromissos, se isso não foi uma covardia, foi, no mínimo, uma falha deselegante. Então, o garoto ganha um sorvete e já no final, na parte mais gostosa, tem o sorvete arrebatado. Mesmo assim não vamos condenar no todo a poderosa. Vamos nos orgulhar das vitórias em série da Seleção Feminina de Vôlei. Abrem-se novas páginas no esporte desta nação, tentando compensar o tempo perdido do descaso. Foi realmente um domingo para ninguém botar defeito com o equilíbrio, a competência e a raça das MENINAS DO BRASIL.


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