terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FERNANDES LIMA

FERNANDES LIMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2012

          Não. Não queremos falar sobre o indivíduo em si, sua personalidade de homem público na história das Alagoas. Estamos nos referindo, na verdade, a comprida lagarta cinza que nos conduz ao centro de Maceió. Lagarta essa que na capital alagoana é responsável por uma grande dose diária de nervoso do trabalhador. Os condutores dos milhares de veículos que por ali trafegam, quando não levam o chamado credo na boca, pronunciam sonoros palavrões de coleções diversas. O mínimo descuido do motorista que fala mal da sogra ou da ponte que caiu, poderá levá-lo ao embrulho das ásperas discussões, aos degraus das delegacias ou mesmo ao esbranquiçado muro de cemitério. Enfrentar um calibre 38 na boca do caixa, não é raridade para os que dão ou sofrem desde os famigerados triscas a coisas mais sérias que infernizam a hora e a vez. A passagem obrigatória diária pelo trecho vai fazendo parte do termômetro do humor santificado. Além da fila, congestionamento e batidas, os sons de veículos socorristas vão berrando nos seus ouvidos como programados filmes fantasiosos japoneses da nova geração.
          Planejam soluções; por cima, por baixo, de lado, enquanto o tempo avança sem aguardar as finais “peiticas” políticas, arrepiadoras de cabelos. Mas as montadoras que estão no Brasil não querem saber sobre esse importante departamento e não param a produção de novas máquinas em busca de recordes extraordinários e de lucros formidáveis. A última novidade é um projeto para engolir o canteiro central da avenida com seu jardim quilométrico e um assentamento “bacana” de trilhos de ferro para o chamado metrô de superfície. Ninguém ignora mais que uma das soluções para o trânsito avassalador, é o transporte coletivo de qualidade, principalmente nas grandes metrópoles. Não custa nada perguntar ao leitor esperto, se após essa realização, não impossível, as fábricas irão dar um tempo na produção de carros de passeio. Com o poder aquisitivo em ascensão, cada pessoa desse país almeja possuir seu próprio transporte, provado ser um dos três primeiros desejos do homem moderninho. Como, então, solucionar esse problema em definitivo, substituto dos fogosos cavalos de sela dos séculos XIX e XX?
          Conhecemos vários profissionais taxistas do interior no engano da capital. A Fernandes Lima sempre foi citada como fator número um na desistência da profissão ou no retorno às origens. Mas a avenida acima não é hoje sozinha a culpada do estresse no tráfego de Maceió. Tem outras vias construídas para desafogar e que estão agora sendo chamadas “Fernandinhas”. Você pode até dormir com elas, mas que estão ficando “cabulosas”, não tenha dúvida. As curvas estão no padrão que você gosta, porém, os inconformados dizem que o buraco é mais embaixo. Bem, questão de buracos já pertence à outra repartição. Quer arranjar um caso com as Fernandinhas ou fica com a mãe mesmo, a encrenqueira Avenida FERNANDES LIMA?

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O TREM DE PIRANHAS

O TREM DE PIRANHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2012

        Uma das melhores notícias dos últimos tempos foi à volta do trem de Piranhas, cidade presépio de Alagoas. Foi a linha férrea muito importante para o desenvolvimento do Sertão do São Francisco, o médio e alto sertão do nosso estado. O trem possuía trecho entre Piranhas (Al) e Jatobá (Pe), levando pessoas e  mercadorias para o interior, abastecendo a região de produtos industrializados. Os navios subiam o São Francisco e entregavam mercadorias da Bahia e de Pernambuco em Pão de Açúcar e Piranhas. Dali o trem, tropa de burros e frota de carros de boi, encarregavam-se de abastecer uma região que vivia do gado, da agricultura e da pesca fluvial. Deixou saudade, quando o trem fez a última viagem no dia 31 de março de 1964. A preferência do Brasil pelo sistema rodoviário de transporte levou ao abandono a estrada de ferro em muitos lugares do país. Com o plano de revitalização para cidades ribeirinhas do São Francisco, Piranhas, estagnada durante décadas, parece resgatar o seu antigo sucesso quando era movimentado entreposto comercial, permitindo acúmulo de riquezas para vários e o surgimento de casarões e coronéis que dominaram boa parte de águas e terras do baixo São Francisco.
         A volta da máquina irá impulsionar uma nova realidade nesse renascer da urbe. Puxada pelo turismo planejado a mídia mostrou a face de Piranhas para o resto do país e parte do mundo. Não está claro ainda para os ecologistas se a máquina, tipo Maria Fumaça, isto é, movida a vapor (lenha e água) modelo alemã fabricada em 1929, vai usar a lenha da região, contribuindo com desmatamento já adiantado. E se após o trem também vier o teleférico, como se fala, temos razão de sobra para acreditar numa mudança (inclusive de mentalidade) em outros municípios próximos a Piranhas que poderão se beneficiar como o núcleo turístico da cidade que foi invadida pelo cangaceiro Gato e Corisco. A hidrelétrica de Xingó, o “canyon” do São Francisco, o museu de Piranhas, o artesanato de Entremontes, as histórias cangaceiras e o próprio cenário espetacular, vão atrair bastantes pessoas do mundo inteiro. Portanto a notícia de que a nova velha máquina irá desembarcar na cidade na próxima quinta-feira, é de fato uma notícia tão boa quanto o VLT Maceió – Satuba.
          Pelo que entendemos a via férrea não terá de volta o antigo trecho de Piranhas a Jatobá. O seu limite será em torno de 12 km para o setor da hidrelétrica e parte do “canyon”. Ora, aos poucos a cidade de Piranhas vem arrebanhando os visitantes da própria região que antes procurava Pão de Açúcar. Com organização para um acolhimento a esse turista local, a cidade foi sendo divulgada e alcançou a mídia com um sucesso arrasador. Não vemos a hora de alisarmos as poltronas dessa tal Maria Fumaça e sair por aí fumarando pela beira do rio. E se passeio de canoa já é bom, imagine de Maria. Aplausos para a iniciativa. A atração agora será O TREM DE PIRANHAS.





































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