domingo, 17 de janeiro de 2016

OLHO d'ÁGUA DO AMARO

OLHO d’ÁGUA DO AMARO
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2016
Crônica Nº 1.497

O caso do Olho d’Água do Amaro é isolado e específico. Olho d’Água é um sítio rural como todos os sítios: casas esparsas pelas terras de minifúndios. Destaca-se por possuir um largo na estrada de terra (chamada rodagem) onde existe uma escola, uma casa de fazenda e uma igreja, lugar de concentração popular.
Segundo a tradição, um dos fundadores de Santana, Martinho Rodrigues Gaia (o outro foi o padre Francisco Correia) era detentor de extensa faixa de terras devolutas, adquirida como sesmaria. Durante uma época de seca, caçadores pediram permissão para uma caçada, permissão esta concedida. Estes foram surpreendidos quando, no meio da mata, depararam-se com uma pequena tapera. Voltaram e contaram a novidade ao fazendeiro que mandou um grupo de pessoas até o local indicado. Foi assim descoberto o negro Amaro, provável homem fugido e, mais uma fonte perene descoberta por ele. E como o tempo, de fato estava ficando brabo com a seca, a descoberta da fonte que até os nossos dias continua abastecendo, foi uma bênção. A denominação permanece como ficou conhecido o lugar a partir daquele acontecimento: Olho d’Água do Amaro. Mas, se pergunta de onde teria vindo Amaro? Ninguém parece saber. Os documentos não registram, nem a origem do preto da fonte chegou até nós através de transmissão oral. Provavelmente Amaro teria sido um negro fugido do cativeiro, se não, não estaria refugiado na caatinga bruta.
Levando-se em consideração que Martinho fundara Santana em 1787, portanto, a 92 anos da destruição do Quilombo dos Palmares, Amaro, com quase certeza, não teria vindo dos Palmares durante as refregas com o bandeirante Domingos Jorge Velho. Mas como no tempo de Martinho Rodrigues Gaia, o cativeiro ainda existia, pois somente foi extinto em 1888, 101 anos depois, dá-se como certa a fuga de Amaro de alguma fazenda escravagista distante. Isso é quase tão certo quanto dizer que o negro Amaro não teria vindo da Tapera do Jorge.

(Extraído do livro “Negros em Santana” às páginas 31-32).

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

AINDA O PADRE CÍCERO

AINDA O PADRE CÍCERO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2016
Crônica N. 1.496

Pe; Cícero,( Foto popular).
A nossa Igreja Católica já errou muito e continua errando desde os ciúmes do bispo do Crato em não possuir os mesmos poderes espirituais do padre Cícero. Negou os milagres de Romão com inveja – unicamente – ao jovem sacerdote. E com esse erro secular de inveja e prepotência, viu cada vez mais o aumento de romeiros pelo já consagrado por eles. Observando outras religiões crescendo no mundo e, a católica estagnada dentro do caramujo da arrogância e da ambição mundana de riqueza, resolve “reabilitar” o Homem. Uma tentativa de driblar os seguidores do padre.
A Igreja quer fortificar a fé católica no Brasil, indo buscar o “proscrito” para as suas hostes antes que outros seguimentos assim  o façam. Para isso inventou uma história absurda: o toco do perdão. Perdão de quê? Não se perdoa a quem não cometeu erros. A minha Igreja, rica em empáfia, era quem deveria pedir perdão ao santo nordestino e a seus romeiros, pela inveja do bispo da época e seus covardes seguidores. Essa mesma igreja dos longos crimes de “Inquisição”, jamais teve em altas autoridades e em padres medíocres um só milagre registrado por esses pobres coitados.
Gente simples e humilde de pouca compreensão pode até engolir essa tal “reabilitação” com perdão tapeador. Padre Cícero não precisa de perdão e de engodo, pois tem feito muito mais milagres agora de que quando encarnado. É por esse e outros perdões carentes de causa que a minha igreja se encastela nas mordomias, riqueza e inveja, cujas estrelas valorosas são frustradas.
Historiadores e biógrafos de Cícero atestam bem a vida agitada do representante de Deus e os cuidados ao seu povo nordestino. Mesmo assim, o fundador de Juazeiro do Norte ainda é uma figura polêmica, notadamente, entre os que não suportam o destaque e a fama de outrem.
Ora, se o Cristo que tinha tantos poderes foi caluniado, quanto mais o seguidor fiel e missionário!
Padre Cícero já é santo, dizem seus devotos. Mais uma vez a Igreja chegou tarde. Veio em lombo de jegue.



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