sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O COTIDIANO DA VILA

O COTIDIANO DA VILA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2011

          O progresso ia surgindo e a vila consolidava-se como ponto estratégico na boca do Sertão das Alagoas. Residências importantes apareciam cada vez mais pontilhadas de estabelecimentos de comércio. As fachadas recebiam figuras em alto relevo como estrelas, círculos, linhas horizontais e verticais. Não era raro encontrar escultura de frutas ou jarros de argamassa no topo das paredes, a exemplo do frontispício da cadeia velha (ver adiante) com dois abacaxis.
          O centro comercial aumentava sua força como importador e distribuidor de mercadorias para o Sertão e alto Sertão. A Agricultura e a Pecuária garantiam a sobrevivência do campo. Carros de boi, burros e cavalos asseguravam o transporte de mercadorias e pessoas. As trilhas iam alargando-se para os carros de boi, mas já se falava no tal caminhão. Os tropeiros viajavam por trilhas, quebradas e travessias em direção à Zona da Mata, abarrotados de farinha, feijão, carne-de-sol, couros e queijos. Voltavam tangendo os burros com cargas de rapadura, aguardente, tecido e mel de engenho.
          A iluminação das ruas funcionava nos lampiões dos postes com óleo de baleia. Sobradões tomavam conta do centro de calçamento bruto. Os homens andavam elegantes com roupas brancas, colete e chapéu panamá. As mulheres caracterizavam-se pelos ares de burguesia com seus vestidos longos e joias à moda francesa. Surgiu à banda de música, o teatro, os encontros dançantes, o futebol... Apareceram os primeiros automóveis, os caminhões, as novidades industriais, as fabriquetas de aguardente, refrigerantes, e calçados. Nascem os primeiros escritores. O casario do quadro alongava-se ladeira abaixo em direção à foz do Camoxinga e à direita da Matriz rumo as presente Aterro, formando um segundo quadro; Largo da Feira, hoje defronte o Mercado de Carne. Novas residências iam sendo construídas subindo para o Monumento, formando a avenida principal, uma vez que a 1ª Rua, a do Sebo, já estava a muito concretizada.
          As compras eram feitas nos armazéns, nas feiras, nas mercearias e nas bodegas. Crianças brincavam da mesma maneira do início da vila e, os divertimentos dos adultos também se mostravam os mesmos na sociedade machista da época, onde o crime pela honra ainda era permitido. Continuava Sant’Ana  a ser abastecida com Água do Panema, sobre lombo de jumento com dois pares de ancoretas. O rio não deixava de fornecer todo o material para construção e expansões da vila; areia, barro, pedra e água.
          De vez em quando passava pela vila, bando de ciganos, fatos constrangedores. Outras vezes o colorido de um circo motivava grandes alegrias de crianças, jovens e adultos. (Chagas, Clerisvaldo B. O Boi a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema).

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MARCHA ANTICORRUPÇÃO

MARCHA ANTICORRUPÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de setembro de 2011

           Manifestantes lavaram a rampa do Congresso em ato anticorrupção, num protesto danado em Brasília. Havia gente de todas as categorias e de todos os lugares de aposentados a estrangeiros. E o interessante é que a marcha anual ganhou a adesão de quem assistia ao desfile de 7 de setembro. Não foi só o Congresso Nacional que teve a sua rampa lavada pelos manifestantes, mas também a dos ministérios do Esporte e da Agricultura, ambos envolvidos em suspeitas de corrupção. A multidão, composta de donas de casa, estudantes, funcionários públicos e as mais diversas categorias, faziam o ato simbólico enquanto gritavam frases contundentes contra os desonestos. Vassouras as mais diferentes, eram esfregadas no chão por pessoas, trajando principalmente roupas pretas e brancas, portando faixas, bandeiras e cartazes, numa demonstração de intolerância pela onda avassaladora de corrupção que atinge o País. A marcha foi organizada pela Internet, tendo sido iniciada com cerca de duas mil pessoas e que foi ganhando a adesão do público que acompanhava o desfile, engrossando as fileiras e se tornando uma imensa massa humana contra os corruptos. Não foi somente em Brasília que houve protestos contra a ladroagem, mas também em capitais outras como São Paulo, Recife, Salvador, Cuiabá e Belo Horizonte. Belíssimas fotos representando quadros coloridos e irreverentes enchiam ruas e avenidas do Brasil.
          Segundo palavras de vários manifestantes, a marcha não teve intenção nenhuma de atrapalhar o desfile de 7 de setembro, mas sim de chamar a atenção para os escândalos envolvendo o dinheiro público, que é o dinheiro do povo brasileiro. Esse movimento intenso criado pela Internet tem os seus objetivos definidos como o voto aberto no Congresso Nacional e a votação do projeto de lei apresentado no Senado considerando crime hediondo a corrupção e, ainda a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Quem participa do movimento ganha o apoio jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil, sem dúvida nenhuma, um estímulo a mais a quem empreende uma luta nesse porte. Até mesmo o próprio presidente da OAB Ophir Cavalcante participou da marcha. Está certo Cavalcante quando diz que “o que estar faltando nesse país é vergonha na cara”. Mas também vem faltando penas duras como nos países chamados sérios nos rigores das suas leis.
          Tomara que esse novo grito de independência envolva o Brasil permanentemente, fazendo pressão sobre as autoridades com tolerância zero. Os safados da cara de santo estão comendo nosso dinheiro e engordando cada vez mais com os vermes das cédulas alheias. Por enquanto os safados ficam por trás dos gabinetes só achando graça, vamos ver o futuro e formar em cada uma das cidades do País, essa MARCHA ANTICORRUPÇÃO.








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