segunda-feira, 15 de setembro de 2014

OS CORREIOS EM SANTANA DO IPANEMA



OS CORREIOS EM SANTANA DO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2014
Crônica Nº 1.260

CORREIOS EM 2006. (Foto: Clerisvaldo).
Prestando relevantes serviços ao município de Santana do Ipanema, os Correios, tudo indica, foram à primeira repartição federal a impor argumento que a vila necessitava.  A cadeia e a igreja faziam com que uma vila merecesse atenção das autoridades e seus habitantes sonhassem com o progresso. Assim, Santana do Ipanema, que possuía sua capela desde 1787 e depois sua cadeia na Rua do Sebo ─ tempos depois chamada Cadeia Velha ─ complementou o seu trio com a repartição Correios, instalada em 1869.
Os seus serviços vêm, portanto, dos tempos de uma época difícil, em grande parte pelo atraso dos transportes e estradas.
Foi de uma importância ímpar a instalação do telégrafo por essas bandas, principalmente quando usado no combate ao banditismo entre 1920 e 1940. Esse meio de comunicação passou a ser um grande aliado das forças volantes que peregrinavam nos sertões perseguindo cangaceiros, notadamente, o bando de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.
Na trama em que foram criados os seis telegramas mais famosos do Brasil, os Correios ajudavam definitivamente, ao governo a extirpar o mal que assolava a região. Em 1938, os seis telegramas deixaram a pequena cidade de Piranhas e ganharam o mundo.
Foi, entretanto, na gestão municipal do prefeito Firmino Falcão Filho, que os Correios ganharam um terreno medindo 40 metros de frente e 30 de fundos, situado entre a casa de Leopoldo Fernando de Oliveira e a garagem de Antônio Augusto Barros, no Bairro Monumento. Então o governo federal construiu um prédio moderno que passou a servir o município e foi inaugurado como Agência Telegráfica em 17 de setembro de 1947. Depois de amanhã, portanto, os Correios estarão completando 67 anos da sua instalação nesse terreno, conforme o Decreto nº 35 de 17 de setembro de 1947.
Sempre procurando aperfeiçoar os serviços prestados, os CORREIOS completam esse ano, seus bem vividos 145 anos no município. Parabéns a todos os que fazem essa repartição.



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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O PANEMA E O PINTOR DA NATUREZA



O PANEMA E O PINTOR DA NATUREZA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2014.
Crônica Nº 1.259
(Foto: identificação abaixo)

O mestre pincelava aqui, retocava ali. Recordo com nítida clareza o quadro bucólico apreciado dos fundos das residências. Fundos das residências da hoje Rua Antônio Tavares que deslumbrava fatia urbana do rio Ipanema.
 Lavadeiras pobres sob jirau de varas finas, nas areias grossas do rio seco. Palhas descoloridas pelo tempo e tecidos baratos sombreando as mulheres de cócoras à beira da cacimba.
Cem metros a montante, o botador d’água abastece as quatro ancoretas. Está ajoelhado diante da cacimba com tonel sem fundo. O caboclo vai retirando o líquido pesado com uma cuia de cabaça e passando para o funil acoplado na ancoreta. O chapéu de palha protege-o do Sol escaldante do Sertão. O jumento, ao lado aguarda pacientemente o complemento da carga e a voz conhecida do seu dono.
Ali perto, garotos jogam bola no campinho improvisado pelas últimas cheias do Panema. Lá adiante e mais acima, adolescentes caçam rolinhas que procuram a bebida dos minúsculos poços. Os garotos fazem manobras entre pedras e moitas com suas petecas improvisadas.
Uma vaca magrela muge sobre grama e ramagens.
Cavalos, burros, jumentos, pastam isoladamente presos por cordas de caroá.
Um caçador, traje em molambo, corta ao meio a paisagem bucólica com espingarda à mão.
Uma banda do céu se encurva e azula o cenário nordestino da década 1950.
O tinido do ferro na bigorna dita o ritmo do tempo no compasso que preenche o vazio do vale, do sertão, da vida encravada na simplicidade das coisas, das páginas de Deus.
Tira uma sesta o serrote do Gonçalinho, o serrote do Cruzeiro, a serra Aguda, os píncaros da Remetedeira.
O pintor vai encerrando a cena quando fiapos de brancas nuvens passam  como lenços brancos, acenando para o dorso encardido do velho Panema.
* Foto histórica e rara  de Laércio Luiz em:
LIMA. Ivan Fernandes. Geografia de Alagoas. 2ª ed. São Paulo, Do Brasil, 1965.
 

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