quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

LAMPIÃO CORREU


LAMPIÃO CORREU
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.250
ÁGUA BRANCA. (IMAGEM WIKIPÉDIA)

27.06.1922. Água Branca (AL). Matinha de Água Branca. Segundo telegrama enviado ao Secretário do Interior, um grupo grande de cangaceiros invadiu Água Branca (AL)  e, em torno de 04 horas da manhã conseguiu entrar na residência da baronesa, arrombando a porta dos fundos (velha viúva de Joaquim Antônio de Siqueira Torres). Invadiram os salões e os quartos, num dos quais dormia a própria baronesa, despertada pela presença dos intrusos. A baronesa e mais duas senhoras que lá moravam foram tratadas com bastante respeito. Do lado de fora do palacete ficaram postados alguns cangaceiros, que mantinham os demais moradores afastados, atirando contra os que tentavam se aproximar.
Algumas pessoas organizaram a resistência: alguns rapazes do comércio, o delegado Amarílio Batista Vilar e dois ou três soldados.
Alguns cangaceiros haviam se entrincheirado numa casa vazia onde atiravam devidamente protegidos. Ali ficaram enquanto  durou o assalto.
Dentro do palacete foram quebradas as fechaduras e tudo foi revistado. Levaram muitas joias, objetos de valor, inclusive um cordão de ouro de aproximadamente três metros de  comprimento, e dinheiro, muito dinheiro.
Os cangaceiros, quando saíram dali, seguiram rumo ao município pernambucano de Tacaratu.
O povo então cantou:

“Quando Lampião correu
Da cidade de Matinha
Foi no trote americano
No galope almofadinha”.

(Extraído do livro Lampião em Alagoas, págs. 118-119).

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/01/lampiao-correu.html

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

SERRA DOS MACACOS


SERRA DOS MACACOS
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.254

SERRA DOS MACACOS, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Você é santanense? Conhece a serra dos Macacos? Pois bem, a citada montanha faz parte do complexo serrano do norte do município. É vista da cidade como um monte comprido e aplainado. Contemplada pela outra face, da ponte do riacho Gravatá, é que o amigo pode se dar conta da sua altura. Vem lá das imediações da cabeça da serra da Camonga (estrada do povoado São Félix) e, transversalmente, morre beirando a BR-316, na entrada da região do sítio Jaqueira. Apesar de se achar bem situada, só vai à montanha quem tem negócio. Até porque não existe um incentivo para que estudantes e outras pessoas conheçam todo o território em que nasceram e só depois conheçam o mundo. Quem sai de Santana ao povoado Areias Brancas, passa na entrada da serra.
O seu nome de batismo se perde no tempo. Vem desde a conquista da região por sertanistas que iam denominando os acidentes geográficos e repassando esse conhecimento. Portanto, serra dos Macacos, era sem dúvidas, uma faixa de terras em que proliferavam os símios. Os termos indígenas de outras serras vizinhas, só perguntando aos das tribos remanescentes dos índios Fulni-ô ou Carnijós de Águas Belas: Gugi e Camonga.
É costume no sertão o recebimento de convites assim: “Apareça no sítio para comer uma galinha de capoeira”. Mas também para comer um preá, uma buchada, um guiné... Foi assim, através de terceiros, que recebi um desses convites para comer um preá na serra dos Macacos.
Não tem cabimento subir uma serra para comer um cavídeo. Porém, interessado em conhecer o lugar e a paisagem serrana, marchei para o cimo da serra com o companheiro. Não vi o cenário que almejava. Andamos por uma trilha carroçável ladeada por exuberante vegetação de caatinga, no lombo da montanha. A casa não ficava tão longe, fomos bem recebidos e saiu o almoço. A carne era preá mesmo. Quando meti os dentes no danado, fiz um esforço medonho para não passar vergonha. Não comi e disfarcei as náuseas nem sei como. Mais tarde desci a montanha arrependido e faminto. Nunca mais subi a serra dos Macacos. Não foi pelo preá bruto, mas por falta de outras oportunidades...
Mesmo assim nunca a chamei de serra dos Preás.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/01/serra-dos-macacos.html