FREI CANECA E MAIS TRÊS Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2016           De imediato, a independência do Brasil não provocou mudan...

FREI CANECA E MAIS TRÊS

FREI CANECA E MAIS TRÊS
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2016

          De imediato, a independência do Brasil não provocou mudanças significativas. O imperador continuava autoritário, a situação de pobreza não mudava, enquanto os presidentes das províncias não agradavam ao povo. Estes eram nomeados pessoalmente pelo imperador. Um grande sentimento de revolta foi tomando corpo entre a população, principalmente entre pessoas mais esclarecidas como jornalistas, padres, professores, advogados, que também arrastavam os mais humildes para um luta contra a escravidão, a desigualdade social, o próprio imperador e, no caso, o presidente de Pernambuco. Esse movimento eclodiu em terras pernambucanas, em 1823. O presidente de Pernambuco chegou a ser expulso, todavia, houve reação do governo central. Como a insatisfação era grande, o levante não se restringiu somente a Pernambuco. Participaram no Nordeste, ainda, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, formando o que os historiadores denominaram: Confederação do Equador. Os revoltosos foram atacados pelo mar por mercenários ingleses contratados pelo governo, que até dinheiro tomou emprestado para isso, aos bancos dessa própria nação europeia.
          Por terra foram pressionados pelos latifundiários que não queriam a libertação dos escravos. A situação de levante foi dominada. Várias lideranças foram presas, dezenove condenadas à morte. Entre os condenados, estava Joaquim do Amor Divino Rabelo, conhecido como Frei Caneca. Condenado à forca, o herói da Confederação, ficou impassível na hora da morte. Três carrascos recusaram enforcá-lo. Como não conseguiram convencer o primeiro carrasco, preto, pobre e presidiário, nem com promessa de soltura, foi o homem espancado a socos, pontapés e coices de fuzis. Ficou agonizante na prisão. O segundo, semelhante ao primeiro, foi espancado à vista de todos no patíbulo, pela recusa. Isso tudo chocava a multidão presente. Era o dia 13 de janeiro de 1835. O terceiro homem também presidiário preto e pobre recusou fazer qualquer mal ao Frei. Certamente todos eles pagaram com a vida. Depois dessas recusas, a vítima foi, então, executada a tiros de fuzil, pelos próprios granadeiros. Para não dizer que o Brasil não deu homens de fibra ao extremo, nem heróis, apresentamos aos nossos abnegados leitores nada menos de que FREI CANECA E MAIS TRÊS.

  BURRO DE D. PEDRO I Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2011   Interessante é analisar a História e os historiadores, na forma apres...

BURRO DE D.PEDRO I

 BURRO DE D. PEDRO I
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2011

 Interessante é analisar a História e os historiadores, na forma apresentada, no estilo individual, nas afirmações dos fatos. Petrificados os senões temos as coisas contadas como verdadeiras. Um colorido afortunado, nuanças atrativas, escafandros de lembranças. E vamos, então, nos acostumando com as opiniões alheias, ricas de pérgolas, de concreto armado que afugentam a nossa coragem de afirmação. Afinal, são tantos os sábios do mundo, “meu irimão”, que a verdade da gente deixa apenas os olhos de fora, tal hipopótamos nas águas turvas. E se as imposições navegam nas escritas, o rosto venerando também engana na lei da vantagem de cada dia. Estamos acostumados com aquele belíssimo quadro da Independência. D. Pedro I, espada no ar, no semicírculo de cavaleiros e seus fogosos corcéis, enquanto as águas plácidas do riacho Ipiranga parecem ouvir o brado: Independência ou morte! “Virge, Zezinho, como foi bonita a Independência, rapaz!” É, mas foi descoberto depois, que o imperador não cavalgava cavalo algum, naquela hora. Tinha ido do Rio de Janeiro a São Paulo, montado em lombo de burro, animal muito mais rústico e resistente as infindáveis jornadas. Foi assim que desceu e subiu no retorno as escarpas perigosas do litoral santista. E quando falamos em muar, animal de imenso proveito no Brasil Império, tiramos a elegância dos cavalos brancos em questão.
         Nesse Brasil grandão de nosso Senhor, cai mais um ministro do governo Dilma. E como dizia um velho matuto do sítio Sementeira, município de Santana do Ipanema, “eu quero espiar a cara dele; bem de pertinho para achar o tamanho da vergonha”. Ele iria achar, sim, um homem cuja idade avançada não foi suficiente para fazer a coisa certa. Esse movimento que está sendo iniciado no Brasil contra a corrupção, já começa a fazer efeito e pressão em quem tem o dever de zelar pelo bem público. É de se ficar estarrecido mesmo com a roubalheira que tomou conta desse país continente. Eles não se conformam mais em levar cinquenta ou sessenta mil reais. Divulga a imprensa maceioense, um desvio de 300 milhões! Desvio, meu amiguinho, entenda bem. Roubo é coisa de pobre. Rico não rouba, desvia. Lampião falava que não era ladrão, apenas tomava a pulso, porque precisava. Tem gente que ainda acha pouco e tira a vida do conterrâneo, do ser humano lutador que apenas cobra a coisa certa! Depois, homem e mulher, aparecem na televisão com cara de artistas da rede Globo, numa pose que só vendo. Venha, meu amiguinho matuto da Sementeira, “espiar a cara deles e delas, bem de pertinho!...”
         Estar vendo, comadre! Apresentam-se como os cavalos da pintura, mas não valem a serventia do BURRO DE D. PEDRO I.