JUMENTO
E PADRE
Clerisvaldo B.
Chagas, 29 de novembro de 2013.
Crônica
Nº 1095
Jumento (Wikipédia). |
Desde as décadas mais
distantes no Nordeste que os entendidos já diziam que Sertão só prestava para
polícia e cangaceiro. Não sabemos, amigos, se alguém perguntou isso aos chefes
de volantes como Aniceto, João Bezerra, Manoel Neto, Zé Rufino ou ao bandido Lampião.
O certo é que sempre fomos pródigos em ditados populares no Brasil,
especialmente na Região Nordeste, onde a filosofia corre na boca de todos,
inclusive dos analfabetos. Foi assim também que filosofou o repentista quando o
companheiro de cantoria falava na brabeza da seca:
“Eu tava me
sustentando
De fruta de macaúba
Mas o galho ficou
alto
Eu não conheço quem
suba
De vara ninguém
alcança
De pedra ninguém
derruba”.
E por falar em seca,
inventaram também outro adágio interessante a respeito do assunto: “Da seca do
Sertão só escapa jumento e padre”. Padre porque sempre gozou de mordomia
alimentar nas caatingas sertanejas; jumento porque quanto mais seco fica o tempo,
mas o bicho engorda comendo tudo que aparece à frente, inclusive casca de pau.
Agora nesse Sertão
velho de meu Deus, o progresso anda a cavalo, mas os assaltos chegam de
supersônicos. Virou moda em Santana assaltar mercadinhos, porém, ao perder a
graça, fizeram novo lançamento migrando para as lojas do Comércio, calçadas residenciais
e escolas do governo. Ninguém tem mais lugar seguro em Santana do Ipanema. O
cão tá solto e a população há muito reclama do desarmamento para pessoas
decentes. A conversa de ouvido a ouvido
é uma só: é preciso um governo forte que faça uma limpeza geral no país
inteiro, para começar tudo do zero. Ninguém sabe até quando a população vai
aguentar sem agir em bloco como no Velho Oeste americano. Uma coisa apenas
sabemos: isso estar ficando cada vez mais perto. Enquanto a limpeza geral não
vem, o que se pode fazer ainda é filosofar como nossos avós. Dessa violência
que tomou conta da capital e do interior, não escapa ninguém, nem mesmo JUMENTO
E PADRE.
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