quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

SANTANA: HISTÓRIA E O DOIDO DA GRAVATA


SANTANA: HISTÓRIA E O DOIDO DA GRAVATA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.257
PRAÇA DO CENTENÁRIO. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 130).

A primeira praça de Santana do Ipanema foi denominada Praça do Centenário. Década de 20. Era apenas uma pracinha triangular, sem verde algum. Funcionava no centro do hoje espaço Senador Enéas Araújo, Comércio. Ali foram colocados três bancos sem encosto, doação do dono de farmácia, Cariolano Amaral (Carôla) em homenagem às suas três filhas, dizem. No meio da pracinha foi erguido um obelisco com uma caixa quadrada de cimento rodeando sua extremidade onde colocaram o busto de D. Pedro I e uma luminária. A política acirrada da época fez tirar o busto que até hoje não se sabe o seu fim. Quando havia o busto, colocaram uma gravata no pescoço de D. Pedro e atribuíram o ato a um doido da cidade. Tudo gozação política.
Foi instalada ali uma bomba de gasolina do senhor conhecido por Nequinho. A pracinha passou a ser ponto de boêmios e de ônibus de linha Santana – Maceió. O ônibus ainda tinha o apelido de “sopa”, carregava as malas no teto e, em Maceió tinha como fim de linha o “Hotel Lopes”, perto da antiga Faculdade de Direito. Com o tempo, a pracinha perdeu a bomba de gasolina, o obelisco sem busto e chegou a sua extinção completa. Deve ter sido a primeira bomba de gasolina da cidade. Depois veio o Posto Esso, do senhor Everaldo Noya, que funcionava com um bar ou café ao lado no terreno onde hoje funciona a Caixa Econômica Federal. Ali era o fim da rua com saída para Maceió. O senhor Everaldo Noya, chegou a ser vereador e foi ferrenho adversário da ideia de se colocar uma estátua ao jumento na cidade.
Você deve estar indagando qual teria sido a segundo praça. Bem, a segunda praça foi a que fica defronte a Matriz de Senhora Santana, inaugurada no início dos anos 30, pelo interventor Frederico Rocha. Recebeu a denominação de Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha. Estar sendo reformada mais uma vez e, ao término, ainda não se sabe se continuará com o mesmo título.
Ali somente teve busto na sua inauguração. Quero dizer, busto do homenageado. Nos dias atuais somente o busto do padre Bulhões em seu pedestal.
  Pelo menos, até agora não apareceu nenhum doido para colocar uma gravata no pescoço de bronze do homem de Entremontes.




Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/01/santana-historia-e-o-doido-da-gravata.html

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

RUA DOS ARTÍFICES


RUA DOS ARTÍFICES
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.056
RUA ANTÕNIO TAVARES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 130).

Aqui em Maceió precisando de um capoteiro lembrei-me da minha rua, lá em Santana do Ipanema. Enquanto a Rua Nova (Benedito Melo) era a rua dos músicos, a Antônio Tavares era a rua dos artífices. Sou capaz de descrever todos eles, personagens da minha juventude. Iniciando no sentido Comércio – Bairro São Pedro, conheci Seu Quinca, alfaiate; Zé Lopes fazia cachaça; Vavá de Nésio e Pedrinho de Tô eram capoteiros; Basto Dionísio fabricava selas; Antônio Alfaiate, o nome diz; Jonas, também alfaiate; Gerson Sapateiro fazia “couraças”; Antônio Quiliu confeccionava bicas de zinco: Antônio Januário era marceneiro, sua esposa Maria Néris, costureira; Josefina trabalhava com flandres fazendo candeeiro; João Barbosa consertava móvel; Zé Limeira fazia malas... Nos fundos, Elias com fábrica de calçados.
O único músico que eu conheci na Rua Antônio Tavares, foi o Zé Bicudo, também chamado Zé de Lola, esposa filha do cientista Agenor que trabalhava na Empresa de Força e Luz. Se não me engano, tocava clarinete ou sax, também era motorista.
A Rua Nova tinha quatro ou cinco músicos e ainda teve escolinha musical do senhor Miguel Bulhões e Ivaldo Bulhões. Na parte inclinada e última da Rua Nova, defronte a Igreja Batista, foi fundado o Bar Seresta, por um músico vindo do Bairro São Pedro, talvez de nome Aloísio. A novidade não durou muito tempo. O lado direito desse trecho, dava para os quintais das casas da Rua Antônio Tavares, separado por alto, contínuo e áspero muro avermelhado e bruto de barro e areia. Portões aqui, acolá.  Em tempo de eleição, o muro aparecia com propagandas de candidatos, coisas que se perpetuavam naquela parede de lixa.
Nunca esqueci uma pintura que só desapareceu décadas e décadas depois quando muro e quintais foram se transformando em residências da Rua Nova:
“Para deputado estadual, Oceano Carleial”

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/01/rua-dos-artifices.html