terça-feira, 17 de setembro de 2019

LAMPIÃO E CHUMBO NA SERRA DOS CAVALOS


LAMPIÃO E CHUMBO NA SERRA DOS CAVALOS
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.183
SERRA DOS CAVALOS (FOTO: PINTESTER).

O homem, com bermuda jeans e boné parecia elétrico. Mal terminava o diálogo com um, virava-se para outro. Ali naquele aglomerado, indagou se a senhora era de Águas Bela. Ela respondeu que não era, falou em Águas Belas por acaso. Ele puxou conversa e disse que era de Minador do Negrão. “Minador, lá pra dentro tem uma serra bem alta e que logo após a serra, encontra-se Águas Belas”. Notei que ele estava procurando um conhecido para puxar conversa. Fiquei aguardando a sua agitação e veio à lembrança o monte que ele falara. Muitas vezes o sujeito fala demais, porém, não deixa de ser excelente fonte de pesquisa que às vezes coincide com sua procura. Procurei aguardar uma surpresa para o cidadão.
Lembrei-me da “Repensando a Geografia de Alagoas” (uma cinco estrelas engaveta). Também veio à mente, pesquisa exaustiva para o livro “Lampião em Alagoas”; serras de divisas do estado, fugas e combates de Lampião. Virgulino gostava de entrar em Pernambuco por Minador. Imaginamos a perseguição e tiroteios esporádicos do sargento Porfirio e sua aguerrida volante por ali, no início de 1938. Mesmo assim, com Alagoas caçando o bandido por todos os lugares, o chefe do bando desapareceu no vizinho estado do norte. Mas era importante para nós pontuarmos a sequência de serras e riachos da região, desde que acidentes sempre surgissem nas narrativas. Foi na hora em que o homem falou sobre Minador do Negrão que surgiu na mente a serra destaque.
Pensei comigo mesmo dá um susto no camarada rodeado por desconhecidos. Aproximei-me sorrateiramente e fiquei atrás da sua nuca. Vez em quando ele parava e falava, parava e falava, então, que eu disse forte no seu ouvido: “Quer dizer que o senhor é o homem das serra dos Cavalos!”. O indivíduo levou um susto desgraçado, virou-se rapidamente como macaco de mola. Olhou para mim de boca escancarada e indagou: “Como o senhor conhece a serra dos Cavalos?” Gargalhei por dentro com o susto alheio.
Nada eu disse.
Distanciei-me e parti dando adeus.
Também... Nem tava muito querendo conversa na parada.

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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

MACEIÓ: PRAÇA DO CENTENÁRIO


MACEIÓ: PRAÇA DO CENTENÁRIO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.182
PRAÇA DO CENTENÁRIO/MACEIÓ. (FOTO: TRIPDIVISOR).

Quando visitamos e usamos um logradouro público, sempre levamos conosco uma crítica, uma avaliação boa ou má, mesmo que a pergunta não tenha sido feita. Uma propriedade nossa, como particular, merece, sem dúvida alguma, todo o respeito com ela. Mas o espaço que pertence a todos, deve ser muito mais respeitado ainda. Assim vamos sempre topando com eles. Ficamos felizes quando encontramos uma praça bem cuidada, não importando a sua dimensão. Uma parada do transeunte onde existe uma sombra, um banco de jardim, um pouco de verde e apurada limpeza, é como o frescor de um copo d’água a quem vem sedento. O idoso, a criança, o jovem, o adulto e até um animal, conscientes ou não, agradecem a Deus aquele cantinho tão abençoado, concebido e ornado com o capricho do amor.
Como não estamos muito acostumados ao zelo com a coisa pública, batemos de frente com a surpresa agradável. Passando por certa reforma a Praça do Centenário, em Maceió, transformou-se num parque extremamente chique. Grande, zelado, verde, plano, parecendo “campo limpo” da vegetação de Cerrado. Representa no momento a praça mais bela da capital. Encravada no início da cidade alta, no Bairro do Farol, é ponto de referência famoso, lugar de elite, cujo espaço periférico é um dos mais valorizados da “Cidade Sorriso”. Divide duas pistas ao meio e permite longa e gratificante passagem de uma para outra. É ali vizinho onde começa a Av. Fernandes Lima, corredor principal do tráfego maceioense.
Mas por que todos os lugares públicos do Brasil, não são assim trabalhados? Ainda bem que em nossas andanças pelo interior, encontramos também em cidades pequenas, uma consciência nova com proposta ecológica e de bem estar. Para não promovermos um desfile de municípios, citemos pelo menos dois que muito bem cuidam dos seus logradouros: Carneiros e Poço das Trincheiras no Médio Sertão alagoano.
Parece, entretanto, que vigia nesses lugares é coisa do passado. Dar até impressão que os gestores, às duras penas, estão confiando na evolução da civilidade populacional. Que bom! Quando o próprio povo aprender a zelar pelo coletivo, ficará a vida muito mais doce e feliz.
Queremos ainda fazer parte dessa nova era.

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