quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

CACHAÇA DE QUEM MORREU

CACHAÇA DE QUEM MORREU
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.031

ALMEIDA. (FOTO/DIVULGAÇÃO).
De vez em quando penetrando no mundo maravilhoso dos repentistas nordestinos, passo a repetir uma historieta. Quando o Zé de Almeida criava fama nos braços da viola, foi chamado para ser testado em Paulo Afonso. Lá estavam os veteranos Manoel de Filó e Jó Patriota (conheci o segundo). Após uma baionada com Manoel de Filó, Jó Patriota assumiu a vez e sentou-se ao lado de Almeida. O vate santanense estava inspiradíssimo e iniciou o segundo baião:
                            
                                      Já cantei com Manoel
Agora canto com Jó
Um é cobra canina
Outro é cobra de cipó
Eu no “mei” me defendendo
Com um taco de mororó.

Aplaudidíssimo.

Em outra ocasião, Zé de Almeida se encontrava no comércio de Santana do Ipanema. Um dos locutores da Rádio Correio do Sertão, veterano, irmão do bispo diocesano, Humberto Guerrera, acabara de sair da emissora. Além de ser experiente o apresentador também era muito querido e gente boa. Gostava, porém, de beber muito e foi alvo naquele momento do poeta Zé de Almeida. Quando o radialista foi passando defronte ao Bar Comercial, Almeida apontou para ele e disse aos que o cercavam:

Lá vai Humberto Guerrera
Locutor amigo meu
Já perdeu até as contas
Das cachaças que bebeu
Tá vivo daqui pra cima
Pra baixo a “Pitú” comeu.

Novamente aplaudidíssimo pela criativa estrofe.
Esse é o mundo encantado do repentista.
Depois tem mais.






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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

PROFESSOR CARLÃO


PROFESSOR CARLÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.030

Professor Carlão. (Foto: SINTEAL).
Passei certo tempo como diretor da Escola Estadual Professor Mileno Ferreira, em Santana do Ipanema. Numa época em que a escola estava desacreditada; chamado para moralizar o estabelecimento, fomos o primeiro diretor eleito pelos diversos segmentos escolares. Todo o nosso trabalho ficou registrado particular e oficialmente. Você pode imaginar a série de trabalho própria do cargo público quando se trata de domar tantos vícios existentes. Sempre fui o primeiro a chegar e o último a sair nos três turnos oferecidos. Muita inveja e muitos passos de alguns servidores em busca de vantagens. Caso fôssemos elaborar relatório negativo, seria um triste relatório.   
Mas não resolvi falar de gente péssima, mas sim dos profissionais honestos que encontrei pela frente. Não de todos, mas, pelo menos de um deles que trabalhava nos Serviços Gerais, principalmente na limpeza. Trata-se do moreno alto e pau para toda obra, Carlos Sampaio que me ajudou espontaneamente na parte física do Colégio. Carlos Sampaio, filho do conhecido Carlos de Filemon, jamais negou ajuda ao diretor, sendo um braço forte lá dentro na sua área de trabalho. Deixei a Escola e Carlos segurou algumas oportunidades de estudos e foi aos poucos galgando degraus com seus esforços e apostas no futuro. Chegou a ser presidente local do SINTEAL, assim como fui no passado.
Aproveitando todas as oportunidades, Carlão continuou estudando. Nunca mais o havia visto, mas quando nos encontramos, foi para mim uma alegria medonha. Carlos, outrora o homem da vassoura, no momento professor, meu colega de profissão, trabalhando tranquilamente em dois municípios. Fiquei muito orgulhoso por ele e sua força de vontade em progredir. Essa homenagem à sua pessoa aproveita o final de 2018, para apontar um homem humilde, decente, que venceu graças aos seus méritos. Tenho orgulho do que passamos juntos e aponto a grande força do meu atual colega, como um exemplo de alto relevo na alma do indivíduo. Abraços, Carlos Sampaio (Carlão) por tudo que você mereceu e merece.
                                                                                                            
                                                                                  




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