segunda-feira, 13 de junho de 2016

CANTE, CANTE, CANTADOR...



CANTE, CANTE, CANTADOR...
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2016
Crônica Nº 1531
Para a sensibilidade de Remi, Ferreirinha, Daniel e Mendes
Contato direto com o autor: clerisvaldodaschagas@gmail.com

Esse anoitecer tristonho
Essa madrugada fria
O sofrimento do dia
Essa esperança no sonho
Esse recato bisonho
À tarde que não tem flores
Recordações de amores
Esse meu vale sem cor
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Os caminhos mais escuros
As noites mais tenebrosas
O murchar das minhas rosas
Os sonhos mais obscuros
As tranças que descem muros
Como fogo-corredores
Suspiro e ais lutadores
Do tempo devorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Não o imenso azulado
Mas os nimbos de ameaça
Não o reforço da graça
Nem o céu mais estrelado
Mas o amor retocado
Entre vinho e dissabores
Lobos ameaçadores
Que uivam no cobertor
Canta, cante cantador
Na trilha das minhas dores.

Ver às sendas vegetais
O esconso e o espinho
O esfarrapado ninho
Dos antigos madrigais
Os galhos marrons ou mais
Que pendem, mas sem pendores
O concriz dos sonhadores
Que se tornou chorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.





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sábado, 11 de junho de 2016

ALGODÃO-DOCE E O PESTE



ALGODÃO-DOCE E O PESTE
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2016
Crônica Nº 1.530

Foto:(gideonimaran).
Saindo de casa fui surpreendido por uma presepada. Presepada era o termo que usávamos para algo inédito. Um ruído constante e repetitivo incomodava. Foi quando avistei vindo ao meu encontro, uma coisa que lembrava os tempos de criança. Um vendedor de algodão-doce. Não era naquele carrinho em que o produto é feito à vista do cliente, rodando uma manivela e surgindo o emaranhado do algodão, o céu da criançada. Esse vendedor vinha com uma vara às costas, onde pedaços de algodão-doce estavam pendurados, como os vendedores faziam transportando galinhas. O rapaz, no sol quente, usava chapéu de palha e mantinha uma cara sem sorrisos. Foi aí que descobri uma espécie de megafone automático, de pilha, com repetição constante e curta: olhe o algodão-doce! Olhe o algodão-doce! Olhe o algodão-doce!... Aquele barulho chato, cabuloso, irritante, poupava a voz do indivíduo, sem dúvida. Mas freguês nenhum tinha prazer em ouvir a geringonça pendurada no pescoço do vendedor. Imaginemos o produto descoberto, sujeito às moscas, à poeira e o sol o dia inteiro, para terminar no bucho das crianças!
Hoje, até cegos e aleijados usam as novas tecnologias para pedir esmola. O barulho incomoda terrivelmente e, ainda mais quando se mistura a outros sons sem controles, no Comércio.
Até que o vendedor poderia ser muito útil, se usasse aquela porcaria para rodear por meia hora o golpista, traidor e safado que em breve pagará o que fez.
FORA FIO DA PESTE! Ainda gritaria o vendedor de algodão-doce no seu pé de ouvido! 
* a foto não é a do meu vendedor.

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