quinta-feira, 24 de outubro de 2019

FURANDO A CAATINGA


FURANDO A CAATINGA
            Clerisvaldo B. Chagas, 23 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.203

POVOADO BARRA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO)
Para satisfação do povo sertanejo, o gove        rno vem através da “Agência Alagoas” (22) reafirmar que será entregue a pavimentação asfáltica Batalha – Belo Monte. Marca para 90 dias o prazo da entrega. O percurso de 27 quilômetros que liga as duas cidades, a AL -125, já teve concluído os serviços de drenagem e terraplanagem. Agora estar sendo preparada a base para recebimento do asfalto que ligará aquela rodovia à AL-220, em Batalha. O percurso era totalmente de barro com dificuldades em épocas chuvosas. Dentro de 15 dias será iniciado o asfalto com a devida sinalização. Quando o trecho estiver pronto, o tempo gasto para percorrê-lo ficará pela metade dos atuais 40 minutos.
Todo movimento de Belo Monte é por essa única estrada, mas a comunicação com outras cidades acontece através do rio São Francisco, principalmente com as de Sergipe. Hoje Belo Monte está mais integrada ao solo sergipano em todos os setores. Espera-se que essa realidade mude a favor de Alagoas após a pavimentação da AL-125. Bem perto de Belo Monte, a estrada se bifurca e um dos braços leva até o povoado Barra do Ipanema com a praia fluvial mais bela da região. É ali onde está o morro/ilha de Nossa Senhora dos Prazeres, cuja igreja no topo foi tombada pelo IPHAN. Como ninguém falou sobre o assunto, tudo indica que o acesso a Barra não será asfaltado.
Atravessando boa parte de caatinga ainda bruta, o trecho de barro Batalha – Belo Monte é perigoso devido ao seu isolamento. Aguarda-se para um futuro próximo um ganho exponencial para Alagoas, quando Batalha deverá incorporar essa nova economia. Saúde, turismo, educação e comércio terão uma dinâmica maior entre as duas cidades alagoanas. A previsão de entrega total da obra está prevista para o início de 2020, quando a nova realidade chegar à Bacia Leiteira.
No momento em que Alagoas é apontado em primeiro lugar no Brasil como melhor malha viária, a novidade soa bem aos ouvidos sertanejos. Uma vitória e tanta a ser comemorada com peixes, pitus e geladinhas na praia da Barra onde despeja o tão querido rio Ipanema.


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terça-feira, 22 de outubro de 2019

CARCARÁ, O IMPERADOR SERTANEJO


CARCARÁ, O IMPERADOR SERTANEJO
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.202
CARCARÁ. (FOTO/DIVULGAÇÃO).

“Carcará/pega mata e come/carcará/mais coragem de que homem...”.
A letra famosa é do santanense José Cândido. Mas para você que não conhece, apresentamos o predador dos ares.
O carcará (Caracara plancus) parente dos falcões é um velho conhecido sertanejo. Come quase tudo que encontra em suas caçadas: lagartos, insetos, roedores, cobras, sapos, passarinhos, pintos e até carneiros recém-nascidos. Também se alimenta de carniça tal os urubus, sendo vistos em margens de rodovias – aguardando animais atropelados – e nos campos de criação. Tem garras poderosas, segura a presa com elas e a rasga com o bico encurvado e robusto.
O carcará parece um religioso com um solidéu preto na cabeça. Suas penas são variadas em cores desde a proximidade do bico até a cauda. Aprecia sobrevoar em roças queimadas em busca de animais sobreviventes. Aprendeu a seguir as arações de terras com tratores, para atacar pequenos bichos revolvidos do solo. Assim como os gaviões, é um terror para quem cria galinhas e pintinhos nos terreiros. Não é surpresa encontrar o carcará caminhando nos lixões em busca de animais mortos e restos de comidas deixadas pelos humanos. Em Alagoas costuma frequentar a região da Bacia Leiteira, principalmente na rodovia entre Jacaré dos Homens e Jaramataia. É facilmente distinguível entre o gavião e outras aves pelo tamanho e características. Parece um imperador dono de tudo.
O carcará acompanha os urubus, passa muito tempo no chão e é excelente planador. Pode chegar a 124 centímetros de envergadura e cerca de 100 da cabeça a cauda. É conhecido como violento e cruel e o seu nome é usado em várias metáforas.
“Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim não passa fome
Os borregos que nascem nas baixadas
Carcará
Pega mata e come
Carcará
Não vai morrer de fome...”.


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