segunda-feira, 30 de julho de 2012

LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA


LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2012.
Crônica Nº 831

Vapor de guerra Minas Gerais. (Fonte: Wikipédia).
Apesar de ser mestre em estratégia armada nas caatingas, Virgolino Ferreira da Silva também cometia suas “barbeiragens”. Foi derrotado em combate inúmeras vezes, tanto ganhava quanto perdia. Quando mandou buscar dinheiro em Pão de Açúcar, Alagoas recebeu o recado daquela gente de sangue no olho, que “se quisesse tirar raça de valente mandasse sua mãe para lá”. Engoliu a resposta com casca e tudo e se foi vingar no miserável e indefeso povoado Meirus, no mesmo município. Quando mandou portador a Mata Grande, Alagoas, querendo o “joão-da-cruz” do comércio, ouviu do mesmo portador: “Dinheiro tinha à vontade, ele mesmo fosse buscar que o povo estava com muita saudade dele e queria abraçá-lo”. E nesse abraço o valentão não passou da primeira rua da cidade. Para assaltar a baronesa de Matinha de Água Branca, fez como qualquer ladrão faz, pulando o muro da casa madrugada para levar o alheio. Descoberta a trama, um grupo de comerciários e o delegado o puseram em fuga. O povo cantou:

“Lampião quando correu
Da cidade de Matinha
Foi no chouto americano
No galope almofadinha”

Na sua marcha a Mossoró, primeiro cometeu o grande erro de atacar uma cidade daquele porte, indo na conversa e interesse de outro bandido. Depois, inúmeros outros erros bufas, notadamente na ida e, na retirada foi um desastre. Mas, dizem que todo homem feliz é generoso e certo dia o tal capitão estava de bolso cheio, portanto de bom humor. Segundo Valdemar de Souza Lima, deparou-se com o representante da firma Alves de Brito & Cia., no seu automóvel, simpatizou com o mesmo e puxou conversa. O caixeiro-viajante Manoel Campos, como homem bom de convencimento, explicava, a pedido, como era a vida de vendedor. Enquanto entusiasmava Lampião, sem saber como terminaria a conversa, conseguiu a admiração do chefe de bando falando do “Minas Gerais” ─ o vaso de Guerra capitânia da nossa esquadra. Descreveu todo seu tamanho, a blindagem o poder de fogo, a quantidade de canhões e que bastaria uma só descarga do bicho para destruir o palácio do Presidente da República. Lampião ouvia aquilo tudo babando de inveja e de euforia porque o caixeiro sabia pintar a cena colorida. E assim que o ladino e labioso palestrante fez pausa para respirar, Lampião, tomado de súbita alegria e saudosismo, exclamou, pondo a mão no ombro de Manoel Campos: “rapaz, mal empregado eu não ter podido pegar um vapor de guerra assim, porque Mossoró nas minhas unhas não tinha dado um cardo”.
Já pensou, amigo, numa peitica para ninguém botar defeito entre LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA!






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domingo, 29 de julho de 2012

LONDRES 2012


LONDRES 2012
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2012.
Crônica Nº 830

Abertura dos jogos olímpicos. (Fonte: smn).
Enquanto muitos indivíduos vão levando seus países às guerras, surgem grandiosos exemplos de amizade entre as nações. Os sentimentos egoístas, mesquinhos e animalescos de cérebros doentios, parecem não enxergarem os belos matizes que ornamentam a paz. É como se as próprias forças do mal penetrassem no couro desses atrasados que agem como bestas sub-humanas nesse mundo ainda infelizmente tão primitivo. Apesar das inúmeras advertências do quase número total de religiões do mundo, muitos animais de duas pernas continuam se apoderando descaradamente de tudo que podem, esquecidos ou duvidando de que ninguém leva nada para o além. Quando não é a ambição do possuir, à custa de muito sofrimento alheio, é o rato que rói por dentro pelas rédeas de espinhos do poder. O que faz um homem entrar num cinema e matar os espectadores para ele desconhecidos? Por que o dirigente da Síria teima em matar seus compatriotas? Assim outros estão agindo no planeta. Com guerra ou sem guerra não querem largar o poder que possui a doçura da ilusão de mandar em outras criaturas e o uso da verba pública que não sacia nunca a voracidade da avareza.
Felizmente surgem na marcação do calendário eventos importantíssimos para a humanidade como as Olimpíadas que oferecem o fantástico poder da amizade entre os povos. Londres teve a capacidade de levar para o seu território nada menos de que 204 nações. Todos os países estão ali representados, cada um com sua numerosa ou minúscula delegação, mas sentindo o prazer que não existe preço do abraço fraternal que o planeta Terra oferece aos seus habitantes. Calculamos que todos os países juntos comemorando o encontro seja o máximo a que a humanidade pode alcançar. E se esse titânico encontro fosse em comemoração à última guerra, ao último miserável, à última discriminação de cor do Globo, seria aplaudido até pelos que fazem os mundos superiores. Mas, dentro do que se pode fazer, está aí à festa bonita em meio a uma crise financeira que se arrasta pelos continentes ante a choradeira de quase todos. E como dissemos no início, o exemplo de fraternidade entre os homens não comovem os constantes troar de canhões em território Sírio e em outros lugares.
Aproveitemos, então, a parte boa e torçamos pelos nossos atletas que conduzem a bandeira da esperança. Pelos menos são essas lágrimas diferentes; surgidas das derrotas, passam como o vento; se brotam das vitórias, são dádivas para o Ego. Aplausos a LONDRES 2012.

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