domingo, 1 de dezembro de 2013

PALESTINA



PALESTINA
Clerisvaldo B. Chagas, 02 de dezembro de 2013
Crônica Nº 1096

Foto (cidade-brasil).
A região asiática de a Palestina estar formada dentro de um deserto onde a vida não é muito fácil. Sabemos que por mais inóspito que seja o lugar, nunca deixa de haver compensações. Os homens, porém, ainda neste planeta belo e selvagem, encurtam a sabedoria e esticam a intolerância. E as discórdias religiosas dos tempos bíblicos, prolongam-se pelos rumos atuais com o nome Deus na língua e o sangue na espada.
Longe, todavia, do Oriente Médio, outra Palestina enfrenta problemas comuns no Brasil, como a sabedoria política de todos os lados. Mas a cidade Palestina alagoana não é só política. É um núcleo populacional com mais de 5.000 habitantes, localizado em pleno semiárido, recebendo toda influência da Bacia Leiteira das Alagoas. Vive, como os demais vizinhos, do criatório de gado e da agricultura tradicional de milho e feijão. A cidade é simples, mas agradável e antes possuía o nome de Retiro. Servida por via asfáltica, a Palestina marca 174 km até à capital e convive bravamente com as secas periódicas. Tudo começou com uma fazenda de gado desde os tempos de 1880. Ali foi instalada primeiro uma mercearia e um entreposto  de compra de cereais. Em seguida foi montada uma fábrica de laticínio que chegava a produzir 10 mil litros de leite por dia. Foi instalado ainda um descaroçador de algodão para absorver o produto local. Assim começou a progredir o conhecido Retiro de Cima. Um povoado logo surgiu formando sua feirinha, ainda em 1949.
Para quem gosta de passear, conhecer e se sentir bem com a simplicidade das cidades sertanejas, poderá fazer uma visita a Palestina, bem iluminada pelo sol, limpa, cheia de comidas regionais e outras atrações na feira semanal. A festa do Padroeiro, Sagrado Coração de Jesus, acontece no dia 29 de junho, sendo motivo de fé, alegria e orgulho para todos os palestinenses.
Estive ali algumas vezes, mas não consegui fazer o que muita gente  gosta de aprontar: tomar banho no açude do DNOCS, em tempo de calor. Perto do rio São Francisco, o município fica um pouco afastado da rodovia, mas vale pela tranquilidade e acolhimento da sua gente. Nem só de eleições vive a PALESTINA.




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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

JUMENTO E PADRE



         JUMENTO E PADRE
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2013.
Crônica Nº 1095

Jumento (Wikipédia).
Desde as décadas mais distantes no Nordeste que os entendidos já diziam que Sertão só prestava para polícia e cangaceiro. Não sabemos, amigos, se alguém perguntou isso aos chefes de volantes como Aniceto, João Bezerra, Manoel Neto, Zé Rufino ou ao bandido Lampião. O certo é que sempre fomos pródigos em ditados populares no Brasil, especialmente na Região Nordeste, onde a filosofia corre na boca de todos, inclusive dos analfabetos. Foi assim também que filosofou o repentista quando o companheiro de cantoria falava na brabeza da seca:

“Eu tava me sustentando
De fruta de macaúba
Mas o galho ficou alto
Eu não conheço quem suba
De vara ninguém alcança
De pedra ninguém derruba”.

E por falar em seca, inventaram também outro adágio interessante a respeito do assunto: “Da seca do Sertão só escapa jumento e padre”. Padre porque sempre gozou de mordomia alimentar nas caatingas sertanejas; jumento porque quanto mais seco fica o tempo, mas o bicho engorda comendo tudo que aparece à frente, inclusive casca de pau.
Agora nesse Sertão velho de meu Deus, o progresso anda a cavalo, mas os assaltos chegam de supersônicos. Virou moda em Santana assaltar mercadinhos, porém, ao perder a graça, fizeram novo lançamento migrando para as lojas do Comércio, calçadas residenciais e escolas do governo. Ninguém tem mais lugar seguro em Santana do Ipanema. O cão tá solto e a população há muito reclama do desarmamento para pessoas decentes.  A conversa de ouvido a ouvido é uma só: é preciso um governo forte que faça uma limpeza geral no país inteiro, para começar tudo do zero. Ninguém sabe até quando a população vai aguentar sem agir em bloco como no Velho Oeste americano. Uma coisa apenas sabemos: isso estar ficando cada vez mais perto. Enquanto a limpeza geral não vem, o que se pode fazer ainda é filosofar como nossos avós. Dessa violência que tomou conta da capital e do interior, não escapa ninguém, nem mesmo JUMENTO E PADRE.  

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