CARCARÁ, O IMPERADOR SERTANEJO
Clerisvaldo B. Chagas, 23
de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Carcará/pega
mata e come/carcará/mais coragem de que homem...”.
A letra
famosa é do santanense José Cândido. Mas para você que não conhece,
apresentamos o predador dos ares.
O
carcará (Caracara plancus) parente dos falcões é um velho conhecido sertanejo.
Come quase tudo que encontra em suas caçadas: lagartos, insetos, roedores,
cobras, sapos, passarinhos, pintos e até carneiros recém-nascidos. Também se
alimenta de carniça tal os urubus, sendo vistos em margens de rodovias –
aguardando animais atropelados – e nos campos de criação. Tem garras poderosas,
segura a presa com elas e a rasga com o bico encurvado e robusto.
O
carcará parece um religioso com um solidéu preto na cabeça. Suas penas são
variadas em cores desde a proximidade do bico até a cauda. Aprecia sobrevoar em
roças queimadas em busca de animais sobreviventes. Aprendeu a seguir as arações
de terras com tratores, para atacar pequenos bichos revolvidos do solo. Assim
como os gaviões, é um terror para quem cria galinhas e pintinhos nos terreiros.
Não é surpresa encontrar o carcará caminhando nos lixões em busca de animais
mortos e restos de comidas deixadas pelos humanos. Em Alagoas costuma
frequentar a região da Bacia Leiteira, principalmente na rodovia entre Jacaré
dos Homens e Jaramataia. É facilmente distinguível entre o gavião e outras aves
pelo tamanho e características. Parece um imperador dono de tudo.
O
carcará acompanha os urubus, passa muito tempo no chão e é excelente planador.
Pode chegar a 124 centímetros de envergadura e cerca de 100 da cabeça a cauda.
É conhecido como violento e cruel e o seu nome é usado em várias metáforas.
“Carcará
come inté cobra queimada
Quando
chega o tempo da invernada
O
sertão não tem mais roça queimada
Carcará
mesmo assim não passa fome
Os
borregos que nascem nas baixadas
Carcará
Pega
mata e come
Carcará
Não vai
morrer de fome...”.
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